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sexta-feira, 30 de junho de 2017
Maior operaçao contra a corrupçao policial no Rio De janeiro
JORNAL HOJE
Maior operação contra a corrupção policial no RJ prende 59 PMs
PMs são acusados de cobrar propina de traficantes e de vender drogas. A quadrilha se formou em um mesmo batalhão, em São Gonçalo, no Rio.
Felipe Freire, Leslie Leitão e Larissa Schmidt, em Rio de Janeiro
No Rio de Janeirox, cinquenta e nove policiais militares e sete traficantes foram presos numa operação da Polícia Civil e do Ministério Público Estadual contra a corrupção policial.
Policiais civis saíram nesta quinta-feira (30) para dar voz de prisão a noventa e seis
PMs. Alguns estavam em casa, de folga, e tiveram que entrar nos carros da polícia militar, só que dessa vez presos.Outros foram detidos nos batalhões onde trabalham.
PMs. Alguns estavam em casa, de folga, e tiveram que entrar nos carros da polícia militar, só que dessa vez presos.Outros foram detidos nos batalhões onde trabalham.
As investigações da Operação Calabar começaram em fevereiro do ano passado. Inicialmente, o objetivo era apurar denúncias de propinas a policiais militares, para que eles não reprimissem o tráfico em São Gonçalo, na região metropolitana do Rio. Mas aos poucos, a história foi mudando.
A polícia civil descobriu que, além de propinas, os PMs investigados e os traficantes agiam juntos, em cinquenta comunidades da cidade.
Delação premiada
O esquema criminoso foi revelado depois da prisão de um investigado, que era responsável por recolher o dinheiro da propina dos traficantes e entregar aos PMs. Ele foi incluído no programa de proteção à testemunha, fez um acordo de delação premiada e deu detalhes de como a quadrilha funcionava. Contou que a corrupção rendia aos policiais militares até R$ 1 milhão por mês.
O esquema criminoso foi revelado depois da prisão de um investigado, que era responsável por recolher o dinheiro da propina dos traficantes e entregar aos PMs. Ele foi incluído no programa de proteção à testemunha, fez um acordo de delação premiada e deu detalhes de como a quadrilha funcionava. Contou que a corrupção rendia aos policiais militares até R$ 1 milhão por mês.
"Eles forjavam apreensões, os traficantes de droga deixavam determinada quantidade de drogas em um local previamente acordado, previamente agendado, e os policiais incursionavam na comunidade e faziam aquela apreensão. A única proteção e o único serviço pra eles era encher os seus bolsos de dinheiro”, diz o delegado Marcus Vinícius Amim.
A operação de hoje também cumpre mandados de prisão contra 70 traficantes. Os investigadores dizem que a corrupção dos policiais influenciou no aumento da violência em São Gonçalo. A cidade é uma das mais inseguras do estado, com 30 homicídios para cada grupo de 100 mil habitantes, três vezes mais do que a Organização Mundial da Saúde reconhece como normal.
Em nota, a polícia militar disse que a corregedoria da PM ajudou nas investigações e que é contundente na apuração de desvios e exclusão de seus agentes.
Calabar-Mais de 60 policiais foram presos em operação contra corrupção.
Calabar: mais de 60 policiais são presos em operação contra corrupção
PM vai transferir policiais de UPP para suprir falta de agentes no Batalhão de São Gonçalo
Na maior operação contra a corrupção policial já realizada no Estado do Rio de Janeiro, 63 policiais e 22 traficantes foram presos nesta quinta-feira (29). Eles são acusados de participar de um esquema de propina para favorecer bocas de fumo de São Gonçalo, na região metropolitana. O grupo foi descoberto a partir da delação premiada de um intermediário da quadrilha, no ano passado.
Ao todo, a Justiça expediu 96 mandados de prisão contra PMs e 70 contra traficantes. Além dos mandados cumpridos, houve 2 prisões em flagrante.
Em 2016, 302 PMs foram presos. Neste ano, o número chega a 200, após a operação desta quinta. Os policiais militares acusados de integrarem a quadrilha estavam lotados no Batalhão de São Gonçalo (7º BPM). Eles agiam de forma organizada e mantinham organização hierárquica, divididos em grupos chefiados pelos chefes do esquema, informou o delegado Fábio Barucke, titular da Divisão de Homicídios de Niterói e São Gonçalo.
— Extraímos de lá essas laranjas podres para fortalecer ainda mais essa instituição — afirmou.
“É um dia difícil, mas necessário”, diz secretário de Segurança do Rio
Pezão condena atuação de policiais militares que ajudam o tráfico de drogas
Os acusados recebiam cerca de R$ 1 milhão por mês para proteger e deixar traficantes atuarem. Eles também revendiam armas e drogas apreendidas para o Comando Vermelho, além de forjar apreensões em comunidades da região metropolitana. Os agentes chegavam até a sequestrar traficantes e parentes deles quando as propinas não eram pagas e os liberavam somente quando o valor acertado era quitado. "Manda três caixas (R$ 3 mil) que a gente libera os moleques sem esculacho", diz um dos PMs, em escuta.
Em um dos casos, os policiais chegaram a tomar uma boca de fumo. Fizeram, então, um "saldão" das drogas, para se livrar do estoque. Também há informações de que os PMs ordenavam que os traficantes praticassem assaltos, como forma de garantir o recolhimento da propina. Para não levantar suspeitas, combinavam algumas apreensões.
Entre os presos está o sargento André Luiz de Oliveira, que ganhou o prêmio de Policial do Ano por uma revista especializada. Ele tinha o apelido de "Sobrancelhudo" entre os traficantes e arrecadava R$ 1 mil semanais. Entre os crimes apurados praticados pelos PMs do "batalhão da propina" estão extorsão, formação de quadrilha, assalto, sequestro, venda de armas e drogas.
O esquema
Os crimes levantados pela investigação aconteceram no batalhão entre 2014 e 2016. Boa parte das informações foi obtida por meio de delação premiada oferecida a um dos integrantes do esquema. Ele foi preso durante as investigações sobre a morte de um policial militar reformado, com três armas e R$ 28 mil, que havia recolhido nas bocas de fumo para o pagamento aos policiais.
O suspeito tinha a função de ir a cada comunidade, arrecadar dinheiro e entregar aos praças. Ele ainda fazia a venda de armamentos e drogas que eram apreendidas. Em seu celular havia contatos de policiais. Ele, então, passou a colaborar com as investigações. Foi condenado a 6 anos de prisão por associação para o tráfico e está no "seguro", uma cela separada dos demais criminosos. Pela delação, ele pode obter redução da pena ou perdão judicial.
Ao todo, foram interceptadas cerca de 220 mil ligações telefônicas entre agentes e traficantes. Programas de reconhecimento de voz foram usados para comprovar o que o informante denunciou sobre o esquema. Os policiais também investigaram se oficiais sabiam das atividades dos praças. Ao monitorar os boletins da corporação, identificaram a transferência de 48 PMs para outros batalhões, em junho do ano passado. Isso pode indicar uma tentativa de "pulverizar" o grupo.
Traição e morte de juíza
A Operação Calabar é uma referência a Domingos Fernandes Calabar, considerado traidor, ao se aliar aos holandeses quando estes invadiram terras brasileiras, no século 17, e reuniu 982 policiais - 582 policiais civis e 400 policiais militares. Em 2011, a juíza Patrícia Acioli foi assassinada com 21 tiros, quando chegava a sua casa, em Niterói, no Grande Rio. Ela já havia condenado cerca de 60 agentes do 7º BPM ligados a milícias e grupos de extermínio. Onze PMs foram condenados pelo crime, entre eles o então comandante do Batalhão de São Gonçalo, tenente-coronel Claudio Luiz Oliveira.
Transferências
O Batalhão de São Gonçalo tem cerca de 700 policiais - o número de PMs com mandado de prisão decretado na Operação Calabar equivale a 13% do efetivo. Após as prisões, a Polícia Militar anunciou a transferência de 40 agentes de UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) para suprir a falta de policiais no batalhão.
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Ao todo, a Justiça expediu 96 mandados de prisão contra PMs e 70 contra traficantes. Além dos mandados cumpridos, houve 2 prisões em flagrante.
Em 2016, 302 PMs foram presos. Neste ano, o número chega a 200, após a operação desta quinta. Os policiais militares acusados de integrarem a quadrilha estavam lotados no Batalhão de São Gonçalo (7º BPM). Eles agiam de forma organizada e mantinham organização hierárquica, divididos em grupos chefiados pelos chefes do esquema, informou o delegado Fábio Barucke, titular da Divisão de Homicídios de Niterói e São Gonçalo.
— Extraímos de lá essas laranjas podres para fortalecer ainda mais essa instituição — afirmou.
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Os acusados recebiam cerca de R$ 1 milhão por mês para proteger e deixar traficantes atuarem. Eles também revendiam armas e drogas apreendidas para o Comando Vermelho, além de forjar apreensões em comunidades da região metropolitana. Os agentes chegavam até a sequestrar traficantes e parentes deles quando as propinas não eram pagas e os liberavam somente quando o valor acertado era quitado. "Manda três caixas (R$ 3 mil) que a gente libera os moleques sem esculacho", diz um dos PMs, em escuta.
Em um dos casos, os policiais chegaram a tomar uma boca de fumo. Fizeram, então, um "saldão" das drogas, para se livrar do estoque. Também há informações de que os PMs ordenavam que os traficantes praticassem assaltos, como forma de garantir o recolhimento da propina. Para não levantar suspeitas, combinavam algumas apreensões.
Entre os presos está o sargento André Luiz de Oliveira, que ganhou o prêmio de Policial do Ano por uma revista especializada. Ele tinha o apelido de "Sobrancelhudo" entre os traficantes e arrecadava R$ 1 mil semanais. Entre os crimes apurados praticados pelos PMs do "batalhão da propina" estão extorsão, formação de quadrilha, assalto, sequestro, venda de armas e drogas.
O esquema
Os crimes levantados pela investigação aconteceram no batalhão entre 2014 e 2016. Boa parte das informações foi obtida por meio de delação premiada oferecida a um dos integrantes do esquema. Ele foi preso durante as investigações sobre a morte de um policial militar reformado, com três armas e R$ 28 mil, que havia recolhido nas bocas de fumo para o pagamento aos policiais.
O suspeito tinha a função de ir a cada comunidade, arrecadar dinheiro e entregar aos praças. Ele ainda fazia a venda de armamentos e drogas que eram apreendidas. Em seu celular havia contatos de policiais. Ele, então, passou a colaborar com as investigações. Foi condenado a 6 anos de prisão por associação para o tráfico e está no "seguro", uma cela separada dos demais criminosos. Pela delação, ele pode obter redução da pena ou perdão judicial.
Ao todo, foram interceptadas cerca de 220 mil ligações telefônicas entre agentes e traficantes. Programas de reconhecimento de voz foram usados para comprovar o que o informante denunciou sobre o esquema. Os policiais também investigaram se oficiais sabiam das atividades dos praças. Ao monitorar os boletins da corporação, identificaram a transferência de 48 PMs para outros batalhões, em junho do ano passado. Isso pode indicar uma tentativa de "pulverizar" o grupo.
Traição e morte de juíza
A Operação Calabar é uma referência a Domingos Fernandes Calabar, considerado traidor, ao se aliar aos holandeses quando estes invadiram terras brasileiras, no século 17, e reuniu 982 policiais - 582 policiais civis e 400 policiais militares. Em 2011, a juíza Patrícia Acioli foi assassinada com 21 tiros, quando chegava a sua casa, em Niterói, no Grande Rio. Ela já havia condenado cerca de 60 agentes do 7º BPM ligados a milícias e grupos de extermínio. Onze PMs foram condenados pelo crime, entre eles o então comandante do Batalhão de São Gonçalo, tenente-coronel Claudio Luiz Oliveira.
Transferências
O Batalhão de São Gonçalo tem cerca de 700 policiais - o número de PMs com mandado de prisão decretado na Operação Calabar equivale a 13% do efetivo. Após as prisões, a Polícia Militar anunciou a transferência de 40 agentes de UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) para suprir a falta de policiais no batalhão.
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