O guarda civil Sérgio Manhanhã e o ex-PM Victor Cristilder durante julgamento em OsascoImagem: ALOISIO MAURICIO/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO
O ex-policial militar Victor Cristilder Silva dos Santos e o guarda civil de Barueri Sergio Manhanhã foram absolvidos na tarde de hoje (26) da acusação de participação na chacina de Osasco e Barueri, em agosto de 2015, a maior já registrada no estado de São Paulo, com 17 mortes e 7 feridos. Ambos devem ser libertados amanhã.
Este foi o segundo julgamento de ambos. Em 2017, Manhanhã havia sido condenado a 110 anos de prisão pela participação em 11 mortes e duas tentativas de homicídio. Em 2018, Cristilder foi condenado a 119 anos de prisão por 12 mortes e quatro tentativas de assassinato.
Os debates entre acusação e defesa terminaram hoje às 14h. Após uma pausa para o almoço, os jurados se reuniram na sala secreta para votar. A decisão foi anunciada às 15h20. Não cabe recurso de decisão de absolvição após um segundo júri.
Novo júri durou cinco dias
O novo julgamento, que começou segunda (22) e terminou nesta sexta, foi realizado após o Tribunal de Justiça de São Paulo ter anulado as condenações de Cristilder e Manhanhã por entender que os jurados haviam julgado de forma parcialmente contrária aos autos.
A decisão do TJ não atingiu os outros dois PMs acusados pela chacina. Fabrício Eleutério e Thiago Henklain foram condenados em 2017 a 255 e 247 anos de prisão, respectivamente, e seguem presos. Apesar das penas acima de cem anos, os acusados ficarão presos, no máximo, por 30 anos.
Segundo a Promotoria, as vítimas foram mortas e feridas por um grupo de agentes de forças de segurança que se uniram para vingar os assassinatos do PM Admilson Pereira de Oliveira, em 8 de agosto de 2015, em Osasco, e do guarda civil Jeferson Luiz Rodrigues da Silva, no dia 12 de agosto daquele ano, em Barueri.
Em 2019, a Polícia Militar expulsou da corporação os três PMs réus pela chacina.
Após a decisão, o advogado comemorou com as famílias dos policiais e liderou uma oração com eles. As famílias das vítimas choraram e lamentaram a decisão. Zilda pediu às outras mães que não chorassem. "Não interessa quem ganha ou que perdeu aqui, todas nós perdemos nossos filhos", disse ela após o resultado. Ela disse que não pretende processar o advogado pela acusação contra ela.
O promotor de Justiça Marcelo Alexandre de Oliveira disse após o julgamento que continua acreditando na participação do ex-PM e do guarda civil na chacina, mas que pesou muito no julgamento a decisão do TJ que anulou o primeiro júri.
Defesa citou absolvição de réu em outro caso e atacou mãe de vítima
O advogado dos réus, João Carlos Campanini, juntou 20 mil novas páginas de documentos ao processo após a absolvição do ex-PM em outro caso em que ele era acusado do assassinato de Michael do Amaral Ribeiro, uma das seis vítimas da pré-chacina de Carapicuiba, Itapevi e Osasco, que aconteceu 5 dias antes da chacina de Osasco e Barueri.
A defesa usou a absolvição de Cristilder naquele processo, pedida pelo Ministério Público em Carapicuíba, para convencer os jurados da inocência dos seus clientes.
O julgamento de Cristilder em Carapicuíba aconteceu em 26 de novembro de 2020 e estava previsto para ocorrer depois do julgamento do PM e Manhanhã pela chacina de Osasco e Barueri, que acabou adiado para fevereiro em virtude de uma suspeita de covid-19 do advogado que não se confirmou.
Em plenário, Campanini também acusou sem provas a aposentada Zilda Maria de Paula, 67, líder das mães de vítimas da chacina de Osasco e Barueri, e uma jornalista que cobriu o caso, de ligação com o PCC, em virtude de o movimento de Zilda ser apoiado pelas Mães de Maio. Questionado sobre a estratégia, o advogado disse que, em postagens no Facebook a mãe do réu chamou o julgamento de palhaçada e que isso indica que ela não acredita na acusação.
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