BRASIL
Assassinado em seu sítio no Rio de Janeiro, Paulo Malhães havia dado detalhes sobre ação de agentes do Centro de Informações do Exército para impedir identificação de mortos durante a repressão militar.
A Comissão Nacional da Verdade (CNV) pediu ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que a Polícia Federal acompanhe as investigações sobre a morte do ex-agente do Centro de Informações do Exército, Paulo Malhães. Investigadores tentam descobrir as circunstâncias da morte do militar reformado de 76 anos para saber se foi um caso de latrocínio, vingança ou queima de arquivo. No final de março, Malhães admitira ter praticado tortura, mortes e desaparecimento de presos políticos durante a ditadura militar.
O corpo do coronel foi enterrado neste sábado (26/04) no Rio de Janeiro. Ele havia sido encontrado morto na manhã da sexta-feira em seu sítio na zona rural de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.
Em depoimento à Comissão Nacional da Verdade no mês passado, Malhães revelou que agentes doCentro de Informações do Exército mutilavam corpos de vítimas da ditadura militar assassinadas naCasa da Morte, em Petrópolis, arrancando as arcadas dentárias e as pontas dos dedos para impedir a identificação, caso fossem encontrados. Ele também deu sua versão sobre a operação do Exército para o desaparecimento dos restos mortais do deputado federal Rubens Paiva.
Durante o depoimento, ele afirmou ter medo de represálias contra sua família pelas revelações que fizera. No entanto, ele não pediu proteção policial. Malhães teve o cuidado de citar apenas nomes de agentes da repressão que já estão mortos. Ele chamou suas vítimas de "terroristas" e afirmou não ter arrependimento sobre seus atos.
Segundo a polícia, três homens invadiram a casa, amarraram a mulher do coronel e o caseiro e procuraram armas. Depois, mataram o militar. Seu corpo foi encontrado com marcas no rosto e pescoço. A polícia trabalha com a suspeita de que ele teria sido asfixiado.
MSB/abr/lusa
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