SÃO PAULO — Com a terceira maior taxa de homicídios do Brasil e palco de sangrentos conflitos de terra, o Pará tem agora uma nova lista de marcados para morrer — repleta de advogados. De 2011 até hoje, segundo a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no Pará, dez advogados foram executados e oito foram vítimas de ameaças ou atentados realizados no estado. A última execução ocorreu no último dia 24, fora do Pará. O advogado Jackson Souza e Silva, de 45 anos, presidente da subseção da OAB em Parauapebas, foi morto em Manaus por dois homens numa moto.
Para Jarbas Vasconcelos, presidente da seccional da OAB no Pará, Silva foi executado por ter denunciado diversas irregularidades na Prefeitura de Parauapebas, município onde fica Carajás, a maior mina de minério de ferro a céu aberto do mundo. E, segundo ele, a ousadia é grande. Uma lista com nomes de pessoas marcadas para morrer foi afixada em bares de Parauapebas e também circulou pela internet.
De acordo com Vasconcelos, Silva só se deu conta do perigo quando viu seu nome na lista, ao lado de pessoas que já tinham sido assassinadas. Cinco dias antes de ser morto, ele denunciou as ameaças em Belém, e a OAB pediu providências da Secretaria de Segurança Pública do Pará. Não adiantou. Silva foi morto a tiros de escopeta. Tinha R$ 1.640 no bolso, notebook e celulares. Nada foi levado.
Vasconcelos diz que as mortes são fruto da impunidade. Apenas num dos dez casos os pistoleiros foram julgados e condenados. O mandante do crime, não. Segundo ele, os antigos pistoleiros que agiam no Pará se aliaram a grupos de extermínio de policiais militares, que agora também matam por encomenda para fazendeiros, “poderosos” e para o crime organizado. Em Parauapebas, diz Vasconcelos, é fácil mandar matar e ser morto.
— Impera a lei do silêncio. Vê-se morrer, mas não se pode dizer quem matou. É fácil matar, barato pagar e quem vê não vai falar — afirma.
Vasconcelos conta que um dos advogados mortos, George Machado, foi executado em Marabá, em abril de 2014, num dia de em que autoridades de Segurança e Justiça participavam de uma homenagem à OAB do município. O crime ocorreu numa rua de grande movimento, mas não teve testemunhas. Segundo ele, a impunidade alimenta a pistolagem, e a participação de PMs piora a situação. Vasconcelos afirma que Raul Fonseca, do Conselho Federal da OAB, foi escoltado pela Polícia Civil ao acompanhar o julgamento dos pistoleiros em Cametá (PA). O carro da escolta foi seguido, e ele foi orientado a não dormir na cidade.
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