Por: Felipe Pena em
Este senhor foi o vereador mais votado do Rio e seu irmão recebeu 14% dos votos pra prefeito. Nem vou falar sobre o pai. O post é de 2014, mas continua em sua página no twitter.
Não me venham dizer que é um exagero chamá-lo de nazista. A eugenia era uma prática defendida com entusiasmo pelos seguidores de Hitler. A mesma prática defendida no post acima. E o mais inquietante é que uma boa parte da sociedade vai se imbecilizando ao apoiar a família Bolsonaro. São os famosos bolsomininos.
As violentas reações dos seguidores dos Bolsonaros não são um fato isolado. Devem ser estudadas como um fenômeno complexo, de expressão contemporânea, mas com raízes muito mais antigas.
Talvez possamos recorrer ao conceito de "narcisismo das pequenas diferenças", explorado por Sigmund Freud nos textos Psicologia de grupo (1921) e Mal-estar na Civilização (1930). Para Freud, a civilização, sob o império da lei, é a responsável pela inibição da agressividade humana, que é uma expressão narcísica do ego. No entanto, tal narcisismo agressivo rompe a barreira do recalque e se manifesta publicamente quando incentivado por líderes que se supõem acima da lei (e, portanto, da civilização) ou quando avalizados por um grupo que recorre a pequenas diferenças em relação ao outro para justificar a barbárie.
Os bolsominions se encaixam em ambos os casos. Seguem o líder, a quem chamam de mito, e dão vazão aos recalques narcísicos atacando as diferenças de grupos que elegem como rivais. Daí a constante referência agressiva a homossexuais, negros e feministas. Em muitos casos, tal referência esconde algo ainda mais profundo: um desejo reprimido de ser o outro. Por isso, considero muito provável a hipótese de o deputado Bolsonaro usar a violência contra grupos LGBT como forma de reprimir seu próprio desejo homossexual.
Quando alguns críticos consideram a palavra nazista exagerada para definir um bolsominion, sempre pergunto se as características citadas por Freud nos parágrafos acima não estavam presentes também na Alemanha da década de 1930. Da mesma forma, recorro a algumas condições históricas, como crise econômica, desgaste da esquerda, falta de representatividade política e a busca por um salvador da pátria. Não estaria sendo pavimentado o caminho para um totalitarismo nazifascista no país? Ou vocês ainda acham que é exagero?
Além de Bolsonaro ter 8% de intenções de voto na última pesquisa do IBOPE (o que significa o apoio de mais de 10 milhões de pessoas), sua página no facebook tem quase 3 milhões de seguidores. É lá que os bolsominions combinam de hostilizar os grupos e pessoas com quem têm as diferenças narcísicas.
Eles usam a expressão "vamos lá oprimir". E, juntos, reverenciam o líder, atacam o "inimigo" e se masturbam mutuamente através dos xingamentos que utilizam. Já vimos esses acontecimentos na história recente.
O problema é que praça virtual pode se transformar rapidamente na praça do seu bairro.
Por isso, denuncie esses criminosos.
* Felipe Pena é jornalista, psicólogo e escritor.
PS: Sobre Eugenia para responder ao comentaristas:
Vamos tratar da eugenia sob o ângulo da história do Brasil. A frase do Bolsonarinho condiciona o recebimento do bolsa-família à laqueadura e à vasectomia e diz que estes procedimentos combatem a miséria e a violência. Ou seja, ele diz que diminuiria o número de pobres e, ainda por cima, afirma que são estes mesmos pobres a causa da violência. No entanto, ignora que a grande maioria da população pobre é negra, o que tem origem na escravidão e no modelo de colonização do país. Portanto, ao propor a laqueadura de pobres, ele propõe também a laqueadura de uma grande maioria de negros. Está, em última instância, propondo um "branqueamento" da população, o que é uma forma de eugenia.
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