01:30 | 29/07/2017
Em entrevista coletiva concedida em 30 de julho de 1997, durante o segundo dia da greve, o então governador Tasso Jereissati não poupou críticas aos manifestantes. “Não negociamos com facções armadas, policiais bêbados que estão se transformando em verdadeiros marginais”, declarou. Afirmou que houve um “motim”, que todos seriam expulsos como “desertores” e acusou “conotação política” no movimento. Por fim, assegurou: “Não vamos sossegar enquanto não descobrirmos quem atirou no coronel Mauro”.
Entretanto, 20 anos depois, ninguém foi punido pelo disparo contra o comandante da PM, que recebeu alta após cinco dias internado, sob escolta, no 6º andar do IJF. Quatro policiais do Choque, armados com escopetas e metralhadoras, faziam a guarda.
Em janeiro de 1998, um Inquérito Policial Militar (IPM) foi concluído e entregue ao comandante da PM. Incluía seis volumes de depoimentos, seis fitas de vídeo e 45 fotos. Apontava que o disparo havia partido do local onde estavam os manifestantes — não os policiais do Gate. Antes, um soldado grevista chegou a ser preso como autor do disparo, mas foi solto após três dias por falta de provas.
Já o inquérito nº 005/97, realizado pela Assessoria Técnica do Gabinete da Polícia Civil, apontou a possibilidade de que o então major, hoje comandante do Batalhão de Choque da PM, tenente-coronel Henrique Bezerra, “pode ter sido o autor das deflagrações que alvejaram os oficiais em alusão. Involuntariamente, por negligência, imprudência ou imperícia”.
O documento também conclui que, apesar de Henrique ter afirmado que foi atingido por forte pedrada no tornozelo direito, o que teria motivado uma reação, a lesão “não restou comprovada”. O POVO tentou ouvir o tenente-coronel, mas a assessoria de imprensa da Polícia Militar não atendeu às ligações. (Thiago Paiva)
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