Essa e a verdadeira cara da nossa Segurança Publica

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terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Operação desarticula quadrilha que explorava

29/02/12
Goiás
  Máquinas caça-níqueis....
PF cumpre 82 mandados judiciais a policiais militares, civis, rodoviários e a um servidor da Justiça estadual goiana
O Globo
Policiais federais em operação que cumpre 35 mandados de
prisão por exploração de máquinas Caças-Níqueis
Ketllyn Fernandes e Déborah Gouthier
Foi deflagrada no início da manhã desta quarta-feira, 29, a Operação Monte Carlo, cujo objetivo é desarticular a organização que explora, há cerca de 17 anos, máquinas caça-níqueis em Goiás. Trata-se de uma ação em conjunto entre a Polícia Federal e o MPF-GO (Ministério Público Federal em Goiás), com apoio do Escritório de Inteligência da Receita Federal.

Ao todo, estão sendo cumpridos 82 mandados judiciais, dos quais 37 são de busca e apreensão, 35 de prisão e dez ordens de condução coerciva em cinco estados, entre eles Goiás, Distrito Federal (DF) e Rio de Janeiro (RJ). As ordens de prisão foram expedidas pelo juiz Paulo Augusto Moreira, da 11ª Vara Federal de Goiânia. São alvos da operação, além de pessoas relacionadas à exploração do jogo, servidores públicos, como policiais militares, civis, federais e rodoviários. Até o momento, foram cumpridos 31 prisões temporárias, 10 ordens de condução coercitiva, além de buscas e apreensões. Seis casas de jogos foram fechadas, duas em Goiânia e quatro em Valparaíso de Goiás (região do Entorno), tendo sido recolhidas cerca de 200 máquinas caça-níqueis. Conforme as investigações, somente um desses estabelecimentos arrecadou, em seis meses, R$ 3 milhões.

Estão inclusos entre os mandados de prisão já cumpridos o empresário Carlos Augusto Ramos, conhecido como Carlinhos Cachoeira - considerado um dos maiores operadores de bingo de Goiás; o empresário e ex-presidente da Câmara Municipal de Goiânia, Wladmir Garcez;  seis delegados da Polícia Civil de Goiás (Aredes Correia Pires - corregedor-geral da Secretaria de Segurança Pública e Justiça -, Juracy José Pereira - delegado regional da PC em Luziânia -, Niteu Chaves Júnior - titular do 2° DP de Luziânia - , Marcelo Mauad - titular do 2° DP de Valparaíso -, José Luis Martins de Araújo - titular do 1° DP de Águas Lindas de Goiás -, e Hylo Marques Pereira - titular da Delegacia de Alexânia); dois delegados da PF lotados em Goiânia (Deuselino Valadares e Fernando Bayron); um capitão; um major; dois sargentos; três tenentes-coronéis (entre eles Sérgio Katayama, comandante do Comando do Policiamento da Capital); 18 soldados da PM goiana e quatro cabos. Também estão entre os servidores públicos envolvidos no esquema um policial rodoviário e um servidor da Justiça do Estado de Goiás. Eles recebiam propinas mensal e semanalmente para trabalharem para a organização criminosa.
Algumas identidades dos envolvidos ainda não foram oficialmente divulgadas, pois o processo segue em segredo de Justiça. Sobre seu suposto envolvimento, o coronel Sérgio Katayama declarou ao Jornal Opção que não sabe porque seu nome está sendo citado na lista dos envolvidos. Entretanto, ele entregou o cargo durante a tarde desta quarta-feira, para que as investigações corressem com a devida transparência. O sub-comandante do CPC, Márcio Gonçalves Queiroz, assumiu o cargo interinamente.

Segundo as investigações, iniciadas há 15 meses, existe uma forma de franquia para este tipo de crime, em que o chefe da quadrilha concedia licenças de exploração dos pontos para proprietários de galpões clandestinos sediados em Goiânia e Valparaíso de Goiás. Nesse contexto, policiais civis e militares realizavam o serviço de fechar locais que não possuíssem a autorização do chefe da quadrilha.

Carlinhos Cachoeira
Na capital goiana, o comando era liderado por Carlinhos Cachoeira, que devido ao seu forte poderio econômico, determinava a abertura e o fechamento de pontos de jogos em Goiânia. Ele foi preso em sua residência, no condomínio Alphaville em Goiânia, onde também foram apreendidos, além de computadores, joias e documentos, R$ 180 mil em espécie. Os policiais que executaram a prisão relataram que ele não esboçou nenhuma reação no momento e que se recusou a prestar depoimento, declarando que só falaria sobre as acusações em juízo. Cachoeira foi levado para a Superintendência da PF, em Brasília, e de lá deverá ser transferido para um presídio Federal de segurança máxima.

Cachoeira ficou conhecido nacionalmente em 2004, após ter divulgado um vídeo sobre o escândalo Waldomiro Diniz, então assessor da Casa Civil. De acordo com a PF, ele está sendo acusado de subornar servidores públicos, policiais e autoridades para garantir a livre exploração de caca-níqueis próprios e destruir eventuais concorrentes. "Ele é suspeito também de pagar a policiais para receber com antecedência informações sobre fiscalizações contra as casas de jogos ilegais", informam.

Operação Monte Carlo
Conforme o delegado da PF Matheus Rodrigues, que coordenou a operação, os envolvidos nunca tiveram se quer uma ação contra eles, por contarem com a conivência de policiais militares, civis, rodoviários e federais. "Os policiais eram pagos para que os criminosos pudessem fazer a exploração sem intervenção”, disse. Rodrigues ressaltou que em 2006  foi realizada uma tentativa de desarticulação da quadrilha, porém a informação vazou.

De acordo com o delegado, há registros de propina de R$ 200 a R$ 300 por dia paga a soldados, que também recebiam uma quantia para abastecerem as viaturas para fazerem a ronda. Já os delegados da PC recebiam cerca de R$ 4 mil mensais. Existia no esquema uma espécie de hierarquia, em que o valor da propina paga dependia do grau de influência do envolvido. Os procuradores Daniel Resende Salgado e Léa Batista de Oliveira, responsáveis pelo caso, acreditam que a organização estava em atividade há mais de uma década. Dessa forma, a infiltração de aliados de Cachoeira na administração pública teria sido um dos grandes obstáculos ao andamento das investigações. 

Presos e indiciados responderão, na medida do envolvimento confirmado de cada um, por lavagem de dinheiro, falsidade ideológica, corrupção ativa e passiva, violação de sigilo profissional, evasão de divisas e contravenção penal de exploração de jogo de azar. 

Apesar da coincidência com o nome do principal acusado [Carlos Cachoeira], a escolha da denominação Monte Carlo para a operação diz respeito aos 11 bairros do principado de Mônaco que levam esse nome e que são conhecidos pela grande quantidade de cassinos.

*Atualizado às 16h10 (1°/3)


 37 anos





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