EFE
Ativistas pedem asilo no consulado do Uruguai no Rio de Janeiro
Rio de Janeiro, 21 jul (EFE).- Três ativistas brasileiros pediram nesta segunda-feira asilo político no consulado do Uruguai no Rio de Janeiro depois de o tribunal de justiça decretar a prisão preventiva contra eles, acusados de 'formação de quadrilha' por causa da participação nos protestos que começaram no ano passado no país.
A advogada Eloísa Samy foi ao consulado do Uruguai, acompanhada de David Paixão e Camila Nascimento, em busca de asilo depois de uma ordem judicial revogar o habeas corpus que tinha sido concedido após ter passado cinco dias presa na semana passada.
Os três são acusados pelo Ministério Público de 'formação de quadrilha' por terem participado das manifestações que aconteceram nos últimos meses no país, e Samy já tinha sido detida na véspera da final da Copa do Mundo, junto com outros 22 ativistas.
Paixão e Camila não foram detidos, mas também tiveram o pedido de prisão preventiva decretado pelos mesmos motivos.
Até agora, só cinco dos acusados em 12 de julho permanecem presos e os outros 18 são procurados pela Justiça.
'Estamos sendo tratados como terroristas', desabafou à Agência Efe Samy no consulado uruguaio, onde se queixou de na semana passada ter sido presa como uma 'criminosa comum' em vez de ter tido direito a cela especial, já que tem curso superior.
Samy disse que decidiu pedir asilo político ao Uruguai porque o presidente José Mujica 'sabe o que é a perseguição política e a força opressiva do Estado'.
'Se não aceitarem minha solicitação me levarão de novo para a prisão e não terei direito a me defender', afirmou.
Segundo a ativista, nos cinco dias que passou na prisão carioca de Bangu as condições foram 'horríveis': compartilhou cela com outras sete mulheres, só havia uma toalha e três cobertores para todas e não tinham talheres para comer.
Já David Paixão tinha sido detido várias vezes por sua participação nos protestos e sempre foi defendido por Samy, que o adotou após comprovar que ele não tem família.
A consulesa uruguaia no Rio de Janeiro, Miriam Fraschini, não deu nenhuma informação sobre o trâmite da solicitação de asilo político dos três ativistas brasileiros.
O magistrado Flávio Itabaiana de Oliveira Nicolau, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, decretou a prisão preventiva devido a alegada 'periculosidade' dos acusados que significariam um 'risco para a ordem pública'.
A prisão dos ativistas, na véspera da final do Mundial, foi duramente criticada por organizações de direitos humanos e pela Ordem dos Advogados do Rio de Janeiro, que as consideraram 'arbitrárias e intimidatórias'.
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