Escola pública de Alagoas convoca PM para revistar alunos antes das aulas

Aliny Gama
Do UOL, em Maceió
Desde a última segunda-feira (24), os alunos da Escola Estadual Geraldo Melo, em Maceió, são revistados antes do início das aulas por policiais militares. A medida foi adotada após reunião entre pais, professores, direção e Gilberto Farias/Gazeta de Alagoasconselho tutelar.
A presença de policiais para revistar estudantes começou após a denúncia de supostas ameaças feitas a direção, funcionários e professores da escola estadual - as ameaças teriam sido feitas por traficantes.
Na noite do último dia 13, o banheiro da escola, que era usado como ponto de encontro de usuários de drogas, foi incendiado criminosamente e o vaso sanitário explodiu. O autor foi identificado, mas, por ser menor de idade, não teve a identidade revelada.
Temendo as supostas ameaças de traficantes e de alunos usuários de drogas, a direção suspendeu as aulas, reuniu a comunidade, os conselhos tutelar e escolar, além de pais e alunos e pediram a SEE (Secretaria de Estado da Educação e do Esporte) a autorização da presença da PM. O início das revistas e o retorno das aulas ocorreram na última segunda-feira (24).
Refém de criminosos
O comandante do Batalhão Escolar de Alagoas, Tenente Coronel Eduardo Lucena, defendeu a presença da Polícia Militar na escola e disse que a revista aos alunos ocorreu após a solicitação da comunidade e da escola. “Eles decidiram pelo bem da instituição escolar que ficou refém da ação de criminosos com o incidente do incêndio em um dos banheiros”, afirmou.
Segundo Lucena, a ação da polícia na escola será “ininterrupta”, apesar de a polícia não ter encontrado drogas ou armas durante o período que está de prontidão na unidade escolar.
Jovens são revistados dentro de escola em Maceió“Sabemos que o problema não se resume a apenas a escola, mas a única forma de garantir a vida e a integridade física de alunos, professores e diretores foi essa. Os servidores relataram que por mais que tentassem proibir estavam sendo ameaçados de morte. Tivemos uma reunião com a presença de pais, alunos, comunidade e da escola e nela ficou tudo acertado que a única forma de inibir o problema era a presença da polícia”, explicou.
Segundo o coronel, a Polícia Militar já apreendera drogas com usuários em frente à escola e uma arma com um aluno maior de idade.
O coronel ressaltou ainda que desde segunda-feira (24) “estamos com dois carros da polícia e oito policiais (masculinos e femininos) para fazer a revista no início de cada turno. Quando surge algum ato suspeito e há necessidade de averiguarmos, somos solicitados a entrar no pátio e nas salas de aula”, afirmou Lucena, destacando que desde o início da revista não foi encontrado drogas, nem armas com alunos.
O presidente do Conselho Estadual da Criança e do Adolescente, Claudio Soriano, criticou a ação ativa da PM e afirmou que a revista é desnecessária. “O problema não começa dentro da escola e sim nos arredores com a presença de traficantes e criminosos que aliciam os estudantes”, disse.
Área de risco
A SEE explicou que acatou a medida de revistar os alunos pela escola estar em “área vermelha”. O órgão afirmou que a escola Geraldo Melo está numa área crítica e que seria a única escola das 346 unidades públicas a correr riscos da ação de traficantes.
A secretaria destacou que, apesar dos problemas de insegurança, a escola Geraldo Melo é uma unidade modelo e oferece ensino de qualidade.
No Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) de 2011, a nota da escola para os anos finais do ensino fundamental é 2.2, a média nacional é 4.1.

Comentários

imagem de Paulo Carrano

Alunos Suspeitos!

Pessoal, a revista de estudantes dentro de escola é algo muito grave! Espero poder retornar por aqui para comentar com calma as razões de meu profundo incômodo contra o que considero uma violação dos direitos fundamentais dos estudantes. Não quero desconsiderar as razões da escola, professores, autoridades etc que chamaram a polícia para a escola. Motivos parecem que existem para preocupação, mas lançar suspeitas sobre todos os estudantes como prevenção ao crime? O que é isso? Estamos transformando a escola na ante-sala de presídios com seus aparatos de segurança e também policiamento ostensivo e invasivo? Sem dúvida, temos de conversar amplamente sobre isso! Alguém de Maceió, tem mais notícias sobre o caso? Paulo Carrano
Vote neste Comentário
imagem de wanda Meguins

Solução Extrema

Considero extremista demais a decisão tomada em reunião,a revista expôs os alunos,uma situação realmente constrangedora,invasiva demais, mas entendo-a como resultado de situações desesperadoras que vivemos dentro de algumas escolas no Brasil, O tráfico tem alcançado nossos alunos com muito mais eficiência que nós enquanto escola. Em macapá, existe uma interessante ação do Policiamento escolar do 2o batalhão da PM/AP que trabalha em parceria com a escola na prevenção à diversas situações. A parcería tem surtido ótimos resultados e a Polía é parceira e não algoz de nossos alunos.
Vote neste Comentário
imagem de Paulo Carrano

Polícia Dentro Ou Fora Da Escola?

Oi, Wanda! Concordo com você que em casos extremos é preciso chamar a polícia, sim.  A minha preocupação é com a entrada ou presença indiscriminada da polícia na escola independentemente da existência de uma ocorrência. Estudos mostram que não é um bom caminho este de hipervigiar a escola e colocar policiais para resolver conflitos cotidianos. Como é esta experiência bem sucedida em Macapá? A polícia fica dentro ou fora da escola?
Abraços!
Vote neste Comentário
imagem de wanda Meguins

Parceria

Olá Professor Carrano, o 2o Batalhão da Polícia Militar de Macapá, atende uma área onde os índices de violência são muito altos, eles criaram O Policiamento Escolar que promove palestras nas escolas orientando os alunos sobre como não ceder às estratégias dos traficantes no aliciamento de menores entre outros temas. A ronda é feita ao redor da escola, as vezes eles entram, conversam com os alunos, professores,  em muitos casos foram procurados por pais de alunos para resolução de problemas na comunidade.  Em outros casos foram chamados para atender ocorrências graves que os funcionários da escola não puderam resolver, como brigas entre alunos armados, invasão da escola por gangues, mas o papel deles mesmo é a prevenção, como a violência no bairo é grande, percebemos que a maioria dos alunos sentem-se seguros com o Policiamento Escolar por perto. Vou pedir permissão para eles para que eu poste aqui no portal algumas de suas ações. veja algumas fotos no link abaixo.
abraços!
Vot