Publicado em Justiça Estadual
Quarta, 30 Abril 2014 15:11Seis policiais militares acusados de envolvimento no desaparecimento do menino Murilo Soares Rodrigues, que tinha 12 anos na época, devem participar na tarde desta quarta-feira (30) de uma audiência de instrução no Fórum de Goiânia. O sumiço aconteceu há nove anos após uma abordagem policial. Na sessão, o juiz Jesseir Coelho de Alcântara, responsável pelo caso, irá definir se os PMs irão ou não a júri popular.
O caso também foi investigado pela Polícia Federal na Operação Sexto Mandamento, que apurou em 2011 a existência de grupos de extermínio em Goiás. Por causa disso, segundo o juiz, houve demora na conclusão do processo até a audiência. “Demorou um pouco a apuração, pois inicialmente o caso passou pela Polícia Civil e depois, pela Federal. Isso atrasou um pouco”, explicou.
No dia do sumiço, em 22 de abril de 2005, Murilo estava de carona no carro do servente de pedreiro Paulo Sérgio Pereira Rodrigues, com 21 anos na época. O rapaz tinha uma passagem por homicídio e, segundo a família, era constantemente perseguido por PMs. Os dois estavam em um Fiat Palio azul claro, que pertencia ao pai do jovem, quando foram abordados em uma blitz por agentes da Ronda Ostensiva Tática Metropolitana (Rotam), a tropa de elite da Polícia Militar.
Conforme familiares dos garotos, os dois saíram de casa para buscar um cabo de bateria para carro na casa de um conhecido, mas não chegaram ao destino. Os dois foram vistos pela última vez na Rua Tapajós, na Vila Brasília, em Aparecida de Goiânia. No local, testemunhas viram o momento em que dois veículos da Rotam interceptaram o carro.
Segundo o inquérito policial, os veículos estavam fora da área de atuação. Mesmo assim, os militares fizeram o carro parar e revistaram Paulo Sérgio. Em seguida, as vítimas foram obrigadas entrar novamente no Palio. Um dos policiais teria sentado no banco de trás e o seguiu então para um destino, até hoje desconhecido, escoltado pelos carros da polícia.
O que aconteceu depois disso ainda é um mistério e tanto Murilo quanto Paulo Sérgio nunca foram encontrados. Apesar do sumiço dos dois na mesma abordagem, segundo o juiz Jesseir, a audiência de instrução desta quarta-feira é referente apenas ao desaparecimento de Murilo. Os policiais respondem ao processo em liberdade. “Depois de toda a colheita de provas, o interrogatório dos policiais vai dar subsídios para a análise sobre o júri popular”, ressaltou.
Carro queimado
A principal pista do caso é o carro, que foi encontrado no dia seguinte à abordagem policial no setor Alto do Vale, em Goiânia. Ele estava sem as rodas, equipamentos de som e totalmente queimado. Não havia sinais de corpos.
A principal pista do caso é o carro, que foi encontrado no dia seguinte à abordagem policial no setor Alto do Vale, em Goiânia. Ele estava sem as rodas, equipamentos de som e totalmente queimado. Não havia sinais de corpos.
A perícia comprovou que o incêndio foi criminoso e o Ministério Público Estadual (MP-GO) garantiu ter provas do envolvimento dos policiais. "Nós temos testemunhas que indicam os números finais da viatura. Nós temos a prova técnica de comunicação que foi feita por um dos denunciados, mais ou menos 25 a 27 minutos após o acontecimento", alegou o promotor de justiça Maurício Gonçalves.
Na gravação, segundo o MP-GO, um dos suspeitos pergunta se colocasse fogo nos corpos junto com pneus deixaria algum vestígio. Fonte: G1
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