Reportagem de O TEMPO conversou com moradores da região que relataram outros episódios em que o policial estaria envolvido
População filmou as agressões que ocorreram em uma praça da cidadePor Simon Nascimento e Natália Oliveira Publicado em 13 de agosto de 2022 | 17h01 - Atualizado em 15 de agosto de 2022 | 22h31O policial que foi flagrado agredindo um casal de jovens em
Paineiras, na região Central de Minas Gerais, já teria um histórico negativo
relacionado a agressões e ameaças. Após a reportagem de O TEMPO publicar os
vídeos que mostram a agressão contra o fazendeiro Marcos Mendonça Gonçalves, de
23 anos, moradores da região denunciaram outros episódios violentos em que o
agente da Polícia Militar estaria envolvido.
O primeiro caso teria ocorrido há sete anos. À época, segundo um morador de uma cidade próxima a Paineiras, o PM teria atirado três vezes contra um carro que estava com um dos faróis queimados. “Estava subindo uma rua, o carro deu uma pane elétrica e ele saiu de um escuro e atirou três vezes, mas não chegou a acertar no carro”, contou a vítima, que não terá o nome revelado.
Após os disparos, que teriam ocorrido sem ordem de parada prévia, o motorista parou o veículo e houve uma confusão no local. O condutor do carro acabou detido, mas foi liberado horas depois. O caso está na Justiça, segundo informações recebidas pela reportagem, e o policial não teria sofrido nenhum tipo de punição em função da conduta.
A outra denúncia recebida pela reportagem diz respeito a ameaças que teriam sido praticadas pelo PM em questão contra uma moradora. O caso teve início quando a mulher tentou denunciar problemas vivenciados em um relacionamento abusivo com o ex-companheiro. No dia, o policial responsável pelo plantão seria o mesmo agente envolvido na agressão.
Ao chegar na companhia da Polícia Militar, a mulher não teria encontrado o policial. Ele estaria em uma lanchonete conversando com um amigo e teria se recusado a atender a ocorrência. “Cheguei a postar um comentário nas redes dizendo que quando mais precisamos deles (policiais), eles não estão lá para atender a gente. Até brinquei que poderia soltar uma bomba na delegacia que não morreria ninguém, porque estava vazio”, contou a mulher à reportagem.
Após a publicação, o policial teria ido ao serviço da mulher. “Me ameaçou, disse que ia me levar presa se eu não apagasse”, complementou. Ela afirma ter deletado o post em seguida. “Já tem outros processos contra ele. Aquilo (agressão registrada neste sábado) é atitude de louco”, finaliza a mulher. Um outro relato recebido pela reportagem diz respeito a um possível disparo feito pelo policial contra um outro homem. O tiro teria acertado a perna da vítima, que não foi localizada pela reportagem para esclarecer as circunstâncias do fato.
A reportagem de O TEMPO solicitou à Sala de Imprensa da Polícia Militar e à corporação onde ele atua informações sobre possíveis investigações a respeito de todas as denúncias feitas. Oficialmente, não houve respostas sobre esse histórico de agressões. Em contato direto com a corporação, a reportagem foi informada que o policial não estaria de serviço neste sábado em função da última agressão feita.
Mas ainda não há sinalização de penalizações ao PM. Mais cedo, a sala de imprensa do órgão havia dito que o fato seria investigado e justificou a ação do policial com uma possível resistência do abordado durante a intervenção policial. Governador de Minas, Romeu Zema (Novo) afirmou, nas redes sociais, que confia em uma apuração do caso.
O caso
O jovem Marcos Mendonça Gonçalves foi agredido com socos até
desmaiar e a namorada dele, de 18 anos, também levou um soco. As agressões
partiram de um policial militar e foram registradas por imagens divulgadas nas
redes sociais.
O caso ocorreu na cidade de Paineiras, na região Central de
Minas Gerais. Um outro policial ajudou a segurar Marcos no chão durante as
agressões. O caso aconteceu na madrugada deste sábado (13).
O vídeo, gravado por volta de 2h da madrugada, foi feito por
testemunhas. Nas imagens é possível ver o jovem deitado no chão com um policial
o segurando e outro o espancando com vários socos no rosto. Em um determinado
momento, o rapaz desmaia.
A namorada dele de 18 anos tenta intervir, mas também leva
um soco no rosto do policial, que ainda a empurra contra o chão. Um outro homem
aparece e tira a garota de perto dos militares. O policial que deu os socos coloca
o joelho sobre o pescoço do jovem enquanto o outro militar o algema.
Em entrevista a O TEMPO, Marcos afirmou que teve medo da
morte. "Mesmo desacordado na viatura eles continuaram a me bater”, contou.
Versão da polícia
Em nota (na íntegra ao final do texto), a Polícia Militar informou que foi acionada por causa de um homem jogando bombas em uma praça, próximo a crianças. Ainda segundo a polícia houve reisistência do rapaz agredido ao ser abordado, havendo a necessidade de intervenção policial.
A PM informou ainda que ao ter acesso aos vídeos, instaurou um "procedimento para apuração criteriosa dos fatos e adoção das medidas cabíveis".
"A Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), por meio da 7ª Região de Polícia Militar (7ª RPM), esclarece que, na noite dessa sexta-feira (12.08), foi acionada diversas vezes por populares da cidade de Paineiras, na região Central de Minas, denunciando que havia um indivíduo soltando bombas numa praça, próximo a crianças. Conforme Boletim de Ocorrência, houve resistência por parte do abordado, havendo a necessidade de intervenção policial.
A PMMG esclarece, ainda, que após conhecimento das imagens enviadas à instituição, foi instaurado, de imediato, um procedimento para apuração criteriosa dos fatos e adoção das medidas cabíveis."
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