Rio de Janeiro
Maria de Fátima Silva afirma que PMs lavaram local onde corpo foi encontrado. Laudo aponta disparo de arma de fogo como causa da morte
O dançarino Douglas Rafael da Silva, o DG, ao lado de Regina Casé, apresentadora do 'Esquenta'(Reprodução/Facebook)
A auxiliar de enfermagem Maria de Fátima Silva, de 56 anos, mãe do dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira, de 26 anos, o DG, prestou depoimento na tarde desta quarta-feira na 13ª Delegacia de Polícia (Ipanema). Antes de falar à Polícia Civil, afirmou ter "certeza" de que o filho, que era dançarino do programa Esquenta, da Rede Globo, foi torturado e morto por policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Pavão-Pavãozinho. "A UPP é um farsa, uma mentira. Meu filho não morreu de queda. Tenho certeza que (os policiais) torturaram e mataram meu filho. A morte dele não vai ficar por isso mesmo, vou processar o Estado", disse.
Maria de Fátima disse ainda que quando Douglas foi encontrado no pátio de uma creche no alto da favela seu corpo e seus documentos estavam molhados. "Não choveu entre a noite de segunda e a madrugada de ontem (terça, quando o crime teria acontecido). Meu filho teve afundamento na cabeça, um corte no supercílio e está com o nariz machucado, com uma mancha roxa", contou.
O enterro de DG está previsto para as 15h desta quinta-feira, no cemitério São João Batista, em Botafogo, Zona Sul. "Quero que ele seja enterrado sem maquiagem para que todos vejam o que fizeram com meu filho", disse Maria de Fátima.
A auxiliar de enfermagem mostrou o laudo preliminar que atestou que a causa da morte do dançarino foi "hemorragia interna decorrente de laceração pulmonar decorrente de ferimento transfixante do tórax devido ou como consequência de ação pérfuro-contundente". O laudo definitivo deverá sair em até 30 dias. "Se esse laudo não apontar exatamente o que aconteceu com meu filho, eu mando desenterrá-lo e fazer outro laudo".
Segundo Maria de Fátima, moradores do Pavão-Pavãozinho contaram terem visto policiais militares usando luvas cirúrgicas. Para ela, a cena do crime foi desfeita propositalmente para dificultar as investigações. "Lavaram a cena do crime. Eu fui militar e sei disso. Tem sangue na parede. Além disso, a ex-namorada dele, mãe de sua filha, disse que ele estava em posição de defesa quando foi encontrado. E para que os PMs estavam de luva cirúrgica? Desde quando PM é perito?", acusou.
A mãe de Douglas contou que seu filho tinha uma rixa com policiais da UPP desde 2011, quando estava de moto e foi parado em um blitz. "Quando foi parado, ele respondeu mal a um policial. Por isso, foi levado à sede da UPP, ficou sentado lá dentro e me ligaram. Depois que meu filho foi liberado, o tanque da moto dele estava cheio de areia e tivemos que arrastá-la. A moto foi um presente meu para ele", contou.
(Com Estadão Conteúdo)
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