Ponte Jornalismo associa supostas indicações do deputado Campos Machado à corrupção na Polícia Civil instrumentalizada para fazer caixa dois eleitoral 31
Deputado investigado por jogos de azar teria indicado nomes para Polícia Civil de SP
Após a nomeação do novo delegado geral da Polícia Civil de São Paulo, o governador Márcio França (PSB) redefiniu a cúpula da corporação. Quatro delegacias, a Corregedoria e a Acadepol tiveram novos comandantes definidos e divulgados no Diário Oficial desta quarta-feira (27/6). Parte desses nomes teriam sido indicados pelo deputado estadual Campos Machado (PTB), investigado por participar de esquema com máquinas caça-níquel.
A Ponte apurou com integrantes da alta cúpula da corporação que ao menos cinco destes nomes teriam sido escolhidos por Machado e repassados a França. O atual governador assumiu o cargo no começo de abril, substituindo Geraldo Alckmin (PSDB), que se lançou na disputa presidencial. A fim de ser eleito para seguir no comando do estado, França tem buscado apoio de outros partidos, como o PTB.
As indicações seriam para os novos comandantes da Decap (Departamento de Polícia Judiciária da Capital), Demacro (Departamento de Polícia Judiciária do Interior), DPPC (Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania), Corregedoria e Acadepol (Academia da Polícia Civil Dr. Coriolano Nogueira Cobra).
Em fevereiro deste ano, o deputado foi citado e passou a ser investigado na “Operação Cabaré” do MP-SP (Ministério Público de São Paulo), que apura esquemas de jogos de azar com máquina caça-níquel. Segundo o órgão, PMs recebiam mesadas para permitir o funcionamento de cassinos clandestinos em bairros ricos da capital paulista.
A promotoria aponta que Campos Machado tem o nome citado por PMs em áudios gravados pela Corregedoria da corporação. Um dos donos de cassino teria afirmado que o parlamentar teria influência direta no Comando Geral da PM, cargo ocupado à época pelo coronel Nivaldo César Restivo – substituído no fim de abril pelo coronel Marcelo Vieira Salles, em outra decisão do governador Márcio França.
Inicialmente, as conversas do governador em busca de parceria política estavam avançadas com o PP do delegado Olim, que teria chegado a ser cogitado como vice na chapa de França. Porém, uma “traição” com o apoio do partido à candidatura de João Dória (PSDB), que também almeja comandar o estado de SP, fez com que França recuasse da indicação de Olim para que Júlio Guelbert ficasse no cargo de delegado-geral. No lugar, o governador nomeou Paulo Afonso Bicudo, conforme publicado nesta terça-feira (26/6). Ao mesmo tempo, teria passado a buscar outros apoios, entre eles o do PTB de Campos Machado, que é o presidente estadual e secretário nacional da legenda.
Em contato com a Ponte, a assessoria de imprensa do Campos Machado negou veementemente a possibilidade de o deputado estadual ter indicado nomes para a Polícia Civil de São Paulo, bem como desmente a possibilidade de acordo político com o governador Márcio França. Sobre a citação na Operação Cabaré, apontaram ser uma ligação “absolutamente infundada”, e, por isso, não “prosperou”. “É uma viagem”, definiu um dos assessores de imprensa de Campos por telefone.
A reportagem procurou a assessoria de imprensa de França por telefone e contatou a assessoria do Governo de São Paulo por e-mail, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem.
Confira o quadro de comandos na Polícia Civil de São Paulo:
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