PM e ex-PM são presos sob suspeita de matarem integrantes da Pavilhão 9
Oito pessoas foram assassinadas na quadra da torcida organizada. DHPP diz que um dos assassinados tinha dívida por droga com ex-PM.
07/05/2015 07h21 - Atualizado em 07/05/2015 20h40
Um policial militar e um ex-PM foram presos na manhã desta quinta-feira (7) em Carapicuíba e Osasco, na Grande São Paulo, sob suspeita de participação na chacina na sede da torcida Pavilhão Nove, do Corinthians, na Zona Norte da capital paulista. Oito pessoas foram assassinadas no último dia 18.
Segundo o DHPP, a chacina ocorreu por dívidas de drogas. Um dos oito assassinados devia dinheiro para o ex-PM Rodinei Silva, acusado de ser o mandante da chacina, que já tinha passagem pela polícia por tráfico de drogas.
O segundo suspeito preso é o soldado da Polícia Militar Walter Pereira da Silva Júnior, que trabalha no batalhão de Carapicuíba. Ele chegou ao Departamento de Homicídios em um carro comum, escoltado pela Polícia Civil. A polícia procura o terceiro homem que participou da chacina e suspeita que ele também seja policial militar.
"O policial militar que realiza qualquer crime - esse é um crime mais grave porque é uma chacina - ele é bandido, ele não é policial militar. E assim será tratado", disse o secretário da segurança pública, Alexandre de Moraes. Segundo ele, nos últimos cinco anos, 858 PMs foram expulsos da corporação.
O PM e o ex-PM tiveram a prisão temporária decretada (15 dias, renováveis por mais 15). Há mais mandados de prisão contra outros suspeitos, inclusive policiais.
De acordo com o relato de dois dos cinco sobreviventes da chacina, os criminosos teriam se identificado como "polícia" no momento em que chegaram à quadra, por volta das 23h. Os criminosos estavam com o rosto descoberto. Em seguida, mandaram oito torcedores se ajoelhar e atiraram nas cabeças deles.
A Polícia chegou a informar que a ordem para executar os oito torcedores do Corinthians partiu deuma facção criminosa que atua dentro e fora dos presídios.
De janeiro a março de 2015, 33 policiais foram expulsos da Polícia Militar por vários motivos, não apenas por crimes, segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP).
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, afirmou nesta quinta, durante visitas a obras da LInha 5-Lilás, que o PM vai ser punido exemplarmente.
"A SSP vai falar, mas eu quero destacar a importância do trabalho de investigação e da corregedoria. Um já foi expulso da PM, o outro vai ser punido exemplarmente", afirmou.
O Ministério Público (MP) de São Paulo acompanha a investigação policial sobre a chacina. No último dia 22, o procurador-geral de Justiça, Márcio Fernando Elias Rosa, determinou que os promotores do 5º Tribunal do Júri acompanhem os trabalhos da Polícia Civil para esclarecer o crime ocorrido no sábado (18).
A Promotoria poderá ter acesso ao inquérito do DHPP. Mas somente após sua conclusão do crime por parte da polícia é que um dos promotores será designado para apurar o caso na esfera judicial.
A Promotoria poderá ter acesso ao inquérito do DHPP. Mas somente após sua conclusão do crime por parte da polícia é que um dos promotores será designado para apurar o caso na esfera judicial.
Mortos
Foram assassinados: Ricardo Junior Leonel do Prado, de 34 anos, André Luiz Santos de Oliveira, de 29 anos, Mateus Fonseca de Oliveira, de 19 anos, Fabio Neves Domingos, de 34 anos, Jhonatan Fernando Garzillo, de 21 anos, Marco Antônio Corassa Junior, de 19 anos, Mydras Schmidt, de 38 anos, e Jonathan Rodrigues do Nascimento, de 21 anos.
Os corintianos mortos preparavam bandeiras que seriam levadas para o jogo contra o Palmeiras, no domingo (19), na Arena Corinthians, em Itaquera, Zona Leste. Câmeras de segurança de um posto de combustível, que fica ao lado da quadra da torcida, gravaram outras pessoas fugindo, escapando dos assassinos.
Foram assassinados: Ricardo Junior Leonel do Prado, de 34 anos, André Luiz Santos de Oliveira, de 29 anos, Mateus Fonseca de Oliveira, de 19 anos, Fabio Neves Domingos, de 34 anos, Jhonatan Fernando Garzillo, de 21 anos, Marco Antônio Corassa Junior, de 19 anos, Mydras Schmidt, de 38 anos, e Jonathan Rodrigues do Nascimento, de 21 anos.
Os corintianos mortos preparavam bandeiras que seriam levadas para o jogo contra o Palmeiras, no domingo (19), na Arena Corinthians, em Itaquera, Zona Leste. Câmeras de segurança de um posto de combustível, que fica ao lado da quadra da torcida, gravaram outras pessoas fugindo, escapando dos assassinos.
Acima estão as oito pessoas mortas na sede da torcida Pavilhão Nove (Foto: Reprodução/TV Globo)
Para a polícia, o alvo dos bandidos era um só: Fabio Domingos, ex-presidente da torcida. Ele foi o único dos mortos a receber dois tiros. Os demais foram atingidos por um disparo.
Fábio era um dos 12 corintianos presos em Oruro, na Bolívia, em 2013. Estava entre os suspeitos de disparar um sinalizador que atingiu e matou o adolescente boliviano Kevin Espada, torcedor do San José, num jogo contra o Corinthians pela Libertadores.
Ainda de acordo com a investigação, depois de ser solto, Fábio se envolveu numa briga entre corintianos e vascaínos em Brasília.
Segundo os policiais, Fábio e mais três outras vítimas também já haviam sido condenados por tráfico de drogas, o que reforça a tese de que a chacina tenha relação com disputa ou dívidas de entorpecentes.
Fábio era um dos 12 corintianos presos em Oruro, na Bolívia, em 2013. Estava entre os suspeitos de disparar um sinalizador que atingiu e matou o adolescente boliviano Kevin Espada, torcedor do San José, num jogo contra o Corinthians pela Libertadores.
Ainda de acordo com a investigação, depois de ser solto, Fábio se envolveu numa briga entre corintianos e vascaínos em Brasília.
Segundo os policiais, Fábio e mais três outras vítimas também já haviam sido condenados por tráfico de drogas, o que reforça a tese de que a chacina tenha relação com disputa ou dívidas de entorpecentes.
Oito pessoas foram mortas na sede da Pavilhão 9
(Edison Temoteo/Futura Press/Estadão Conteúdo)
(Edison Temoteo/Futura Press/Estadão Conteúdo)
Sobrevivente
A mãe de um dos oito mortos contou ao G1 que um dos sobreviventes da chacina disse a ela ter se enrolado em uma bandeira do time e deixado vivo pelos criminosos. "Disseram para ele que ele tinha sorte que as balas tinham acabado e que ele ficou vivo para contar tudo", disse a mulher, que pediu para não ser identificada por medo de represálias.
A mãe de um dos oito mortos contou ao G1 que um dos sobreviventes da chacina disse a ela ter se enrolado em uma bandeira do time e deixado vivo pelos criminosos. "Disseram para ele que ele tinha sorte que as balas tinham acabado e que ele ficou vivo para contar tudo", disse a mulher, que pediu para não ser identificada por medo de represálias.
Segundo ela, outros quatro rapazes que estavam no local conseguiram arrombar uma porta e fugir. A mulher esteve no Instituto Médico-Legal (IML) para fazer o reconhecimento do corpo do filho, e disse que as vítimas foram espancadas antes de morrer. "Deixaram o rosto e o braço dele todo machucado", afirmou.
A torcida organizada Pavilhão Nove foi criada em homenagem aos presos mortos em um dos pavilhões da penitenciária do Carandiru, em São Paulo, em outubro de 1992. Ela foi criada por um grupo de amigos que fazia trabalho social no presídio e promovia jogos de futebol contra o time "Corinthians do Pavilhão 9".
A torcida organizada Pavilhão Nove foi criada em homenagem aos presos mortos em um dos pavilhões da penitenciária do Carandiru, em São Paulo, em outubro de 1992. Ela foi criada por um grupo de amigos que fazia trabalho social no presídio e promovia jogos de futebol contra o time "Corinthians do Pavilhão 9".
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