segunda-feira, 28 de novembro de 2011
Na PM do Pará a corrupção tem cor: "verde abacatinho" (Ou "Os estilistas pilantras da PMPA")
Governo joga fora R$ 4 mi com fardas
Edição de 25/05/2008
E a tropa sofre privações que vão da falta de coletes ao salário baixo
Josiele Sousa
Da Redação
O Comando Geral da Polícia Militar deve gastar, em breve, R$ 4 milhões na substituição da cor do fardamento de rua do efetivo da corporação. Serão confeccionadas 26 mil peças a serem distribuídas entre a tropa, composta por 12 mil policiais. Em vez de verde-escuro, o uniforme passará a ser ou verde-claro, como da Guarda Nacional da Colômbia; cinza, semelhante à PM da Paraíba; ou caqui-esverdeado, aos moldes do Rio Grande do Sul. O gasto já está sendo considerado um desperdício de verba pública tanto pela população, que já se manifesta contra a medida, bem como por quem faz parte da própria Polícia Militar. O comandante geral da corporação não quis falar com o jornal Amazônia sobre o assunto.
A Associação em Defesa dos Direitos dos Militares do Pará (Addmepa) pretende questionar o investimento com o governo do Estado, além de denunciar a medida aos órgãos que possam impedir a compra dos novos uniformes. Segundo o presidente da entidade, o major PM Walber Wolgrand Menezes Marques, a corporação tem carências visíveis, incluindo a falta de armamentos, coletes à prova de balas, além da questão salarial dos PMs, que são muito mal remunerados. Um soldado, por exemplo, possuiria o soldo mensal de um salário-mínimo, estando no mesmo patamar de um cabo, o que não seria permitido pela própria Legislação da PM, a qual estabelece a diferenciação entre os níveis hierárquicos da corporação.
Salários - Reajuste regular da remuneração mensal é outro item pouco cogitado nos gabinetes do alto escalão militar, conforme acredita o major PM da reserva. 'Houve uma reposição entre 8 e 10% no ano passado. Os militares não tiveram reajuste este ano. Aumentou-se só o salário dos soldados, que recebem conforme o valor do mínimo', explicou o presidente da Addmepa.
Coletes - Existiriam na PM somente 2.000 coletes à prova de balas para serem usados pela tropa de 12 mil pessoas da instituição de segurança pública. 'Eles, em grande parte, estão vencidos e não podem proteger o profissional em uma situação concreta de perigo. Armamento não tem para todos. O comandante geral (coronel Luiz Ruffeil) disse que estava esperando mais 3.000 coletes, que também não atenderão todo o efetivo. Estão entrando mais 1,8 mil homens e mais outros devem ingressar com o novo concurso até 2009. Quando a PM faz a operação 'Esvazia Quartel', não tem armamento e coletes para todos. É necessário fazer o revezamento', denunciou major Walber, que não teme sofrer represálias por parte do alto comando por já estar na reserva.
Penúria - 'Parte deste dinheiro poderia muito bem ser investido na formação do policial. Os alunos do Curso de Formação e Aperfeiçoamento de Praças em Outeiro não têm nem água para beber. Está abandonado o espaço. Esta verba serviria para comprar menos fardas e estimular outras áreas', disse.
'O que eu queria mesmo é um bom salário'
Um soldado policial militar, que prefere manter a identidade preservada, demonstrou à reportagem seu descontentamento quanto às decisões do Alto Comando. Para ganhar mais, ele tem de se submeter à nova jornada de trabalho em partidas de futebol, variando a carga horária de 8 a 12 horas por novo turno de serviço. Com mais de 10 anos de PM, ele ainda não foi promovido e fica na esperança de um dia se tornar um cabo, o que já deveria ter acontecido faz tempo. 'Eu nunca fiz curso de aperfeiçoamento. A oportunidade é só para os oficiais. E muitas vezes só para quem é indicado pelos supervisores. A grande maioria só faz trabalhar', disse o soldado PM.
O praça teve de tirar do próprio bolso dinheiro para comprar farda nova, em vez de ganhar uma de graça. 'Essas fardas novas não são necessidade. O que eu queria mesmo era um bom salário. Deveriam qualificar a gente. Teve um tempo em que eu dava a minha vida pela polícia. Já fui baleado duas vezes em uma troca de tiros. Até os 10 anos de corporação eu me dediquei por completo à PM. Temos um comando que não valoriza o serviço da gente. O oficial recebe um tratamento diferente de nós. É um absurdo. O direito é para todos', afirmou o soldado.
Major Walber Wolgrand condena compra da folga do militar
O presidente da Addmepa também criticou a decisão do comando geral em querer comprar a folga de policiais para reforçar a segurança nas ruas. Os PMs trabalham em condições precárias. Além disso, com a folga reduzida, falta tempo também para a capacitação profissional, o descanso e o lazer com a família, o que é um direito de qualquer trabalhador. Segundo major Walber Wolgrand, o policial que se submete à nova jornada operacional cumpre no máximo plantão de 8 horários de serviço por mês com duração de 6 horas cada, recebendo R$ 40 a cada nova jornada.
Ele completa o rosário de reclamações: 'As viaturas estão sucateadas e, em vez disso, o comando vai investir em uniformes. Esta troca não tem respaldo na legislação militar. Mas é ela quem determina como deve ser o uniforme da corporação. Para fazer qualquer modificação, é preciso mudar a legislação', disse. A legislação militar é de responsabilidade da Assembléia Legislativa do Estado.
Major Walber afirma que a compra das peças deverá ser feita para toda aa instituição, sendo que, de direito, somente os soldados e cabos podem ganhar um fardamento a cada seis meses sem pagar nada. A alteração deveria ser comunicada com antecedência para a população e para empresas de segurança a fim de evitar o uso de uniformes semelhantes ao da PM, que tem o direito à exclusividade, gerando mais gastos supérfluos com publicidade, conforme explicou o major. Enquanto isso, policiais que esperam 10, 15, 25 anos por uma promoção - e existem casos de soldados e cabos nessa situação, garante - ficam sem expectativa de crescimento e valorização profissional.
Major Walber acredita que somente 6.000 homens trabalham nas ruas. O restante da tropa atua em serviços burocráticos na PM e em outros órgãos do Estado, recebendo remunerações extras que o desestimulam a trabalharem na segurança da população, bem como na proteção particular de empresários e políticos.
Edição de 25/05/2008
E a tropa sofre privações que vão da falta de coletes ao salário baixo
Josiele Sousa
Da Redação
O Comando Geral da Polícia Militar deve gastar, em breve, R$ 4 milhões na substituição da cor do fardamento de rua do efetivo da corporação. Serão confeccionadas 26 mil peças a serem distribuídas entre a tropa, composta por 12 mil policiais. Em vez de verde-escuro, o uniforme passará a ser ou verde-claro, como da Guarda Nacional da Colômbia; cinza, semelhante à PM da Paraíba; ou caqui-esverdeado, aos moldes do Rio Grande do Sul. O gasto já está sendo considerado um desperdício de verba pública tanto pela população, que já se manifesta contra a medida, bem como por quem faz parte da própria Polícia Militar. O comandante geral da corporação não quis falar com o jornal Amazônia sobre o assunto.
A Associação em Defesa dos Direitos dos Militares do Pará (Addmepa) pretende questionar o investimento com o governo do Estado, além de denunciar a medida aos órgãos que possam impedir a compra dos novos uniformes. Segundo o presidente da entidade, o major PM Walber Wolgrand Menezes Marques, a corporação tem carências visíveis, incluindo a falta de armamentos, coletes à prova de balas, além da questão salarial dos PMs, que são muito mal remunerados. Um soldado, por exemplo, possuiria o soldo mensal de um salário-mínimo, estando no mesmo patamar de um cabo, o que não seria permitido pela própria Legislação da PM, a qual estabelece a diferenciação entre os níveis hierárquicos da corporação.
Salários - Reajuste regular da remuneração mensal é outro item pouco cogitado nos gabinetes do alto escalão militar, conforme acredita o major PM da reserva. 'Houve uma reposição entre 8 e 10% no ano passado. Os militares não tiveram reajuste este ano. Aumentou-se só o salário dos soldados, que recebem conforme o valor do mínimo', explicou o presidente da Addmepa.
Coletes - Existiriam na PM somente 2.000 coletes à prova de balas para serem usados pela tropa de 12 mil pessoas da instituição de segurança pública. 'Eles, em grande parte, estão vencidos e não podem proteger o profissional em uma situação concreta de perigo. Armamento não tem para todos. O comandante geral (coronel Luiz Ruffeil) disse que estava esperando mais 3.000 coletes, que também não atenderão todo o efetivo. Estão entrando mais 1,8 mil homens e mais outros devem ingressar com o novo concurso até 2009. Quando a PM faz a operação 'Esvazia Quartel', não tem armamento e coletes para todos. É necessário fazer o revezamento', denunciou major Walber, que não teme sofrer represálias por parte do alto comando por já estar na reserva.
Penúria - 'Parte deste dinheiro poderia muito bem ser investido na formação do policial. Os alunos do Curso de Formação e Aperfeiçoamento de Praças em Outeiro não têm nem água para beber. Está abandonado o espaço. Esta verba serviria para comprar menos fardas e estimular outras áreas', disse.
'O que eu queria mesmo é um bom salário'
Um soldado policial militar, que prefere manter a identidade preservada, demonstrou à reportagem seu descontentamento quanto às decisões do Alto Comando. Para ganhar mais, ele tem de se submeter à nova jornada de trabalho em partidas de futebol, variando a carga horária de 8 a 12 horas por novo turno de serviço. Com mais de 10 anos de PM, ele ainda não foi promovido e fica na esperança de um dia se tornar um cabo, o que já deveria ter acontecido faz tempo. 'Eu nunca fiz curso de aperfeiçoamento. A oportunidade é só para os oficiais. E muitas vezes só para quem é indicado pelos supervisores. A grande maioria só faz trabalhar', disse o soldado PM.
O praça teve de tirar do próprio bolso dinheiro para comprar farda nova, em vez de ganhar uma de graça. 'Essas fardas novas não são necessidade. O que eu queria mesmo era um bom salário. Deveriam qualificar a gente. Teve um tempo em que eu dava a minha vida pela polícia. Já fui baleado duas vezes em uma troca de tiros. Até os 10 anos de corporação eu me dediquei por completo à PM. Temos um comando que não valoriza o serviço da gente. O oficial recebe um tratamento diferente de nós. É um absurdo. O direito é para todos', afirmou o soldado.
Major Walber Wolgrand condena compra da folga do militar
O presidente da Addmepa também criticou a decisão do comando geral em querer comprar a folga de policiais para reforçar a segurança nas ruas. Os PMs trabalham em condições precárias. Além disso, com a folga reduzida, falta tempo também para a capacitação profissional, o descanso e o lazer com a família, o que é um direito de qualquer trabalhador. Segundo major Walber Wolgrand, o policial que se submete à nova jornada operacional cumpre no máximo plantão de 8 horários de serviço por mês com duração de 6 horas cada, recebendo R$ 40 a cada nova jornada.
Ele completa o rosário de reclamações: 'As viaturas estão sucateadas e, em vez disso, o comando vai investir em uniformes. Esta troca não tem respaldo na legislação militar. Mas é ela quem determina como deve ser o uniforme da corporação. Para fazer qualquer modificação, é preciso mudar a legislação', disse. A legislação militar é de responsabilidade da Assembléia Legislativa do Estado.
Major Walber afirma que a compra das peças deverá ser feita para toda aa instituição, sendo que, de direito, somente os soldados e cabos podem ganhar um fardamento a cada seis meses sem pagar nada. A alteração deveria ser comunicada com antecedência para a população e para empresas de segurança a fim de evitar o uso de uniformes semelhantes ao da PM, que tem o direito à exclusividade, gerando mais gastos supérfluos com publicidade, conforme explicou o major. Enquanto isso, policiais que esperam 10, 15, 25 anos por uma promoção - e existem casos de soldados e cabos nessa situação, garante - ficam sem expectativa de crescimento e valorização profissional.
Major Walber acredita que somente 6.000 homens trabalham nas ruas. O restante da tropa atua em serviços burocráticos na PM e em outros órgãos do Estado, recebendo remunerações extras que o desestimulam a trabalharem na segurança da população, bem como na proteção particular de empresários e políticos.
Um comentário:
- Anônimo7 de janeiro de 2012 07:23Ola! Gostaria que o Profesor Wolgram investigasse tudo sobre a Banda de Música da Policia Militar do Pará, o Porque de tanto atraso para s promoções e porque nunca há vaga, pois dizem "os comandantes" que esta sessão não tem importancia para a policia. Se o Senhor for ver, os Musicos da Policia são os mais antigos da coorporação, a Bnada está acabando, e vai acabar, pois nenhum concurso é cojitado, pois os Comandantes dizem que não há como promover, mais Concursos para Oficiais tem quase todos os anos!!! Pelo amor de Deus alguem faça alguma coisa!!!!!!!Responder
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