Grupo 'esculacha' torturadores e médicos da ditadura militar
Protestos ocorrem em várias cidades do País; ativistas manifestam apoio à Comissão da Verdade
14 de maio de 2012 | 11h 37
João Coscelli, do estadão.com.br - Texto atualizado às 15h42
SÃO PAULO - Manifestantes fazem uma nova rodada de "esculachos" contra torturadores e agentes ligados à ditadura segunda-feira, 14, em cidades de 12 Estados do País. Os protestos ocorrem poucos dias depois de a presidente Dilma Rousseff nomear os membros da Comissão da Verdade, destinada a esclarecer casos de violações de direitos humanos ocorridas entre 1946 e 1988. No Guarujá, litoral de São Paulo, cerca de cem pessoas protestaram em frente ao prédio onde mora tenente-coronel reformado Maurício Lopes Lima, denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF) como torturador. Membros do grupo Levante Popular da Juventude, que organiza os atos, afirmaram ter recebido informações de que o ex-militar, chamado de "torturador pra presidente Dilma", estaria em casa, mas ele não se manifestou. O protesto teve início às 10h e durou uma hora.
'Esculacho' contra torturadores e médicos da ditadura
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Manifestantes fazem uma nova rodada de 'esculachos' contra torturadores e agentes da ditadura Levante Popular da Juventude/Divulgação
'Esculacho' contra torturadores e médicos da ditadura
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No Guarujá, litoral de São Paulo, cerca de cem pessoas protestaram em frente ao prédio onde mora tenente-coronel reformado Maurício Lopes Lima Levante Popular da Juventude/Divulgação
'Esculacho' contra torturadores e médicos da ditadura
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Manifestantes afirmaram ter recebido informações de que o ex-militar, chamado de 'torturador pra presidente Dilma', estaria em casa, mas ele não se manifestou Levante Popular da Juventude/Divulgação
Em Belo Horizonte, o alvo do esculacho foi João Bosco Nacif da Silva, médico-legista da Polícia Civil da ditadura, que teria atestado uma laudo médico de suicídio para um prisioneiro torturado em uma delegacia da capital mineira em 1969. Cerca de 50 pessoas compareceram em frente ao prédio do médico com cartazes denunciando sua participação na repressão. De acordo com um dos manifestantes, Nacif da Silva se exaltou e tentou agredi-los, o que motivou o encerramento precoce do ato. A Polícia Militar apenas acompanhou a ação.
O grupo também promoveu manifestação em frente à residência do general da reserva José Antônio Nogueira Belham, denunciado como torturador do militante Rubens Paiva. Belham, que atualmente mora na zona sul da capital fluminense, foi o chefe do DOI-CODI (Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna) do Rio durante a ditadura.
Na capital baiana, quem recebeu o esculacho foi Dalmar Caribé, cabo do Exército acusado de ser o responsável pelos assassinatos dos militantes Carlos Lamarca e Zequinha Barreto. Em Recife, o desembargador aposentado Aquino de Farias Reis, ex-delegado do Dops também foi alvo de manifestação.
Houve protestos também em Teófilo Otoni (interior de Minas), João Pessoa (Paraíba), Belém (Pará), Aracaju (Sergipe), Fortaleza (Ceará) e em Natal (Rio Grande do Norte).
Segundo o Levante, os esculachos - ou escrachos - são ações similares às promovidas na Argentina e no Chile, em que jovens fazem atos de denúncias e revelações de torturadores da ditadura militar que não foram presos ou julgados. No início de abril, um protesto semelhante foi realizado em São Paulo contra Harry Shibata, médico que teria atestado o suicídio do jornalista Vladimir Herzog, em 1975.
Ao final da rodada de esculachos, o Levante divulgou um vídeo com as "fichas" dos envolvidos na repressão.
As manifestações desta segunda são as primeiras desde a nomeação da comissão. Além de apoiar o grupo, os ativistas cobram a localização e identificação dos restos mortais de desaparecidos políticos e exigem que os torturadores sejam julgados e punidos.
Os membros da Comissão da Verdade - José Carlos Dias, Gilson Dipp, Rosa Maria Cardoso da Cunha, Cláudio Fonteles, Paulo Sérgio Pinheiro, Maria Rita Kehl e José Paulo Cavalcanti Filho - tomam posse nesta quarta-feira.
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