Vídeo mostra manifestante levando soco de policial em protesto na USP
Ao menos cinco pessoas ficaram feridas, sendo uma detida, em protesto. Sintusp acusa PM de agressão: atirou balas de borracha e jogou bombas.
29/05/2015 11h09 - Atualizado em 29/05/2015 19h10
Ao menos cinco manifestantes ficaram feridos, e um deles foi detido, na manhã desta sexta-feira (29), após serem agredidos por policiais militares durante protesto contra medidas políticas e econômicas, perto da Universidade de São Paulo (USP), na Zona Oeste da capital. A denúncia foi feita pelo Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp). O PM envolvido na ocorrência foi afastado, segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP).
Um vídeo feito pelo sindicato e obtido pelo G1mostra a abordagem da Polícia Militar (PM) aos manifestantes (veja acima). Nas imagens, um estudante é detido pela polícia e uma manifestante tem a bolsa tomada por um policial. Ao resistir ela tenta atingir o policial com um guarda-chuva, mas em seguida leva um jato de spray de pimenta no rosto. Na sequência, um PM lhe dá uma rasteira, que a desequilibra. E quase no mesmo instante outro policial lhe dá um soco no rosto. A mulher cai na rua e os policiais se afastam.
A manifestante é uma estudante de Letras da Universidade de São Paulo (USP) e tem 24 anos, informou uma colega que a acompanhou ao Hospital Universitário. Aluna de geografia da USP, a colega pediu para que nenhuma das duas fosse identificada. "Ela está um pouco em choque, não se lembra bem do que aconteceu", disse.
De acordo com essa amiga, de 21 anos, a jovem agredida pelos PMs bateu a cabeça no chão após cair e ficou com o olho roxo. Ela fez uma radiografia no hospital e deixou o local antes do resultado do laudo. Em seguida, foi ao 34º DP (Vila Sônia) prestar depoimento, informou o sindicalista Marcelo Pablito, um dos diretores do Sintusp.
Ele disse que a PM usou balas de borracha, bombas de gás e de efeito moral, sprays de pimenta, cassetes e ainda desferiu socos e pontapés contra os manifestantes. Pablito afirmou que o sindicato ainda vai avaliar se registra boletim de ocorrência sobre o episódio de agressão.
O G1 entrevistou a estudante no meio da tarde desta sexta-feira. A jovem, que se chama Jéssica, disse que 'não estava fazendo nada de errado'.
Tiros em direção aos manifestantes
No momento do confronto entre policiais e manifestantes, cerca 300 pessoas caminhavam da Avenida Alvarenga, em frente ao portão principal da USP, em direção à Rodovia Raposo Tavares. O levantamento havia sido feito pela PM às 8h. Barricadas de pneus com fogo haviam sido colocadas pelo grupo que protestava nas ruas próximas.
Imagens da TV Globo mostram policiais atirando e jogando artefatos explosivos em direção a um grupos de pessoas durante o conflito (veja o vídeo acima). Numa das cenas, um policial militar aparece com metade do corpo para fora do carro da viatura atirando contra pessoas.
Procurada, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que o titular da pasta, Alexandre de Moraes, mandou afastar o PM que aparece atirando para fora da viatura, "pois o procedimento em questão foi totalmente irregular".
"Preliminarmente, foram utilizados os meios necessários para que o cruzamento não fosse fechado pelos manifestantes. No entanto, a conduta posterior dos policiais será objeto de apuração", acrescenta a nota (leia a íntegra ao final desta reportagem).
Policial militar dispara contra manifestantes em São Paulo (Foto: Reprodução TV Globo)
'Repressão'
O Sintusp divulgou nota repudiando a ação da PM (leia íntegra abaixo). Nela, os sindicalistas relataram que protestavam no portão da USP, como parte do dia nacional de paralisação contra medidas provisórias, e contra demissões e corte de verba para a universidade, quando fomos atacados por policiais no momento que se dirigiam à Rodovia Raposo Tavares.
O Sintusp divulgou nota repudiando a ação da PM (leia íntegra abaixo). Nela, os sindicalistas relataram que protestavam no portão da USP, como parte do dia nacional de paralisação contra medidas provisórias, e contra demissões e corte de verba para a universidade, quando fomos atacados por policiais no momento que se dirigiam à Rodovia Raposo Tavares.
"A PM descumpriu o que combinamos com ela, que era acompanhar a nossa caminhada do portão da USP à rodovia", afirmou Pablito. "Houve repressão duríssima da polícia, que machucou mulheres, estudantes e trabalhadores da universidade".
De acordo com o Sintusp, o estudante detido pela PM foi levado para uma delegacia da região. “Estamos indo para o distrito policial para saber por que ele foi detido e tentar liberá-lo”, disse Pablito. "O rapaz ficou ferido pela truculência dos policiais".
Protesto tem confusão entre policiais militares e manifestantes perto da USP, na Zona Oeste de São Paulo (Foto: Sintusp/Divulgação)
Policial joga spray de pimenta em uma manifestante na rodovia Raposo Tavares, em São Paulo. Funcionários e estudantes da Universidade de São Paulo (USP) fizeram barricadas no local em protesto contra a terceirização e o ajuste fiscal (Foto: Werther Santana/Estadão Conteúdo)
Policiais seguram manifestante no chão na rodovia Raposo Tavares, em São Paulo. Funcionários e estudantes da Universidade de São Paulo (USP) montaram barricadas bloqueando a rodovia durante protesto contra a terceirização e o ajuste fiscal (Foto: Fábio Vieira/Código 19/Estadão Conteúdo)
Barricada com pneus em chamas é montada por Funcionários e estudantes da Universidade de São Paulo (USP) na Rodovia Raposo Tavares. Mais cedo, o grupo fechou o Portão 1 da Cidade Universitária, na Zona Oeste da capital (Foto: Werther Santana/Estadão Conteúdo)
Policial atira durante ato próximo à USP (Foto: Werther Santana/ Estadão Conteúdo)
Funcionários e estudantes da Universidade de São Paulo (USP) entram em confronto com a polícia ao tentarem bloquear a Rodovia Raposo Tavares. O protesto faz parte do Dia Nacional de Paralisações e Manifestações contra a Terceirização e o ajuste fiscal (Foto: Marco Ambrosio/Estadão Conteúdo)
Viatura da PM avança para dispersar manifestantes (Foto: Reprodução/TV Globo)
Veja a nota do Sintusp
"Na manhã de hoje, 29/5, estudantes e trabalhadores da USP realizamos uma manifestação, como parte do Dia Nacional de Paralisação e Manifestações, convocado por diversas centrais sindicais, com manifestações em todo o país, contra a terceirização, a retirada de direitos trabalhistas e sociais e o ajustes fiscal dos governos.
A manifestação ocorria pacificamente, quando a força policial reprimiu duramente o ato, atirando bombas, balas de borracha e gás lacrimogêneo e agredindo dezenas de estudantes e trabalhadores, deixando vários feridos, entre eles duas mulheres espancadas, uma funcionária, e uma estudante que foi socada no rosto, jogada no chão e pisoteada pelos policiais.
Neste momento a polícia mantém detido um estudante do curso de Ciências Socais da USP, por participar do ato, criminalizando a manifestação. Ele está sendo levado agora do hospital, com a cabeça enfaixada em função dos ferimentos causados pela polícia, para o 34º DP.
Publicaremos gravações e imagens da violência policial em nossas redes sociais.
Denunciamos a repressão policial e exigimos a imediata libertação do estudante detido de forma arbitrária por motivos políticos.
"Na manhã de hoje, 29/5, estudantes e trabalhadores da USP realizamos uma manifestação, como parte do Dia Nacional de Paralisação e Manifestações, convocado por diversas centrais sindicais, com manifestações em todo o país, contra a terceirização, a retirada de direitos trabalhistas e sociais e o ajustes fiscal dos governos.
A manifestação ocorria pacificamente, quando a força policial reprimiu duramente o ato, atirando bombas, balas de borracha e gás lacrimogêneo e agredindo dezenas de estudantes e trabalhadores, deixando vários feridos, entre eles duas mulheres espancadas, uma funcionária, e uma estudante que foi socada no rosto, jogada no chão e pisoteada pelos policiais.
Neste momento a polícia mantém detido um estudante do curso de Ciências Socais da USP, por participar do ato, criminalizando a manifestação. Ele está sendo levado agora do hospital, com a cabeça enfaixada em função dos ferimentos causados pela polícia, para o 34º DP.
Publicaremos gravações e imagens da violência policial em nossas redes sociais.
Denunciamos a repressão policial e exigimos a imediata libertação do estudante detido de forma arbitrária por motivos políticos.
Diretoria Colegiada Plena do Sindicato dos Trabalhadores da USP"
Veja a nota da Secretaria de Segurança Pública
"A Polícia Militar está atuando nas várias manifestações que estão ocorrendo em todo o estado de São Paulo para que o impacto seja o menor possível na rotina do cidadão.
"A Polícia Militar está atuando nas várias manifestações que estão ocorrendo em todo o estado de São Paulo para que o impacto seja o menor possível na rotina do cidadão.
Preliminarmente, foram utilizados os meios necessários para que o cruzamento não fosse fechado pelos manifestantes. No entanto, todos os fatos e denúncias serão apurados.
Por determinação do secretário da segurança pública, Alexandre de Moraes, o policial militar que aparece atirando para fora da viatura foi afastado, pois o procedimento em questão foi totalmente irregular."
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