Policiais militares são indiciados por chacina em Mogi das Cruzes
Dois policiais cumprem prisão preventiva no presídio Romão Gomes.
PM vai avaliar conduta e pode expulsar policiais.
Os policiais militares Fernando Cardoso Prado de Oliveira e Vanderlei Messias de Barros foram indiciados pela autoria de uma chacina ocorrida em 24 de setembro de 2014, em Mogi das Cruzes. Na ocasião três homens foram baleados e dois deles morreram. Eles também são suspeitos de envolvimento em outras chacinas ocorridas na cidade. A informação foi divulgada pela Secretaria Estadual de Segurança Pública. Ainda de acordo com a secretaria, os policiais cumprem prisão preventiva no presídio Romão Gomes, na capital.
Segundo a secretaria, Fernando Cardoso Prado de Oliveira - além de ter sido indiciado pelo ataque de 24 de setembro - foi indiciado também pelos ataques de 8 de julho de 2015e de janeiro de 2015. Além disso, o policial que atuava no 32º Batalhão da Polícia Militar em Suzano foi indiciado pelo homicídio de Reverson Otoni Gonçalves, em 4 de abril de 2014.
Já Vanderlei Messias de Barros foi indiciado pelos crimes de 24 de setembro de 2014 e é suspeito de outros ataques.
Investigação
Em nota, a Secretaria Estadual de Segurança Pública informou que "Fernando e Vanderlei são suspeitos de envolvimento na chacina consumada em 8 de julho de 2015, que vitimou cinco pessoas, sendo que três delas morreram, e os elementos obtidos pela polícia levaram ao indiciamento do PM Fernando também nesse caso. Além do indiciamento de Fernando nas chacinas de setemro de 2014 e julho de 2015, ele também é acusado de envolvimento em outras duas chacinas tentada e consumada, ocorridas nos dias 26 de abril de 2014 e 24 de janeiro de 2015, a primeira com dois mortos e um ferido e a segunda com três mortos e dois feridos."
Em nota, a Secretaria Estadual de Segurança Pública informou que "Fernando e Vanderlei são suspeitos de envolvimento na chacina consumada em 8 de julho de 2015, que vitimou cinco pessoas, sendo que três delas morreram, e os elementos obtidos pela polícia levaram ao indiciamento do PM Fernando também nesse caso. Além do indiciamento de Fernando nas chacinas de setemro de 2014 e julho de 2015, ele também é acusado de envolvimento em outras duas chacinas tentada e consumada, ocorridas nos dias 26 de abril de 2014 e 24 de janeiro de 2015, a primeira com dois mortos e um ferido e a segunda com três mortos e dois feridos."
A nota da secretaria acrescenta que a investigação "concluiu que houve participação do Fernando na chacina de janeiro de 2015, o que resultou no indiciamento e pedido de prisão preventiva dele. Houve, ainda, comprovação material de sua participação também no homicídio doloso de Reverson Otoni Gonçalves, no dia 4 de abril de 2014."
A secretaria informou também que outros homicídios ainda poderão ser esclarecidos por meio de requisição de exames periciais de confronto balístico. As investigações tiveram parceria da Corregedoria da Polícia Militar.
A PM aguarda cópia do processo judicial para instaurar processo administrativo que vai avaliar a conduta do policial com possibilidade de expulsão da Corporação.
O G1 tenta localizar os advogados dos policiais.
Relação entre os crimes
O delegado Seccional de Mogi das Cruzes, Marcos Batalha, admitiu pela primeira vez em 15 de julho que os ataques a tiros registrados em Mogi das Cruzes estavam relacionados. O delegado disse ao G1 que, as munições usadas pelos atiradores, além dos veículos e o modo de execução, foram os mesmos.
O delegado Seccional de Mogi das Cruzes, Marcos Batalha, admitiu pela primeira vez em 15 de julho que os ataques a tiros registrados em Mogi das Cruzes estavam relacionados. O delegado disse ao G1 que, as munições usadas pelos atiradores, além dos veículos e o modo de execução, foram os mesmos.
Em janeiro, após um ataque que deixou cinco mortos em Brás Cubas e Jundiapeba, a Polícia Civil havia negado a relação entre os assassinatos.
Em maio, quando duas pessoas morreram em outros dois ataques em Jundiapeba e Brás Cubas, o delegado de Homicídios de Mogi, Luiz Roberto Biló, também havia negado a ligação entre os assassinatos.
"São os mesmos suspeitos que agiram nestas execuções. Todas estas coincidências, além da forma como os crimes foram praticados, levam a crer que foram feitos pelas mesmas pessoas", disse Batalha sem revelar a quantidade de suspeitos identificados.
Questionado sobre uma possível participação de policiais nas execuções, o delegado informou na época que não era possível adiantar informações sobre os suspeitos. "O que posso dizer é que determinei que essa investigação seja feita com todo o rigor, independentemente de quem seja o suspeito. Fizemos uma força tarefa e a Delegacia Seccional está focada neste caso", informou.
Os moradores da Rua Professor Gumercindo Coelho, no Jardim Universo, presenciaram uma chacina que deixou três mortos e dois feridos. Desde então, a rotina deles mudou. Muitos evitam circular na rua com medo de novos ataques. O comércio local também restringiu o atendimento.
Questionado sobre uma possível participação de policiais nas execuções, o delegado informou na época que não era possível adiantar informações sobre os suspeitos. "O que posso dizer é que determinei que essa investigação seja feita com todo o rigor, independentemente de quem seja o suspeito. Fizemos uma força tarefa e a Delegacia Seccional está focada neste caso", informou.
Os moradores da Rua Professor Gumercindo Coelho, no Jardim Universo, presenciaram uma chacina que deixou três mortos e dois feridos. Desde então, a rotina deles mudou. Muitos evitam circular na rua com medo de novos ataques. O comércio local também restringiu o atendimento.
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Balanço
Apenas entre novembro de 2014 e julho de 2015, 20 pessoas morreram em ataques semelhantes. Nesse período, a onda de ataques em Mogi foi responsável por 36% de todas as pessoas assassinadas no município entre novembro de 2014 e abril deste ano.
O G1 procurou a Polícia Militar para questionar se houve alteração no policiamento no endereço após a ocorrência da última quarta-feira. A reportagem também questionou se a Corregedoria da Polícia Militar acompanha o caso, mas até o momento, não houve retorno.
Apenas entre novembro de 2014 e julho de 2015, 20 pessoas morreram em ataques semelhantes. Nesse período, a onda de ataques em Mogi foi responsável por 36% de todas as pessoas assassinadas no município entre novembro de 2014 e abril deste ano.
O G1 procurou a Polícia Militar para questionar se houve alteração no policiamento no endereço após a ocorrência da última quarta-feira. A reportagem também questionou se a Corregedoria da Polícia Militar acompanha o caso, mas até o momento, não houve retorno.
Histórico
O último ataque foi no dia 8 de julho, quando cinco pessoas foram baleadas e três morreram. Segundo testemunhas, dois homens passaram atirando em uma moto por volta das 15h, na Rua Professor Gumercindo Coelho, no Jardim Universo. As vítimas tinham entre 15 e 25 anos.
O último ataque foi no dia 8 de julho, quando cinco pessoas foram baleadas e três morreram. Segundo testemunhas, dois homens passaram atirando em uma moto por volta das 15h, na Rua Professor Gumercindo Coelho, no Jardim Universo. As vítimas tinham entre 15 e 25 anos.
Outro ataque a tiros havia acontecido no dia 27 de maio, em Jundiapeba, quando seis pessoas foram baleadas e duas morreram. Desde novembro do ano passado, a polícia já registrou 17 mortes e outras 13 pessoas foram baleadas e sobreviveram a ataques. Segundo a polícia, as vítimas são homens, a maioria deles jovens.
Um ataque ocorrido no dia 27 de abril, matou seis pessoas e deixou duas feridas. Uma das vítimas foi atingida na Rua Gumercindo Coelho, a mesma onde um jovem de 16 anos foi ferido na noite desta quarta-feira. Na ocasião, além do crime na via, a polícia registrou ataques na Vila Nova União, Caputera e Conjunto do Bosque. A distância entre os endereços é de apenas 12 quilômetros. O intervalo entre os assassinatos foi de menos de duas horas.
Em 24 de janeiro, cinco pessoas foram mortas durante a madrugada em diferentes bairros de Mogi das Cruzes. A primeira ocorrência foi por volta da 1h30 na Rua Waldir Carrião Soares, no Caputera. De acordo com informações do boletim de ocorrência, a PM foi chamada e quando chegou ao local encontrou três pessoas mortas por arma de fogo. Ainda de acordo com a polícia, além dos três mortos, duas pessoas ficaram feridas.
Mais tarde, por volta das 3h10, os crimes foram nas esquinas da Avenida Líbia com a Rua José Pereira, em Jundiapeba. Duas pessoas morreram: um homem de 29 anos e um adolescente de 14.
Na madrugada de 24 de dezembro de 2014, seis pessoas foram baleadas. Os crimes ocorreram em três locais diferentes, no distrito de Jundiapeba e na Vila Cintra, em um intervalo de uma hora. Segundo informações da Polícia Militar, testemunhas disseram que nos três casos os disparos partiram de criminosos que estavam em um gol branco.
Em 21 de novembro de 2014, quatro pessoas morreram e uma ficou ferida após serem baleadas na Vila Natal. De acordo com a Polícia Civil, as vítimas foram atingidas na esquina entre as ruas Vicentinos e Laurentino Alves dos Santos, por volta das 19h30.
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