Prisões ocorreram durante Operação Arapuca do MP e da Polícia Civil.
Por Paula Resende e Vanessa Martins, G1 GO
Operação Arapuca prende policiais civis, advogados e falso agente em Goiás — Foto: Paula Resende/G1
Seis agentes policiais, dois advogados, um homem que se passava por policial e um fornecedor de medicamentos foram presos nesta quinta-feira (8) durante a Operação Arapuca, do Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) em parceria com a Polícia Civil. Eles são suspeitos de integrar um grupo que extorquia pessoas detidas, em Goiânia.
“A organização se valia de indivíduo que se passava por policial civil, que andava armado, em viatura, e de policiais que captavam pessoas envolvidas em atos ilícitos e realizavam a prisão em flagrante. Ao invés de cumprir a lei, cobravam valores para que não fossem presas”, disse o promotor de Justiça Leandro Murata.
O G1 entrou em contato com a Ordem dos Advogados do Brasil Seção de Goiás (OAB-GO), por e-mail, e aguarda posicionamento
Também foram cumpridos 11 mandados de busca e apreensão como parte da investigação do Grupo Especial de Controle Externo da Atividade Policial (GCEAP) e do Centro de Inteligência do MP. As ações ocorreram na capital e em Aparecida de Goiânia, na Região Metropolitana.
De acordo com os promotores, o núcleo da organização estava no 4º Distrito Policial, no Setor Bueno. O delegado responsável pela unidade é Eli José de Oliveira, mas não há indícios do envolvimento dele no esquema, segundo as investigações.
O delegado disse ao G1 que não tinha conhecimento das irregularidades. " Não sei o que está se passando direito, mas o nosso trabalho é sério, honesto e duro no combate à criminalidade. Se eles faziam a sujeira deles, era fora da delegacia, a gente não tinha conhecimento que esse falso policial usava nossa viatura", afirmou.
4ª Delegacia Distrital de Polícia, em Goiânia — Foto: Eduardo Silva/TV Anhanguera
Superintendente da Polícia Judiciária, o delegado André Ganga informou que seis dos sete policiais suspeitos já respondem ou responderam processos administrativos. A corregedoria da corporação vai instaurar procedimentos para apurar as novas denúncias e pode pedir o afastamento temporário dos agentes.
“Toda a corregedoria está empenhada e a situação será apurada. Muitos casos eram feitos fora da delegacia, nas ruas, locais que estava acontecendo os crimes”, afirmou o delegado.
Investigação
A investigação do Grupo Especial de Controle Externo da Atividade Policial (GCEAP) e do Centro de Inteligência do MP durou quatro meses, após a denúncia de uma das vítimas. Segundo os promotores, apreenderam o celular dessa pessoa sem qualquer procedimento.
De acordo com o promotor de Justiça, Paulo Parizotto, integrante do Grupo de Controle Externo, o grupo agia há pelo menos dois anos. Eles ainda investigam o quanto eles lucraram com o esquema.
“Constatamos que a atuação se dava de forma densa, teve dia que os agentes fizeram duas atividades concomitantemente”, afirmou o promotor.
A investigação aponta que o falso policial andava em carros da Polícia Civil, andava armado e, inclusive, investigava casos.
“Iam atrás de pessoas envolvidas de práticas criminosas, mas mais variadas situações, traficantes de drogas e de arma, falsificadores de cheques, vendedores de medicamento de forma controlada. Ele se passava por comprador, chamava os comparsas e fazia o flagrante”, explicou Murata.
Os envolvidos, conforme a apuração, vendiam os produtos apreendidos com as pessoas extorquidas ou mesmo bens, como celulares. “Eles realizavam a prisão em flagrante, pegavam a mercadoria ilícita, como arma de fogo, medicamentos de venda restrita e drogas e revendiam”, explicou Murata.
O fornecedor de medicamentos detido atuava na receptação dos produtos. “Ele fazia a venda de medicamentos ilícitos, depois de ser vítima da situação, se aliou aos policiais no sentido de comprar medicamento que eventualmente fosse apreendido”, relatou Parizotto.
Conforme a investigação, os policiais ameaçavam as vítimas até de morte. “Tem casos que chegaram a ameacar de morte, ofender indevidamente, uma ameaça psicológica. Eles também diziam que iam levar os casos para a imprensa”, contou Parizatto.
O promotor completou que os advogados cumpriam falsas notificações judiciais e amedrontavam as vítimas. “Em várias situações eles eram chamados e lá faziam toda uma novela para transparecer mais gravidade ainda, ao invés de zelar pelo interesse da pessoa detida. Eles chegaram a simular procurações para conduzir a pessoa à delegacia”, afirmou o promotor.
Vítimas
O MP levantou 12 pessoas lesadas e busca identificar outras. Os promotores afirmam que, neste inquérito, elas constam como vítimas.
No entanto, as vítimas podem ser investigadas pelos crimes que as levaram para a delegacia. “Foi autorizado o compartilhamento de provas, todas as provas obtidas serão compartilharas com órgãos responsáveis para que seja aplicada a lei a essas pessoas. A materialidade dos delitos pode ter sido prejudicada porque os suspeitos venderam ou destruíram as provas”, disse Murata.
Os integrantes do grupo devem responder pelo crime de extorsão. Os promotores ainda apuram outros delitos, como falsificação de documentos e concisão.
Os mandados de prisão contra eles têm validade de cinco dias, podendo ser prorrogados. Os promotores ainda não os interrogaram.
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- Cristiano AlcantaraHÁ 2 MESESO Delegado n sabia.... kkkkk " sei "
- Carlos MendesHÁ 2 MESESE o delegado não sabia. Infelizmente sempre foi assim na polícia civil de Goias.
- Batata LuizinhoHÁ 2 MESESdá nada, qual vitima que vai caguentar e ser investigada pelo ilicito tá de sacanagem...né puliça....afff roubar os puliça pode...eee brasil isso aqui não melhora affff
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