4.12.2012 às 12h24 > Atualizado em 4.12.2012 às 16h54
Após prisão de 59 PMs...
Rio - A prisão de 59 policiais militares do 15º BPM (Duque de Caxias) culminou na exoneração do comandante do batalhão, o tenente-coronel Claudio de Lucas Lima. Ele será substituído pelo tenente-coronel Maurício Faria da Silva. A megaoperação realizada na manhã desta terça-feira na Baixada Fluminense e em outros pontos do Rio prendeu 59 PMs e outros 11 acusados, totalizando 70 pessoas.A Operação Purificação visa cumprir 83 mandados de prisão, sendo 65 de PMs e 18 de traficantes e integrantes da quadrilha. Os policiais – à época lotados no 15º BPM, de acordo com investigações, recebiam propina dos bandidos para não coibir atividades criminosas em 13 favelas de Caxias dominadas por facção criminosa. Os mandados de busca e apreensão são cumpridos na casa dos denunciados e em batalhões da PM.
Megaoperação prende 59 PMs......
Operação Purificação cumpre mandados de busca e apreensão contra policiais militares suspeitos de ligação com o tráfico. PMs eram lotados no batalhão de Caxias na época do ínicio das investigações
Policiais do batalhão de Caxias são acusados de envolvimento com tráfico | Foto: Osvaldo Praddo / Agência O Dia
O principal alvo dos policiais era a favela Vai Quem Quer, mas eles agiam também nas comunidades Beira-Mar; Santuário; Santa Clara; Centenário; Parada Angélica; Jardim Gramacho; Jardim Primavera; Corte Oito; Vila Real; Vila Operário; Parque das Missões e Complexo da Mangueirinha. De acordo com investigações da SSINTE, PF e CI/PMERJ, os policiais militares não tinham um comando único e dividiam-se em 11 células autônomas.
PMs criraram apelidos para equipes
No núcleo do tráfico, Carlos Braz Vitor da Silva, o “Paizão” ou “Fiote”, é chefe do Comando Vermelho nas favelas de Caxias e, de acordo com investigações, mesmo preso na Penitenciária Vicente Piragibe, no Complexo de Bangu, mantém frequentes contatos telefônicos com seus subordinados e continua dando ordens e recebendo informações detalhadas sobre a rotina do tráfico nas favelas, decidindo inclusive sobre os valores a serem pagos no “arrego”.
A denúncia relata que um dos seus homens de confiança é Willian da Silva, “Pit” ou “Cabeça”, elemento de ligação entre a quadrilha e os policiais militares da região, sendo o responsável pelo pagamento das propinas e também da negociação do resgate de homens do bando seqüestrados por policiais, assim como a liberação dos carros apreendidos ilegalmente.
Foto: Estefan Radovicz / Agência O Dia
Outras peças importantes no bando de “Fiote”, de acordo com investigações, são Valdirene Faria Barros, vulgo “Val”, que atua intermediando pagamentos a equipes de policiais em extorsões sofridas por integrantes dos bandos, e Lemuel Santos de Santana, vulgo “Doutor”, que tem a função de contratar advogados para defender traficantes presos e orientar a quadrilha na relação com PMs corruptos. As investigações da SSINTE, PF e CI/PMERJ apontam que o preço da propina flutuava de acordo com a capacidade de venda de drogas pelos bandidos.
Durante as investigações da força-tarefa, foi possível contatar que os policiais militares conheciam bem os bandidos. Foragido da Justiça, Jeferson Ferreira Abrantes, o “Nando” ou “Sorriso”, que atuava no abastecimento das bocas de fumo da comunidade Vai Quem Quer, era alvo constante de extorsões dos PMs, que exigiam pagamento de valores em dinheiro para a manutenção da sua liberdade.
Foi descoberto ainda que, na tentativa de ocultar os seus nomes, os policiais militares criaram apelidos coletivos para as equipes. “Martelo”; “Rio do Ouro”; “Bonde do Chininha”; “Bonde do King Kong”; “Macumba” e “Munição” eram alguns dos codinomes. Para facilitar a comunicação traficantes e PMs também montaram um “dicionário próprio”: “Sintonia” (expressão usada pelos traficantes e policiais para definir o acordo de não interferência nas atividades ilícitas), barcas (Patamos); guerra (repressão ao tráfico de drogas e entorpecentes); “pequenos” (viaturas da marca Logan), entre outros.
DPO era usado para cometer crimes
Os policiais militares também demonstravam ousadia na hora de negociar armas. Segundo investigações da SSINTE, PF e CI/PMERJ e GAECO, em junho deste ano, o mesmo PM Vagner esconde dentro de uma geladeira de um barraco uma carabina calibre 12, para ser pega por um traficante. Além disso, deixou R$ 300 dentro do congelador como parte de um pagamento. Os policiais também usavam as dependências de Destacamento de Policiamento Ostensivo para cometer crimes, apontaram as investigações.
Secretário Beltrame e Coronel Erir Ribeiro dão detalhes da operação em coletiva da Operação Purificação | Foto: Divulgação
A operação conta com a participação da Subsecretaria de Inteligência (Ssinte) da Secretaria de Estado de Segurança (Seseg), Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Rio de Janeiro, a Coordenadoria de Inteligência da Polícia Militar e a Polícia Federal.
Em 2007, mais de 50 PMs do 15º BPM (Caxias) foram presos durante operação. Eles alertavam traficantes com antecedência sobre operações e negociavam prisões e libertações de bandidos. As investigações foram promovidas pela Corregedoria da PM.
O DIA
Megaoperação prende 59 PMs ligados ao tráfico de drogas
PMs presos em megaoperação sequestravam familiares de bandidos
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