Pai de morto após tiro equivocado no Rio não aceita desculpas de PM
Macaco hidráulico foi confundido com arma e policial disparou. Coronel de batalhão admitiu que militar errou no momento da abordagem.
30/10/2015 07h27 - Atualizado em 30/10/2015 09h11
O pai de um dos dois rapazes mortos no fim da tarde desta quinta-feira (29) na Pavuna, Subúrbio do Rio, afirmou que não desculpa o sargento do 41º BPM (Irajá) que admitiu ter atirado de forma equivocada nos jovens. O PM confundiu um macaco hidráulio com uma arma e disparou. O tiro atravessou os dois mototaxistas, identificados como Jorge Lucas Paes e Thiago Guimarães.
“Um militar veio pedir desculpas em nome da equipe e eu falei: ‘Amigo, não me leve a mal não, mas eu não vou aceitar a sua desculpa’. Não vou aceitar. Ele vai voltar? A punição do seu amigo, qual vai ser? Vai ficar preso um ou dois, três quatro meses e depois?”, questionou o pai de Thiago, Gilberto Lacerda.
PM admitiu erro
Em depoimento na delegacia, o sargento admitiu o erro no momento da abordagem. Testemunhas afirmaram que o garupa da moto segurava um macaco hidráulico. O policial pensou que se tratava de uma arma e atirou. O condutor perdeu o controle da direção e a moto bateu em um muro, matando os dois ocupantes.
Em depoimento na delegacia, o sargento admitiu o erro no momento da abordagem. Testemunhas afirmaram que o garupa da moto segurava um macaco hidráulico. O policial pensou que se tratava de uma arma e atirou. O condutor perdeu o controle da direção e a moto bateu em um muro, matando os dois ocupantes.
O comandante do batalhão de Irajá, coronel Marcos Netto, admitiu que o sargento agiu de forma errada no momento da abordagem aos jovens. “Ele não deveria atirar naquele momento uma vez que ele não tinha certeza daquele cenário. A orientação é atirar somente quando houver uma identificação positiva daquilo que se deve fazer. Na dúvida, não se deve atirar”, afirmou Netto.
PM admitiu que errou ao atirar nos dois jovens
na Pavuna (Foto: Reprodução/TV Globo)
na Pavuna (Foto: Reprodução/TV Globo)
Imprudência
Para a mãe do rapaz, o militar não honrou a farda da corporação ao agir com imprudência. “Quando eles recebem a farda deles, botam a mão na farda deles, fazendo juramento pela farda que eles vão usar, eles deveriam honrar a farda que eles usam. Mas pelo que está acontecendo, eles não estão honrando”, criticou a mãe de Thiago, Márcia Machado Guimarães.
O coronel ainda lamentou a morte dos dois jovens e destacou a coragem do PM em admitir o erro. “Gostaria de ressaltar também que identificar e decidir agir é muito difícil. Mas o sargento ao perceber que tomou uma medida equivocada, ele de imediato assumiu a sua postura e teve a coragem moral de dizer que naquele momento errou e por esse motivo foi apresentado a Delegacia de Homicídios”, afirmou o coronel.
Em nota, a Polícia Militar informou que o sargento confessou o ato e destacou que as famílias das duas vítimas receberam "solidariedade e apoio" por parte do comando do 41º BPM. O caso será investigado pela Divisão de Homicídios, que realizou a perícia no local onde os dois rapazes foram mortos.
Protesto
Um ônibus da linha 372 (Pavuna-Passeio) foi apedrejado e incendiado na Avenida Automóvel Clube após as duas mortes. Policiais militares conseguiram apagar o fogo no coletivo, que foi esvaziado antes de ser depredado por cerca de dez jovens com os rostos cobertos por camisetas.
Em nota, a Rio Ônibus manifestou "repúdio" ao ataque. Segundo um levantamento do sindicato, 19 ônibus foram queimados neste ano na cidade. "Com o ataque de hoje, cerca de 70 mil passageiros potencialmente deixarão de ser transportados durante o período de reposição. O prejuízo acumulado com os 19 ataques em 2015 já soma R$ 6,4 milhões", diz o texto.
Para a mãe do rapaz, o militar não honrou a farda da corporação ao agir com imprudência. “Quando eles recebem a farda deles, botam a mão na farda deles, fazendo juramento pela farda que eles vão usar, eles deveriam honrar a farda que eles usam. Mas pelo que está acontecendo, eles não estão honrando”, criticou a mãe de Thiago, Márcia Machado Guimarães.
O coronel ainda lamentou a morte dos dois jovens e destacou a coragem do PM em admitir o erro. “Gostaria de ressaltar também que identificar e decidir agir é muito difícil. Mas o sargento ao perceber que tomou uma medida equivocada, ele de imediato assumiu a sua postura e teve a coragem moral de dizer que naquele momento errou e por esse motivo foi apresentado a Delegacia de Homicídios”, afirmou o coronel.
Em nota, a Polícia Militar informou que o sargento confessou o ato e destacou que as famílias das duas vítimas receberam "solidariedade e apoio" por parte do comando do 41º BPM. O caso será investigado pela Divisão de Homicídios, que realizou a perícia no local onde os dois rapazes foram mortos.
Protesto
Um ônibus da linha 372 (Pavuna-Passeio) foi apedrejado e incendiado na Avenida Automóvel Clube após as duas mortes. Policiais militares conseguiram apagar o fogo no coletivo, que foi esvaziado antes de ser depredado por cerca de dez jovens com os rostos cobertos por camisetas.
Em nota, a Rio Ônibus manifestou "repúdio" ao ataque. Segundo um levantamento do sindicato, 19 ônibus foram queimados neste ano na cidade. "Com o ataque de hoje, cerca de 70 mil passageiros potencialmente deixarão de ser transportados durante o período de reposição. O prejuízo acumulado com os 19 ataques em 2015 já soma R$ 6,4 milhões", diz o texto.
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