03/03/2012 16h33 - Atualizado em 03/03/2012 16h40
Envolvidos com caça-níqueis..
Segundo MPF em GO, cerca de 30 PMs e dez policais civis são suspeitos.
Secretário de Segurança Pública, João Furtado, antecipa mudanças na PM.
O secretário de Segurança Pública do Estado de Goiás, João Furtado, afirmou neste sábado (3) que se surpreendeu com o número [aproximadamente 30 policiais militares e cerca de dez policiais civis] de servidores da segurança pública estadual apontados como suspeitos de envolvimento com a máfia dos caça-níqueis. O caso veio à tona na quarta-feira (29) quando a Operação Monte Carlo foi deflagrada pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal em Goiás (MPF/GO).
“É uma operação nacional, que envolve pessoas de outros estados, agentes públicos federais e estaduais. O número, evidentemente, surpreende a todos nós. Temos um grande número de servidores estaduais que foram incriminados nesta ação”, diz Furtado.
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De acordo com o MPF/GO, foram identificados como supostos integrantes do grupo criminoso dois delegados de Polícia Federal em Goiânia, seis delegados da Polícia Civil em Goiás; três tenentes-coronéis, um capitão, um major, dois sargentos, quatro cabos e 18 soldados da Polícia Militar em Goiás; um auxiliar administrativo da Polícia Federal em Brasília; um policial rodoviário federal, um agente da Polícia Civil de Goiás e um agente da Polícia Civil de Brasília; um sargento da Polícia Militar em Brasília, um servidor da Polícia Civil em Goiás; um servidor da Justiça Estadual de Valparaíso de Goiás.- PF faz operação contra suspeitos de explorar caça-níqueis em Goiás
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João Furtado comentou que a investigação, que durou 15 meses, não contou com a participação da segurança pública estadual. “Nós colaboramos no momento em que nos foi solicitado, mas é uma operação da Polícia Federal”.
Mudanças
Sob os postos deixados em aberto pelo afastamento de delegados e comandante do policiamento da capital, o secretário afirma: “Ressalvado o segredo de Justiça que devo respeitar, até porque fui intimado para tanto, faremos, na segunda-feira (5) a substituição de todos”.
O secretário de Segurança Pública disse que os nomes desses militares já foram escolhidos e que alguns serão interinos. “Há um processo natural de sucessão. Outros já estarão designados formalmente para prosseguir os trabalhos”.
“O tenente-coronel Queiroz substituirá, automaticamente, o comandante que foi afastado, em Goiânia”, antecipa o secretário. Ele explicou que esse afastamento quer dizer que os suspeitos não estarão em serviço a partir de segunda-feira (5), mas não deixarão de receber os salários. “Não, eu não posso punir as pessoas com suspensão de salário. Elas têm o direito de defesa, ao devido processo legal. O direito de se defenderem perante o Poder Judiciário”, observa.
Credibilidade
Apesar dos escândalos provocados pela Operação Monte Carlo, em 2012, e pela Operação Sexto Mandamento [policiais envolvidos em grupos de extermínio], em 2011, João Furtado afirma que a credibilidade da segurança pública aumenta. “O Brasil e Goiás estão melhores após cada uma dessas operações”, acredita.
“O governo Marconi Perillo, ao qual nós pertencemos, tem o compromisso ético de mudar e melhorar as instituições. Operações que se proponham a melhorar as instituições são sempre bem-vindas. A população aplaude e agradece, nós agradecemos”, enfatiza.
De acordo com o secretário, as operações Sexto Mandamento e Monte Carlo têm são diferentes. “Se no ano passado nós tivemos servidores públicos detidos, ou presos, ou indiciados, por conta de ativismo, que pode resultar em crimes, este ano, as acusações são de desvios éticos”.
“Nós temos o dever de enfrentar igualmente quaisquer organizações criminosas [com ou sem o envolvimento de membros da segurança pública]. Todas elas são perniciosas. Eu não posso comparar o sujo com o mau lavado. É por isso que o direito penal brasileiro tutela de maneira diferente, diferentes bens. Se, nesse caso, nós estamos cuidando de defender a lei contra a prática do jogo ilegal e a corrupção de servidores. Por outro lado, estamos defendendo patrimônio e vidas. Eu diria que as duas [organizações criminosas] são perniciosas”, afirma Furtado.
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