Nos anos 1990, Rio das Pedras ficou conhecida como a favela que não tinha tráfico. Por trás da “pacífica” comunidade, havia um grupo de moradores, a maioria vinda do Nordeste, que resolvia as questões à base da faca ou da bala. Com o crescimento habitacional, um grupo de paramilitares passou a cobrar pela segurança e a extorquir dinheiro dos moradores, cobrando por vários serviços, sendo o mais lucrativo o mercado clandestino da construção civil.
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Para se vender imóveis por lá, os negócios precisam ter o aval da Associação de Moradores de Rio das Pedras, que cobra pelas transações. O local funcionaria ainda, segundo investigações policiais, como um QG da milícia. Representantes da entidade não foram localizados para comentar a denúncia.
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“Cartório paralelo”
A confirmação dessa prática veio por meio de documentos apreendidos pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Rio, durante a Operação Intocáveis, de 22 de janeiro de 2019. Essa foi a primeira grande ação realizada no local, que também alcançou a Muzema, favela vizinha, na qual se chegou ao esquema de milicianos como o ex-capitão do Batalhão de Operações Especiais (Bope), Adriano da Nóbrega, morto na Bahia em fevereiro do ano passado. A ação do Gaeco ganhou o nome de “Intocáveis” justamente porque nunca ninguém ousou a investigar os milicianos das duas favelas.
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Entre o material apreendido na Associação de Rio das Pedras e em um imóvel da milícia na Muzema, havia notas promissórias e cheques em nomes de moradores locais.
Na denúncia da Operação Intocáveis, consta ainda que a milícia de Rio das Pedras e da Muzema são responsáveis pela extorsão de moradores e comerciantes com cobranças ilegais de taxas de “serviços”. Para regularizar imóveis ilegais, a quadrilha tem desde contador a despachantes para pagar propinas. O grupo das duas comunidades seria formado por policiais da ativa.
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Conforme interceptações telefônicas, a Muzema estaria sob o domínio do major da ativa da PM Ronald Paulo Alves Pereira. O oficial é apontado como parceiro de Adriano na exploração do setor imobiliário. Outro miliciano com muitas propriedades no local, boa parte alugada, é o primeiro-tenente reformado Maurício Silva da Costa, o Maurição. Ambos estão presos no Presídio Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte
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