Policiais suspeitos de matar engenheira na Barra da Tijuca são presos
RIO - Foram presos na noite de quarta-feira, no Rio, os quatro policiais militares acusados de matar a engenheira Patrícia Amieiro e esconder o corpo dela, há um ano. Eles estão detidos no batalhão do Recreio e serão transferidos, nesta quinta-feira, para o Batalhão Especial Prisional (BEP).
O soldado da PM William Luiz do Nascimento e o cabo Marcos Paulo Nogueira Maranhão foram indiciados por homicídio e ocultação de provas e de cadáver. Os soldados Fábio Silveira Santana e Márcio Oliveira Santos foram denunciados apenas por ocultação de provas e de cadáver. Todos tiveram a prisão preventiva decretada pelo juiz Fábio Uchoa, do 1º Tribunal do Júri da Capital, na quarta-feira. De acordo com o juiz, a decretação da prisão preventiva dos réus é conveniente para preservar a integridade das testemunhas que serão ouvidas no processo.
A Polícia Civil informou que os quatro PMs indiciados irão comparecer, nesta quinta-feira, à sede da Delegacia de Homicídios, no Centro. No local, será formalizado o cumprimento do mandado de prisão preventiva contra eles, expedido pela Justiça. Em seguida, eles retornarão ao Batalhão Especial Prisional (BEP).
Nesta quinta-feira, o pai de Patrícia, Antônio Celso Franco, fez um desabafo, por escrito:
"Estamos revoltados e com muita raiva desses monstros que fizeram isso com a minha filha. Mais revoltante ainda é saber que são policiais militares, que deveriam prestar segurança à nossa sociedade, que fizeram essa covardia com minha filha. Agora, o mínimo que pedimos à Justiça brasileira é que todos os envolvidos no caso sejam punidos com a máxima pena possível. Esse é só o início de nossa luta, pois não vamos sossegar até nos responderem: cadê minha filha, a engenheira Patrícia Franco?".
Perícia revela que tiros no carro partiram de arma de PM
O chefe da Polícia Civil, Alan Turnowski, disse, em entrevista na quarta-feira, que os tiros que atingiram o carro da engenheira Patrícia Amieiropartiram da arma do soldado da PM William Luiz do Nascimento, lotado no 31º BPM (Recreio) e que estava de plantão na saída da Autoestrada Lagoa-Barra. Segundo Turnowski, após receber três tiros, o veículo ficou desgovernado e caiu numa ribanceira. Ao verem que não havia um bandido no carro, os policiais militares decidiram ocultar o corpo.
Os peritos do ICCE também concluíram que os policiais militares alteraram a cena do ocrime. Dez peritos participaram da elaboração dos laudos. O inquérito policial acumulou mais de 3 mil páginas.
De acordo com o laudo, o banco do motorista estava reclinado. O que só seria possível pela ação de alguém. O banco reclinado, o cinto de segurança preso e o vidro traseiro quebrado indicam que Patrícia foi retirada do carro pela parte de trás.
- Foi constatado que o veículo sofreu diversas alterações visando ocultar provas no exame pericial. Alterações essas referentes à trajetória de um dos disparos - conta o delegado Ricardo Barbosa, da Delegacia de Homicídios, que investigou o caso.
Outros dois PMs não foram denunciados pelo Ministério Público, apesar de terem sido indiciados pela polícia.
- Ainda não há provas suficientes contra eles. Mas isso não está arquivado e, surgindo novas provas, também poderão ser denunciados - explicou o promotor Homero Freitas.
As equipes de busca nunca localizaram o corpo, mas o promotor de justiça disse que isso não impede a condenação dos policiais.
- Tem o carro dela, a balística, tem destruição de prova, furo de bala no carro. Toda a prova indiciada é no sentido de que houve um homicídio - afirma o promotor, Homero de Freitas.
Espero que eles nunca mais saiam da cadeia. Esses maus policiais, que são uns monstros, nunca mais poderiam estar na rua
- Espero que eles sejam presos e nunca mais saiam da cadeia. Esses maus policiais, que são uns monstros, nunca mais poderiam estar na rua - afirma o pai de Patrícia, Antônio Celso de Franco.
O crime aconteceu no dia 14 de junho de 2008. Segundo os peritos, o carro de Patrícia estava a pelo menos 120 Km/h. Eles consideram improvável que a engenheira tenha sido jogada para fora durante a queda. A principal suspeita é que os PMs tenham tentado fazer patrícia parar, não foram atendidos e atiraram. Depois, teriam pedido apoio a outros colegas do batalhão do Recreio dos Bandeirantes para ocultar o corpo. O inquérito do caso revela ainda que os policiais, do 31º BPM (Barra), recorreram a milicianos de Jacarepaguá para dar sumiço ao corpo, que teria sido queimado num "micro-ondas" - fogueira feita com pneus.
O carro de Patrícia Franco foi encontrado em uma ribanceira, na Barra da Tijuca, na saída do Túnel Zuzu Angel. A engenheira, de 24 anos, foi vista pela última vez depois de sair de um show no Morro da Urca. Segundo amigas, ela tinha bebido e dirigia com a carteira de habilitação vencida. A família da engenheira fez várias manifestações pedindo rapidez na investigação. No início do mês, policiais militares que estavam no local naquela madrugada, participaram de uma reconstituição.
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