RAFAEL
DE SOUSA
DA REDAÇÃO |
RepórterMT/Reprodução
O militar contou que Paulo
Taques, ex-chefe da Casa Civil, pediu para que ele gravasse o desembargador com
o objetivo de afastá-lo da condução do processo que investiga um esquema de
escutas ilegais em Mato Grosso
RAFAEL
DE SOUSA
DA REDAÇÃO |
Desembargador
determinou a prisão de oito pessoas, na manhã desta quarta-feira (27), por
obstrução à Justiça.
Em depoimento à Polícia Judiciária Civil (PJC), o tenente-coronel da
Polícia Militar José Henrique Costa Soares revelou que gravou áudio de uma
conversa que teve com o desembargador Orlando Perri, do Tribunal de Justiça de
Mato Grosso, com o objetivo de afastá-lo da condução do processo que investiga
um esquema de arapongagem no âmbito das Polícias Civil e Militar de Mato
Grosso.
A confissão do militar culminou na Operação Esdras, da PJC, que prendeu,
na manhã desta quarta-feira (27), o secretário de Justiça e Direitos Humanos,
coronel Airton Benedito Siqueira Júnior; o ex-chefe da Casa Militar do Estado,
o coronel Evandro Lesco; o ex-chefe da Casa Civil, Paulo Taques e o secretário
afastado de Segurança Pública, Rogers Jarbas, além de outras quatro pessoas.
De acordo com a decisão de Perri, o tenente-coronel foi procurado por um
dos integrantes do grupo, também preso nesta quarta-feira, quando nomeado
escrivão do Inquérito Policial Militar (IPM).
“Com a nomeação do
Ten.-Cel. Soares para atuar como escrivão no Inquérito Policial-Militar, viram
a oportunidade de intimidá-lo e subjugá-lo com as informações que o Dr. Paulo
César Zamar Taques recolheu no confessionário de advogado, quando patrocinou
seus interesses na ação de dissolução de sociedade de fato que debateu com seu
irmão Ivan Costa Soares”, diz trecho do documento.
Taques, segundo a denúncia, queria aproveitar a proximidade e o acesso
que Soares teria com Perri para gravá-lo com uma câmera escondida na farda do
militar e, com isso, obter informações que provocasse seu afastamento da
relatoria do processo dos grampos.
No entanto, mesmo após conseguir o áudio do desembargador, o grupo teria
pedido que o militar obtivesse provas contundentes contra Perri, com uma
gravação em vídeo contendo falas que caracterizasse parcialidade nas
investigações.
“Exigiram-lhe, então,
fosse gravado, em vídeo, falas minhas – mesmo provocadas – que pudessem de
alguma forma, atiçar-me a pecha de parcialidade”. (...) Cumpriu-se a contento a
primeira missão. Com isso, angariou lhes confiança. Mas ainda era pouco, muito
pouco o material obtido. Precisavam de mais. Necessitavam de imagens, que valem
mais que mil palavras. Como as investigações se voltaram também contra o
Secretário de Segurança Pública, e temendo que alguma medida cautelar fosse
deferida contra ele no decorrer da semana que passou, ordenaram pressa no
cumprimento da tarefa conferida. Não tardaram a colocar os rosários a trabalhar”, destacou.
Porém, no último dia 22, o tenente-coronel José Henrique Costa Soares
procurou a delegada Ana Cristina Feldner, responsável pelas investigações, para
confessar que atuou juntamente com o grupo, de acordo com Perri, liderado por
Paulo Taques e Rogers Jarbas, para obstruir as investigações.
“Revelou à autoridade policial toda a
putredinosidade da inaudita trama criminosa, que estava a atentar não apenas
contra o Relator dos procedimentos, mas contra o Estado de Direito e a própria
democracia”
RepórterMT | Coronel da PM teria gravado desembargador a pedido de Paulo Taques
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