A pedagoga ainda foi presa por resistência, desacato e desobediência
Um vídeo registrou o momento em que uma mulher negra leva um soco no rosto durante uma abordagem policial em Macapá (AP). O caso ocorreu na noite da última sexta-feira, 18, e as imagens da agressão viralizaram nas redes sociais.
A mulher que aparece nas imagens é a pedagoga Eliane Espírito Santo da Silva, 39 anos. Ela foi presa por resistência, desacato e desobediência.
Em entrevista à Rede Amazônica, afiliada da TV Globo no Amapá, a pedagoga diz que estava filmando a abordagem da PM a seus familiares no Loteamento São José, na zona norte da capital amapaense, quando um dos militares dá voz de prisão para Eliane e o marido. Ele tenta imobilizá-la, leva ela ao chão e dá um soco no rosto dela.
O vídeo foi gravado pelo filho de Eliane. A pedagoga foi algemada e levada para a viatura. Na delegacia ela conta que sofreu mais agressões.
” Eu fui chamada de preta, fui chamada de vagabunda por eles na delegacia. Eu me senti ofendida e para mim foi um preconceito muito grande, porque éramos os únicos negros ali. O correto era todo mundo ser ouvido. Por que eu vou pagar fiança por um crime que eu não cometi? Por que o policial me agrediu se eu não ofendi ele e estava apenas fazendo um vídeo?”, disse Eliane.
Em audiência de custódia ontem, 19, Eliane e o marido tiveram que pagar R$ 800 de fiança para serem liberados. Após sair do Ciosp, ela foi à Delegacia de Crimes Contra a Mulher (DCCM) registrar um boletim de ocorrência contra o policial.
Em nota, a Polícia Militar do Amapá informou que vai apurar o caso, que foi um fato isolado e que os agentes foram afastados das funções em Macapá.
Também em nota, o governador Waldez Góes (PDT) diz que a ação foi “recheada de atitudes racistas” e por isso determinou ao comando da PM a “apuração criteriosa e rápida dos fatos”.
Saiba como denunciar violência policial
Destacamos diferentes ferramentas de denúncia contra a violência policial. Além da agressão física, configura-se também pela intimidação moral, no uso ilegal e ilegítimo da força ou da coação. Seja por meio de órgãos públicos ou plataformas digitais, confira dicas sobre como denunciar violência policial:
Disque 100
Canal de comunicação que possibilita conhecer e avaliar a dimensão da violência contra os direitos humanos e o sistema de proteção, bem como orientar a elaboração de políticas públicas.
Ouvidoria de PM
Recebe denúncias contra policiais militares e civis que, eventualmente, tenham cometido atos arbitrários ou ilegais; Faz a apuração das queixas. A denúncia pode ser feita anonimamente, por meio de carta e-mail ou telefone.
Em São Paulo, por exemplo, a denúncia pode ser feita até online.
Corregedoria das polícias Civil e Militar
Criado para apurar desvio de conduta policial, órgão pode instaurar inquérito policial quando o crime é cometido por agentes de segurança e, neste caso, encaminhado à justiça comum.
Ministério Publico – MP
Tem como função processar infratores e fiscalizar ações de órgãos públicos envolvidos em investigação criminal, como polícia e órgãos de perícia.
DefeZap
Desenvolvido em 2016 pelas organização Nossas, a plataforma tem como objetivo dar visibilidade à questão da segurança pública e defesa dos direitos humanos.
A plataforma recebe denúncias de violência policial, realiza apurações preliminares e encaminha casos aos órgãos competentes. Conheça a plataforma.
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