27/01/13, 16:11
A diretoria da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Piauí (OAB-PI), recebeu a denúncia de que cinco presos, entre eles um rapaz menor de idade, foram vítimas de tortura dentro da delegacia de Corrente, situada no extremo Sul do Piauí. Os criminosos foram presos no último final de semana, por agentes da Polícia Militar, e teriam sido espancados dentro do distrito, que inclusive funciona em situações precárias.
O presidente da OAB-PI, Willian Guimarães e o secretário-geral da OAB-PI, Sebastião Rodrigues Júnior, acompanhados de integrantes da diretoria da Subseção da OAB em Corrente, estiveram, na última sexta-feira (25), na delegacia da cidade para conversar com os presos e apurar as denúncias. O que ouviram foi o relato de espancamento por parte dos cinco detentos, entre eles um menor de idade.
“Não somos contra a atuação forte da polícia, mas não podemos admitir a tortura ou qualquer tipo de violação aos direitos humanos, especialmente dentro de uma delegacia”, enfatiza Willian Guimarães. Segundo ele, há marcas de hematomas no rosto dos presos, que relataram terem sido retirados das celas e espancados por polícias militares após a prisão, no último final de semana, no povoado Santa Marta, zona rural de Corrente. Os homens são acusados de terem assaltado um posto de gasolina na cidade vizinha de Monte Alegre do Piauí.
Após conversar com os presos, a diretoria da OAB-PI afirmou que vai acompanhar o caso e fazer uma representação junto ao secretário estadual de Segurança, Robert Rios, além de pedir que a Polícia Militar apure as denúncias e aplique as devidas punições aos culpados. “Constatamos que os presos se encontram com várias e graves lesões. A OAB continuará vigilante e cobrará as punições para que elas sirvam de exemplo e desencorajem os policiais a terem atitudes como estas”, afirma Sebastião Rodrigues Júnior.
Imagens de câmeras serão requeridas
Willian Guimarães e outros membros da diretoria da seccional piauiense da OAB estavam em Corrente, na última sexta-feira, para empossar os novos dirigentes da subseção da Ordem no município e decidiram checar as denúncias no local. Na hora da visita à delegacia, os representantes da OAB-PI obtiveram a informação de que a delegada Daniele Dinali e Silva não estava na cidade.
Entretanto, os advogados observaram que havia câmeras no Distrito Policial justamente no local que dava acesso às celas. As imagens desses equipamentos serão requeridas para análise e para embasar, se for o caso, a representação da OAB-PI contra os agressores.
Durante a ida à delegacia de Corrente, a diretoria da OAB-PI ainda constatou que o local funciona de forma precária. No prédio, o telefone está cortado, há apenas uma moto para fazer o deslocamento de policiais e o único computador que funciona foi doado pela Prefeitura de Corrente. Além disso, são apenas quatro policiais civis e mais a delegada, Daniele Dinali e Silva, para atender a demanda das 14 cidades da região.
Segundo os advogados apuraram, por conta do déficit de policiais, há um acordo entre a PM e Polícia Civil no município para que os plantões no distrito sejam revezados e, na data da prisão dos presos que denunciaram a tortura, quem estava em atividade era o grupo da PM.
redacao@cidadeverde.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário