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segunda-feira, 3 de setembro de 2018

Coronel da PM teria gravado desembargador a pedido de Paulo Taques


RAFAEL DE SOUSA
DA REDAÇÃO
RepórterMT/Reprodução

O militar contou que Paulo Taques, ex-chefe da Casa Civil, pediu para que ele gravasse o desembargador com o objetivo de afastá-lo da condução do processo que investiga um esquema de escutas ilegais em Mato Grosso

RAFAEL DE SOUSA
DA REDAÇÃO


Desembargador determinou a prisão de oito pessoas, na manhã desta quarta-feira (27), por obstrução à Justiça.
Em depoimento à Polícia Judiciária Civil (PJC), o tenente-coronel da Polícia Militar José Henrique Costa Soares revelou que gravou áudio de uma conversa que teve com o desembargador Orlando Perri, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, com o objetivo de afastá-lo da condução do processo que investiga um esquema de arapongagem no âmbito das Polícias Civil e Militar de Mato Grosso.
A confissão do militar culminou na Operação Esdras, da PJC, que prendeu, na manhã desta quarta-feira (27), o secretário de Justiça e Direitos Humanos, coronel Airton Benedito Siqueira Júnior; o ex-chefe da Casa Militar do Estado, o coronel Evandro Lesco; o ex-chefe da Casa Civil, Paulo Taques e o secretário afastado de Segurança Pública, Rogers Jarbas, além de outras quatro pessoas.
De acordo com a decisão de Perri, o tenente-coronel foi procurado por um dos integrantes do grupo, também preso nesta quarta-feira, quando nomeado escrivão do Inquérito Policial Militar (IPM).
Com a nomeação do Ten.-Cel. Soares para atuar como escrivão no Inquérito Policial-Militar, viram a oportunidade de intimidá-lo e subjugá-lo com as informações que o Dr. Paulo César Zamar Taques recolheu no confessionário de advogado, quando patrocinou seus interesses na ação de dissolução de sociedade de fato que debateu com seu irmão Ivan Costa Soares”, diz trecho do documento.
Taques, segundo a denúncia, queria aproveitar a proximidade e o acesso que Soares teria com Perri para gravá-lo com uma câmera escondida na farda do militar e, com isso, obter informações que provocasse seu afastamento da relatoria do processo dos grampos.
No entanto, mesmo após conseguir o áudio do desembargador, o grupo teria pedido que o militar obtivesse provas contundentes contra Perri, com uma gravação em vídeo contendo falas que caracterizasse parcialidade nas investigações.
Exigiram-lhe, então, fosse gravado, em vídeo, falas minhas – mesmo provocadas – que pudessem de alguma forma, atiçar-me a pecha de parcialidade”. (...) Cumpriu-se a contento a primeira missão. Com isso, angariou lhes confiança. Mas ainda era pouco, muito pouco o material obtido. Precisavam de mais. Necessitavam de imagens, que valem mais que mil palavras. Como as investigações se voltaram também contra o Secretário de Segurança Pública, e temendo que alguma medida cautelar fosse deferida contra ele no decorrer da semana que passou, ordenaram pressa no cumprimento da tarefa conferida. Não tardaram a colocar os rosários a trabalhar”, destacou.
Porém, no último dia 22, o tenente-coronel José Henrique Costa Soares procurou a delegada Ana Cristina Feldner, responsável pelas investigações, para confessar que atuou juntamente com o grupo, de acordo com Perri, liderado por Paulo Taques e Rogers Jarbas, para obstruir as investigações.
Revelou à autoridade policial toda a putredinosidade da inaudita trama criminosa, que estava a atentar não apenas contra o Relator dos procedimentos, mas contra o Estado de Direito e a própria democracia

RepórterMT | Coronel da PM teria gravado desembargador a pedido de Paulo Taques

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