Filed Under Notícias | Posted on Junho 11, 2009
Agressão Policial Na USP
Veja, abaixo, depoimento de um professor da USP, enviado via lista de discussão do HISTEDBR.
Prezados colegas,
Hoje, 09/06, as associações de funcionários, estudantes e professores haviam
deliberado por uma manifestação em frente à reitoria. A
manifestação, que eu presenciei, foi completamente pacífica.
Depois, as organizações de funcionários e estudantes saíram em
passeata para o portão 1 para repudiar a presença da polícia do
campus. Embora a Adusp não tivesse aderido a essa manifestação,
eu, individualmente, a acompanhei para presenciar os fatos que, a
essa altura, já se anunciavam. Os estudantes e funcionários
chegaram ao portão 1 e ficaram cara a cara com os policiais
militares, na altura da avenida Alvarenga. Houve as palavras de
ordem usuais dos sindicatos contra a presença da polícia e
xingamentos mais ou menos espontâneos por parte do s manifestantes.
Estimo cerca de 1200 pessoas nesta manifestação.
Nesta altura, saí da manifestação, porque se iniciava assembléia
dos docentes da USP que seria realizada no prédio da História/
Geografia. No decorrer da assembléia, chegaram relatos que a tropa
de choque havia agredido os estudantes e funcionários e que se
iniciava um tumulto de grandes proporções. A assembléia foi
suspensa e saímos para o estacionamento e descemos as escadas que
dão para a avenida Luciano Gualberto para ver o que estava
acontecendo. Quando chegamos na altura do gramado, havia uma
multidão de centenas de pessoas, a maioria estudantes correndo e a
tropa de choque avançando e lançando bombas de concusão
(falsamente chamadas de [UTF-8?]“efeito [UTF-8?]moral†porque soltam
estilhaços e machucam bastante) e de gás lacrimogêneo. A multidão subiu correndo até o prédio da História/ Geografia, onde a assembléia havia sido
interrompida e começou a chover bombas no estacionamento e entrada
do prédio (mais ou menos em frente à lanchonete e entrada das
rampas). Sentimos um cheiro forte de gás lacrimogêneo e dezenas
de nossos colegas começaram a passar mal devido aos efeitos do gás
[UTF-8?]– lembro da professora Graziela, do professor Thomás, do
professor Alessandro Soares, do professor Cogiolla, do professor
Jorge Machado e da professora Lizete todos com os olhos inchados e
vermelhos e tontos pelo efeito do gás. A multidão de cerca de 400
ou 500 pessoas ficou acuada neste edifício cercada pela polícia e
4 helicópteros. O clima era de pânico. Durante cerca de uma hora,
pelo menos, se ouviu a explosão de bombas e o cheiro de gás
& gt; invadia o prédio. Depois de uma tensão que parecia infinita,
recebemos notícia que um pequeno grupo havia conseguido conversar
com o chefe da tropa e persuadido de recuar. Neste momento, também,
os estudantes no meio de um grande tumulto haviam conseguido fazer
uma pequena assembléia de umas 200 pessoas (todas as outras
dispersas e em pânico) e deliberado descer até o gramado (para
fazer uma assembléia mais organizada). Neste momento, recebi
notícia que meu colega Thomás Haddad havia descido até a reitoria
para pedir bom senso ao chefe da tropa e foi recebido com gás de
pimenta e passava muito mal. Ele estava na sede da Adusp se recuperando.
Durante a espera infinita no pátio da História, os relatos de agressões
se multiplicavam. Escutei que a diretoria do Sintusp foi presa de
maneira completamente arbitrária e vi vários estudantes que haviam
sido espancados ou se machucado com as bombas de concusão
(inclusive meu colega, professor Jorge Machado). Escutei relato de
pelo menos três professores que tentaram mediar o conflito e foram
agredidos. Na sede da Adusp, soube, por meio do relato de uma
professora da TO que chegou cedo ao hospital que pelo menos dois
estudantes e um funcionário haviam sido feridos. Dois colegas
subiram lá agora há pouco (por volta das 7 e meia) e tiveram a
entrada barrada. Os seguranças não deixavam ninguém entrar e
nenhum funcionário podia dar qualquer informação. Uma outra delegação
de professores foi ao 93o DP para ver quantas pessoas haviam sido
presas. A informação incompleta que recebo até agora é que dois
funcionários do Sintusp foram presos, mas escutei relatos de
primeira pessoa de que haveria mais presos.
A situação, agora, é de aparente tranquilidade. Há uma
assembléia de professores que se reuniu novamente na História e
estou indo para lá. A situação é gravíssima. Hoje me envergonho
da nossa universidade ser dirigida por uma reitora que, alertada dos
riscos (eu mesmo a alertei em reunião na última sexta-feira),
autorizou que essa barbárie acontecesse num campus universitário.
Estou cercado de colegas que estão chocados com a omissão da
reitora. Na minha opinião, se a comunidade acadêmica não se
mobilizar diante desses fatos gravíssimos, que atentam contra o
diálogo, o bom senso e a liberdade de pensamento e ação, não sei
mais.
Por favor, se acharem necessário, reenviem esse relato a quem julgarem
que é conveniente.
Cordialmente,
Prof. Dr. Pablo Ortellado
Escola de Artes, Ciências e Humanidades
Universidade de São Paulo
Vejam mais fotos da agressão abaixo:
Share This
Nenhum comentário:
Postar um comentário