Com US$ 115 milhões..
Documentos secretos do gabinete dos ex-ministros das Relações Exteriores revelam que a ditadura brasileira (1964-1985) deu uma ajuda financeira de US$ 115 milhões à ditadura chilena do general Augusto Pinochet, que assumiu o poder após golpe de Estado no Chile, em 1973.
O dinheiro foi enviado em três parcelas para aquisição de equipamentos militares.
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Relatório considerado "secreto" e "urgente", em 26 de outubro de 1976, afirma que o Brasil prestava "importante ajuda", inclusive financeira, ao governo Pinochet.
O empréstimo foi feito a juros camaradas, que podiam ser pagos em até dez anos, em prestações semestrais. Em valores atualizados, o valor corresponderia a R$ 1,3 bilhão.
Tratando os créditos como "empréstimos a termos especialmente favorecidos", os papéis enviados do Itamaraty ao Conselho de Segurança Nacional afirmam que o dinheiro era "para o reequipamento" do Exército do Chile.
Uma exposição de 9 de novembro de 1978 endereçada ao ex-presidente Ernesto Geisel pelo general Gustavo Moraes Rego Reis, secretário-geral do Conselho de Segurança Nacional, diz como foram divididos os pagamentos.
O general afirma que a autorização inicial datou de 4 de novembro de 1974, um ano e dois meses após o golpe de Pinochet. O então presidente concedeu US$ 40 milhões "em condições excepcionais para os padrões brasileiros de financiamento oficial".
Posteriormente, um documento de 30 de setembro de 1975 informa que o crédito foi ampliado em mais US$ 25 milhões --"nas mesmas condições da operação especial contratada anteriormente".
Segundo os papéis, "tais atendimentos" que visavam "garantia da segurança interna" do Chile mostraram-se "insuficientes". O documento diz que o embaixador do Chile pediu que o valor fosse ampliado em mais US$ 50 milhões" para "compra de material de emprego militar".
Obtidos pela Folha graças à Lei de Acesso à Informação, os documentos revelam que o Brasil vendeu um sistema de telecomunicações para o Chile. Um documento de 1978 diz que foram 910 equipamentos de rádio no valor de US$ 3,3 milhões.
Editoria de arte/Folhapress | ||
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