Executivo preso na Lava Jato é vice-almirante da Marinha
Othon da Silva comandou programa secreto de enriquecimento de urânio. Diretor-presidente licenciado da Eletronuclear foi alvo da Lava Jato.
28/07/2015 14h07 - Atualizado em 28/07/2015 16h45
Othon Luiz participou, em 2011, de audiência no Senado para discutir o sistema de energia nuclear do país (Foto: Antonio Cruz/ABr)
Preso na manhã desta terça-feira (28) durante a 16ª fase da Operação Lava Jato, o diretor-presidente licenciado da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro da Silva, é vice-almirante da Marinha, posto mais alto para engenheiros navais.
Engenheiro naval, mecânico e nuclear, ele é o fundador e responsável pelo Programa de Desenvolvimento do Ciclo do Combustível Nuclear e da Propulsão Nuclear para submarinos da Marinha.
O programa levou ao desenvolvimento de centrífugas de enriquecimento de urânio que, atualmente, produzem parte do combustível das usinas nucleares de Angra dos Reis, no Rio de Janeiro.
Os detalhes do programa comandado por Othon foram mantidos sob sigilo de Estado durante a ditadura militar. Em 1994, ao completar 55 anos, o oficial se aposentou da Marinha e abriu uma empresa de consultoria para projetos na área de energia.
Em 2005, durante o primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-almirante assumiu a presidência da Eletronuclear, subsidiária da Eletrobras.
Foi sob a gestão de Othon da Silva que as obras da usina de Angra 3 foram retomadas, após duas décadas do início da construção.
Ele foi afastado do cargo em abril deste ano, quando surgiram denúncias de pagamento de propina a dirigentes da empresa.
Durante as investigações da Lava Jato, a Polícia Federal e o Ministério Público Federal(MPF) encontraram indícios de pagamentos de propina para dirigente da Eletronuclear, feitos por um consórcio de empreiteiras.
A Polícia Federal e o procurador federal Athayde Ribeiro Costa afirmaram que o dirigente recebeu R$ 4,5 milhões em propina.
Até as 15h45 desta terça-feira, o diretor-presidente licenciado da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro da Silva, estava na Superintendência da Polícia Federal do Rio de Janeiro, na Praça Mauá, no Centro do Rio. O advogado dele, Helton Marcio Pinto, confirmou aoG1 que estava acompanhando o cliente e que não poderia comentar o caso.