26 de janeiro de 2016
Juiz prende três policiais da CAEMA acusados da morte de Gilberto Arueira em Teixeira de Freitas
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Tão logo souberam da decretação de suas prisões os três policiais acusados Santo Andrade Moreira, Aurélio Sampaio Costa e Wanderson Ferreira da Silva se apresentaram espontaneamente ao major Ronivaldo Pontes da Silva, comandante da CAEMA – Companhia de Ações Especiais da Mata Atlântica de Posto da Mata, unidade individualizada pertencente à CIPE – Companhia Independente de Policiamento Especializado do Estado da Bahia.
A nossa reportagem ao fazer contato com o major Ronivaldo Pontes, o comandante da CAEMA nos informou que os três policiais tão logo souberam por meio dos seus advogados que a prisão deles havia sido decretada pela justiça criminal, fizeram contanto com o comandante dizendo que estavam se dirigindo ao quartel para se apresentarem espontaneamente. Segundo o major Ronivaldo Pontes os três PMs permanecerão custodiados com a guarda da Polícia Militar à disposição da justiça.
ENTENDA O CASO
No dia 31 de março de 2011, o delegado-chefe da 8ª Coordenadoria Regional da Polícia Civil em Teixeira de Freitas e presidente do inquérito policial que apurou o caso Gilberto Arueira, Dr. Marcus Vinicius Almeida Costa, concluiu e remeteu ao Ministério Público Estadual o inquérito policial devidamente concluído sobre a morte do empresário Gilberto Arueira Azevedo, 40 anos, que foi executado por três policiais militares da CAEMA, que na tarde de 24 de setembro de 2010, no interior de uma loja celular, sobre forte emoção atiraram e mataram o empresário ao confundi-lo com o assaltante “Thor”.
Indiciamento
O delegado Marcus Vinicius que concluiu o inquérito, indiciou quatro policiais militares, sendo três da CAEMA, Santo Andrade Moreira, Aurélio Sampaio Costa e Wanderson Ferreira da Silva, que no dia do crime estavam à paisana e participaram da execução de Gilberto Arueira, os quais foram indiciados por crime de homicídio qualificado em conformidade ao Artigo 121, Parágrafo II, Inciso IV, e também por crime de lesões corporais conforme o Artigo 129, do Código Penal Brasileiro, tendo em vista que um dos disparos atingiu a mão do mecânico Joabe Medina Lima, que também estava deitado ao chão, depois de ter sido rendido pelos policiais.
Um quarto policial do serviço reservado do então 13º Batalhão da Policia Militar chegou a ser indiciado pela Polícia Civil ao ser acusado de ter “plantado” a arma na cena do evento delitivo e foi indiciado por modificar a cena do crime. Mas na fase ministerial os promotores Gilberto Campos e Graziella Junqueira inocentaram o militar e mantiveram apenas os três primeiros no rol dos denunciados.
Dois momentos na cena do crime
Conforme os autos do processo, houve dois momentos na cena do crime, sendo o primeiro quando os três policiais da CAEMA executaram Gilberto Arueira, depois de lhe render e ordená-lo que deitasse ao chão. O segundo momento foi quando modificaram a cena do crime, com objetivo de provar que Gilberto Arueira era um bandido, contudo, desse último momento os três policiais da CAEMA não participaram.
As Fotos
No decorrer das investigações o delegado Marcus Vinicius mandou periciar uma série de fotografias que foram juntadas às peças do inquérito policial, que foram produzidas no dia do evento delitivo, por um repórter de um site local, cujas fotos causaram uma reviravolta no caso e levantam a suspeita que policiais militares fardados e à paisana teriam mexido na cena do crime antes da Polícia Técnica chegar ao local, revirando o cadáver e plantando uma arma ao lado do corpo para simular que a vítima estivesse trocado tiros com os agentes da CAEMA. Para o Ministério Público Estadual as fotos tiveram uma importância muito grande no procedimento, quase decisivas durante o curso da investigação, uma vez que sem as fotos seria quase impossível provar que a arma surgiu depois da ocorrência do assassinato.
Reconstituição
Na época o delegado Marcus Vinicius, descartou a hipótese de se realizar uma reconstituição do assassinato, uma vez que não restava dúvida nenhuma sobre o crime, e para ele, a reconstituição só serviria para causar tumulto, e não modificaria em nada o que foi apurado. O delegado Marcus Vinicius, concluiu o inquérito na época sem se pronunciar pelo pedido de prisão dos acusados, cujo procedimento só foi feito agora na fase final da instrução criminal pelo Ministério Publico, visando o julgamento dos acusados.
Os detalhes do crime
O empresário Gilberto Arueira, foi executado por três agentes da CAEMA no dia 24 de setembro de 2010, no interior da loja “Celular & Cia”, na Avenida Presidente Getúlio Vargas nº 3.517, quando teria sido confundido com um assaltante. Com base nos resultados dos exames periciais da Polícia Técnica, Gilberto Arueira de Azevedo, 40 anos, foi atingido com 6 tiros pelas costas, quando estava deitado no piso, sendo que dois projéteis transfixaram e os outros quatro foram extraídos do cadáver, com conclusão que o empresário foi morto por execução sumária no chão, com três tiros de Pistola Ponto-40 no alto das costas, dois tiros no antebraço direito e um sexto tiro na região da axila direita. Um dos tiros disparados em Gilberto, o projétil teria exalado em direção à mão do mecânico Joab Medina de Lima, de 23 anos, que também se encontrava rendido pelos policiais, deitado ao chão, ao lado da vítima.
O empresário teria sido confundido com o assaltante e homicida Raimundo de Abreu Alves, o “Thor”, 29 anos, este que foi preso pela equipe do delegado coordenador Marcus Vinicius, dias depois, no dia 20 de outubro de 2010, por ocasião que o seu parceiro, Rosivaldo Prates, o “Russo” ou “Galego”, 24 anos, morreu ao trocar tiros com policiais civis, um dia após terem assaltado a Casa Lotérica do Mercado Caravelas em Teixeira de Freitas e cometido um homicídio na cidade.
Além de vários crimes de morte que a ele são imputados, “Thor”, cuja aparência física e características eram idênticas com as da vítima, confessou a autoria no assalto da loja Celular Mania, por ocasião que humilhou um cliente da loja, lhe agredindo com tapas no rosto e ainda lhe colocou ajoelhado preso num banheiro, cujo cliente, era um policial de elite de guerrilha da CAEMA – Companhia de Ações Especiais da Mata Atlântica.
No dia do assalto cometido por “Thor”, quem pagou pelas suas sucessões de crimes, foi o empresário de Medeiros Neto, Gilberto Arueira de Azevedo, que acabou morto com 6 tiros pelas costas por três policiais à paisana e integrantes da CAEMA, Aurélio Sampaio Costa, Wanderson Ferreira da Silva e Santo Andrade Moreira, este último trata-se da vítima do assalto, ocorrido na tarde de sexta-feira do último dia 24 de setembro, no interior da Loja Celular Mania na Praça dos Leões em Teixeira de Freitas, que além de agredido e humilhado, foi trancado no banheiro pelo assaltante.
Por ocasião da morte de Gilberto Arueira, uma arma foi encontrada ao seu lado, que simulou como se fosse dele e que tivesse reagido à ação dos agentes. O revólver preto, cabo branco, calibre 32, marca Taurus, com 6 cartuchos no tambor, 5 intactos e um deflagrado, foi também examinado pela Polícia Técnica e os exames constataram que a arma não possuía resquícios de pólvora de disparo recente. E os exames de pólvora combusta nas mãos da vítima, também deram negativo, provando que Gilberto Arueira não teria feito uso de arma de fogo no mínimo nas últimas 72 horas, antes da sua morte. (Por Athylla Borborema).
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