Jovem morto por PMs na favela do Moinho tinha marcas de agressões
Irmã diz que policiais ficaram em barraco por mais de meia hora antes de saírem com corpo
- SÃO PAULO
Gustavo Basso, do R7
Foi confirmada na tarde desta terça-feira (27) a morte de Leandro dos Santos, de 19 anos. Ele deu entrada na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo no fim da manhã de hoje, após ser agredido e baleado durante uma operação policial na favela do Moinho, centro da capital.
O corpo do rapaz tinha sinais de agressão, incluindo dentes quebrados e inchaço no rosto, segundo informaram parentes do jovens. A família de Santos acusa os PMs de o agredirem com um martelo ao perseguí-lo dentro de um dos barracos da favela. A reportagem do R7 encontrou no local um martelo ensanguentado.
Leandro levou cinco tiros: três na barriga e dois nas costas. A PM diz que ele estava armado e afirma ter apreendido um revólver calibre 38 no local onde ele foi morto.
Apesar de ter sido levado para o pronto-socorro, o relatório aponta que o horário da morte foi 11h14. Nessa hora, ele ainda estava na favela do Moinho e não tinha chegado à Santa Casa.
A mãe dele, Maria Odete de Souza, diz que o filho era dependente químico, mas que não praticava crimes. Letícia de Souza, uma das irmãs do garoto, relata que o encontrou momentos antes da chegada dos policiais.
— Quando a PM entrou na favela, meu irmão estava com uns amigos dele sob efeito de cocaína. Ele tem vergonha de mim quando fica assim. Assim que apontaram a espingarda, ele se assustou e correu para dentro da casa do vizinho. A moradora foi arrancada de dentro [da casa] e entraram muitos policiais no barraco. Eles ficaram com meu irmão lá por uns 30, 40 minutos. Nesse meio tempo eu escutei uns barulhos de tiro abafados.
A dona da casa para onde o jovem fugiu, Lucimar Oliveira Santana, foi levada pelos policiais à delegacia e seu marido impedido de acompanhá-la. Mais de duas horas depois do ocorrido, Cristiano Machado não sabia para onde sua esposa havia sido encaminhada.
Na versão inicial dos policiais, o garoto teria atirado contra viaturas que faziam uma operação na favela e fugido.
A irmã de Leandro conta que a família tentou saber o que se passava dentro do barraco, mas foi impedida.
— Sempre que eu perguntava, diziam que não estavam fazendo nada, que já falariamos com meu irmão. Até que vieram com a maca e o saco para corpo. Nesse momento meu outro irmão, Lucas, entendeu o que acontecia e partiu para cima dos policiais. Um deles sufocou ele até quase morrer. Eu e minha cunhada fomos agredidas tentando separá-los. Ela levou um chute na boca.
O caso será investigado pelo DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa).
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