Constança Rezende, O Estado de S. Paulo
24 Outubro 2017 | 13h51
RIO - O tenente da Polícia Militar David dos Santos Ribeiro, de 30 anos, acusado de matar com um tiro a turista espanhola Maria Esperanza Jiménez Ruiz em um carro na favela da Rocinha na manhã da segunda-feira, 23, foi indiciado por homicídio qualificado, informou o titular da Divisão de Homicídios, delegado Fábio Cardoso. Ele requereu a conversão da prisão do oficial de prisão em flagrante para preventiva, que não tem prazo para acabar. De acordo com o delegado, as investigações comprovaram que um tiro de fuzil “de alta energia” disparado por Ribeiro atingiu fatalmente o pescoço da vítima. Por pouco não alvejou o motorista do veículo, o italiano Carlo Zanineta, que trabalhava para a agência de turismo promotora do passeio na comunidade.
"O tiro atingiu o pescoço da vítima, que estava no banco de trás, provocando uma lesão muito grande, e também atingiu a parte traseira do encosto do banco do motorista. Então, por muito pouco, o motorista também não foi atingido e morto por um tiro na cabeça", afirmou o delegado, durante coletiva para imprensa, nesta terça-feira, 24.
O delegado lembrou o conflito de versões entre PMs (que afirmaram que o motorista do veículo onde estava Maria Esperanza desobedeceu uma ordem para parar) e testemunhas que estavam no carro (que negam ter visto a determinação do policial). O veículo foi atingido duas vezes: uma no vidro traseiro, outra no para-choques de trás. Houve, porém, outros disparos.
"Tenho que ressaltar que, o fato de um carro não acatar a ordem de parada, não dá o direito de os policiais atirarem", afirmou o delegado. "Os turistas inclusive relataram que, durante o trânsito na Rocinha, viram vários policiais fardados e se sentiram seguros. Só que, infelizmente, um policial atirou contra o veículo com um fuzil e matou Maria Esperanza", afirmou.
Outros dois policiais estavam com Ribeiro na ação. Um deles, o soldado Luis Rangel, também atirou para o alto, mas não foi indiciado pela DH. Também foi preso, por disparo de arma de fogo, um crime militar. A outra testemunha foi o tenente Diego Marcos Scofano. Os dois prestaram depoimentos como testemunhas do homicídio. Com o grupo, foram apreendidos três fuzis e três pistolas para análise. Em depoimento, Ribeiro se reservou o direito de ficar calado.
Segundo Cardoso, o corpo de Maria Esperanza já foi necropsiado e pode ser retirado do Instituto Médico Legal (IML). A mulher estava no Brasil desde o último dia 20.
Por nota, a assessoria de imprensa da Polícia Militar negou que o corregedor da PM, o Coronel Wanderby Braga de Medeiros, tenha pedido exoneração do cargo após o episódio. "O Coronel Wanderby Braga de Medeiros permanecerá no cargo de Corregedor até ordem contrária do Comandante-Geral", informou.
NOTÍCIAS RELACIONADAS
Aviso: Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do Estadão. É vetada a inserção de comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros. O Estadão poderá retirar, sem prévia notificação, comentários postados que não respeitem os critérios impostos neste aviso ou que estejam fora do tema proposto. É possível digitar até 600 caracteres.
Nenhum comentário:
Postar um comentário