8 de novembro de 2011
Marinha precisa de R$ 223 bilhões até 2030, diz almirante
Marcos Magalhães
O fortalecimento do poder naval brasileiro, com o objetivo de garantir a soberania nacional sobre riquezas como as reservas de petróleo da plataforma submarina, exigirá investimentos de R$ 223,5 bilhões até 2030. Os números foram apresentados pelo chefe do Estado Maior da Armada, almirante-de-esquadra Luiz Umberto de Mendonça, durante audiência pública promovida nesta segunda-feira (7) pela Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE).
Até o ano de 2030, disse o almirante, será necessária a aquisição de 20 submarinos convencionais e de seis submarinos nucleares, entre outras embarcações, além da constituição de uma segunda esquadra a ser sediada em um estado ainda não definido das regiões Norte e Nordeste. Com o investimento previsto, explicou, será possível desenvolver os mais importantes projetos da Marinha, como o programa nuclear.
- Não é megalomania. A estratégia de dissuasão é prioritária em tempos de paz e a melhor forma de se evitarem conflitos armados. Por isso, precisamos do aporte continuo de recursos financeiros – afirmou Mendonça durante o painel “Pré-Sal: Papel das Forças Armadas na defesa do patrimônio e alocação de recursos para essa finalidade”, parte do terceiro ciclo do conjunto de debates promovido pela comissão a respeito dos “Rumos da Política Externa Brasileira (2011-2012)”.
Na abertura da audiência, que foi presidida pelo senador Cristovam Buarque (PDT-DF) e contou com a presença de diplomatas de oito países, o professor Simon Rosental, da Escola Superior de Guerra, observou que o mundo só dispõe de reservas conhecidas de petróleo para os próximos 45 anos – e os Estados Unidos para apenas 10 anos. Em sua avaliação, o século 21 marcará o fim do período histórico de queima de petróleo como combustível.
- O Brasil descobriu o pré-sal quando no mundo as reservas declinam. O que devemos fazer? Utilizar as três Forças conjuntamente para garantir poder de dissuasão sobre toda essa área e defender a soberania e a integridade do país. É muito comum ouvirmos que não há necessidade de recursos para as Forças Armadas, pois estamos no Atlântico Sul, o lugar mais tranquilo do planeta. Há certa verdade nisso, mas o erro é o foco. A ameaça vem da linha do Equador para cima – alertou Rosental.
O presidente da Comissão Coordenadora do Programa Aeronave de Combate, brigadeiro-do-ar Carlos de Almeida Baptista Junior, afirmou que a região onde se encontram as reservas do pré-sal serão uma “área sensível” do território brasileiro, onde o país precisa estar preparado para garantir “pronta resposta” a qualquer ameaça externa. Ele informou que será montado para a região um moderno sistema de controle de tráfego aéreo e disse que aguarda “com ansiedade” a decisão final do governo a respeito da compra dos novos caças para a Força Aérea Brasileira.
- Todos devemos estar prontos para uma resposta a qualquer ato contra nossos interesses. O pré-sal é e será ponto de cobiça de muitos atores mundiais. Trata-se de uma riqueza que precisa ser defendida, por isso a dissuasão deve ser real e permanente – observou Baptista.
Ao comentar os pronunciamentos dos convidados, Cristovam observou que, se os investimentos necessários à defesa dos recursos do pré-sal forem maiores do que os necessários anteriormente à defesa do país, esses investimentos deveriam ser feitos com recursos provenientes dessas próprias riquezas e “não da nação brasileira como um todo”. Por sua vez, a senadora Ana Amélia (PP-RS) ressaltou a necessidade de se manter uma atenção especial à defesa da Amazônia, apesar da ênfase atual à região onde se encontram as jazidas de petróleo.
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