Repórter-fotográfico denuncia agressão policial
Do site O Jornalista, 15/8/2005
O repórter-fotográfico Wladimir de Souza, do jornal “Diário de S.Paulo”, encaminhou denúncia ao “O Jornalista” relatando uma grave agressão policial, que ele sofreu durante cobertura da prisão de um traficante na cidade de São Paulo. Veja abaixo o relato do colega:
“Gostaria de denunciar uma agressão física que sofri, dentro do DENARC, durante cobertura jornalística para o veículo no qual trabalho, o DIÁRIO DE S.PAULO. Ontem, dia 10 de agosto de 2005, por volta das 18h, estava no DENARC (Departamento de Narcóticos, situado no bairro do Butantã / SP), no 3º andar, para fazer uma foto de um traficante preso por policiais deste departamento. Vários veículos de comunicação encontravam-se no local quando a agressão ocorreu, porém em salas fechadas, gravando matérias sobre o caso.
Quando cheguei ao local para fazer a foto, um policial me indicou o local onde estava o traficante preso. Ele encontrava-se numa sala prestando depoimento a um outro policial, que estava de costas para o corredor onde eu me encontrava. Calmamente, troquei a lente da máquina para poder fazer a foto do traficante preso, de modo que o enquadramento fosse apenas do rosto do traficante.
Quando disparei a primeira foto com o flash, o policial que estava tomando o depoimento do traficante, levantou-se furiosamente da cadeira e correu em minha direção, empurrando-me aos gritos: "EU SOU POLICIAL, EU SOU POLICIAL..." Jogou-me contra a parede e quebrou meu equipamento propositadamente. No corredor havia vários outros policiais e um único jornalista, que acabou servindo de testemunha da agressão.
Em seguida à gritaria no corredor, as chefias do agressor vieram saber o que havia acontecido. Depois de relatar o ocorrido, eles prontificaram-se a pagar o equipamento e pediram para que eu relevasse o acontecido, com o que não concordei. Disse que iria à corregedoria da Polícia Civil para denunciar o policial, cujo nome é Antonio Honório.
O jornalista que estava comigo e que serviu de testemunha relatou o fato ao diretor de redação do jornal, que num primeiro momento concordou em publicar nota sobre a agressão junto à matéria da prisão do traficante. Porém essa decisão durou até a ligação de um delegado do DENARC para o diretor de redação, que resolveu não publicar o fato.
Como podemos ver, a censura neste país não acabou, e tampouco a tortura nas dependências do aparato repressor do Estado, pois se um policial agride um jornalista na frente de várias pessoas, o que não fará nos porões dos cárceres? Vou encaminhar esta denúncia à corregedoria da polícia civil e se alguém souber de outros locais onde esta denúncia possa ser feita, por favor me escrevam”.
Wladimir de Souza - Repórter-fotográfico.
N.R.: “O Jornalista” encaminhou a denúncia para a Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), Sindicato dos Jornalistas de São Paulo e Associação de Repórteres Fotográficos e Cinematográficos do Estado de São Paulo (ARFOC-SP). Fonte: http://www.ojornalista.com.br/
http://www.consciencia.net/2005/mes/12/reporter-violencia-sp.html
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