Essa e a verdadeira cara da nossa Segurança Publica

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quarta-feira, 16 de julho de 2014

Queima de arquivos: O assassinato do torturador Sérgio Fleury pelos militares


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“Fleury não obedecia mais a ninguém, agindo por conta própria. E exorbitava”, diz ex-integrante do Dops. Foto do Globo.com.
“Não convinha aos órgãos de segurança que uma pessoa, a essas alturas com péssima imagem pública, saísse contando fatos que não interessavam aos governos militares”.
Via Portal Mogi Guaçu
O assassinato mais enigmático, estranho, perpetrado por militares foi a do torturador Sérgio Fernando Paranhos Fleury, o delegado Fleury. Ele se destacou como chefe do Esquadrão da Morte, que executava delinquentes. Pelo menos era o que se dizia. No entanto, a verdadeira história foi contada pelo então Procurador da Justiça do Estado de São Paulo, Hélio Bicudo, atualmente com 91 anos, no livro Meu depoimento sobre o Esquadrão da Morte.
Bicudo, na introdução, revelou a verdadeira face dessa facção de extermínio: “E o ‘Esquadrão da Morte’, depois de resvalar para a pura satisfação de interesses pessoais ou de pequenos grupos sequiosos de poder, passou na verdade a servir de interesses de quadrilhas de entorpecentes, de jogo e de prostituição, através de grupos de proteção”.
Mestre em tortura, Fleury passou para o Dops, agora prendendo e torturando presos políticos. Vários deles foram assassinados em suas mãos. Com o tempo foi afastado do cargo e faleceu no dia 1º de maio de 1979, aos 45 anos. Segundo a versão oficial, em acidente no seu iate em Ilha Bela, morrendo afogado.
Ao noticiar sua morte, o jornalista Luís Padovani, na Folha de 2 de maio, descreveu como se deu o acidente, baseado no Boletim de Ocorrência, concluindo: “O corpo foi levado para Santa Casa local, onde foi assinado o atestado de óbito, tendo o médico dispensado a autópsia”. Atitude estranha!
No mesmo jornal, Edson Flosi, no texto “Amado e odiado: herói ou torturador?”, fez essa surpreendente revelação: “[Fleury] Ficou muito rico, construiu uma mansão no Alto da Boa Vista, comprou um iate que lhe custou 2 milhões de cruzeiros [dinheiro da época], apesar de sempre ganhar relativamente pouco na Secretaria da Segurança Pública”. Isto, tudo indica, foi uma das causas de seu suposto assassinato, como vamos ver a seguir.
No número 4 de “Caros Amigos”, julho de 1997, em entrevista à Ana Maria Ciccacio, Hélio Bicudo assim se referiu à morte do torturador Fleury em 1979: “Foi queima de arquivo, sim. Ao ser posto no ostracismo por aquele processo de abertura do Geisel, o problema é que Fleury começou a falar demais. Não convinha aos órgãos de segurança que uma pessoa, a essas alturas com péssima imagem pública, porque usava drogas e bebia muito, saísse contando fatos que realmente não interessavam aos governos militares”.
Quinze anos depois, em maio de 2012, o ex-delegado do Dops na época da Ditadura, Cláudio Guerra, no livro Memórias de uma guerra suja, confirma essa versão de Bicudo.
Tales Faria, do IG Brasília, em 2/5/2012, no item “Queima de arquivo”, relata: “‘O delegado Fleury tinha de morrer. Foi uma decisão unânime de nossa comunidade, em São Paulo, numa votação feita em local público, o restaurante Baby Beef’, afirma Cláudio Guerra”.
Ele, a seguir, cita vários militares, entre eles, o coronel Brilhante Ustra, que torturou a atriz Bete Mendes. Ustra abriu a reunião.
Adiante Cláudio Guerra afirmou: “Fleury tinha se tornado um homem rico desviando dinheiro dos empresários que pagavam para sustentar as ações clandestinas do regime militar. Não obedecia mais a ninguém, agindo por conta própria. E exorbitava. [...] Nessa época, o hábito de cheirar cocaína também fazia parte de sua vida. Cansei de ver”.
Tales Faria, no final, diz: “A história oficial é, de fato, que o delegado paulista morreu acidentalmente em Ilha Bela, ao tombar da lancha. Mas Guerra afirma que Fleury na verdade foi dopado e levou uma pedrada na cabeça antes de cair no mar”.
O torturador e ex-herói Fleury, ironicamente, foi morto por militares. Teve o mesmo fim que Baumgarten, dono da revista O Cruzeiro (nova fase), e pelo mesmo motivo: “queima de arquivo”. Outra coincidência: morreram no mar!
Jasson de Oliveira Andrade é jornalista.

 http://limpinhoecheiroso.com/2013/09/03/queima-de-arquivos-o-assasinato-do-torturador-sergio-fleury-pelos-militares/





  1. Queima de arquivos: O assassinato do torturador Sérgio Fleury pelos militares | C O O LTURA Says:
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  2. Jésus Araujo Says:
    Fleury, de dolorosa memória. A quantos torturou e matou! Serviçal da ditadura, era civil, portanto não confiável. Ao prender os frades dominicanos, ele disse a Frei Tito: “Eu vou te arrebentar por dentro”. Psiquicamente arrebentado, Frei Tito teve um fim trágico, como conta Frei Beto em Batismo de Sangue, levado ao cinema com o mesmo título por Helvécio Ratton. Grotesca a explicação oficial de sua morte: tentando passar de seu iate para outro, de amigos, teria caído no mar. Fleury, tão acostumado às manobras no iate, ao mar, jovem e saudável de 45 anos, iria morrer afogado? E a proibição de autópsia (fato repetido sobre as mortes suspeitas na ditadura). Pergunto-me, e não obtenho resposta satisfatória: Que leva um ser humano a agir assim?
  3. VALTER BAIÃO DE FREITAS Says:
    O delegado Fleury, assim como todos os torturadores que infelizmente existiram no Brasil, foram e são seres humanos da pior espécie, ou seja, simplesmente monstros, porque todo ser humano que cause sofrimento a outrem, não pode ser considerado ser humano e sim monstro ou demônio voltado para o mal. Infelizmente os torturadores covardes remanescentes da ditadura militar que ainda estão vivos não pagaram pelos seus crimes pois escaparam da justiça dos homens, mas, com certeza não escaparão da Justiça Divina e daqui a algum tempo estarão pagando no inferno como o delegado Fleury e outros que já foram para o andar de baixo.

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