CORRUPÇÃO A "Operação Trânsito Livre" mobilizou 200 policiais para investigar a acusação de recebimento de propina 38 policiais rodoviários são presos em FozMARI TORTATO DA AGÊNCIA FOLHA, EM FOZ DO IGUAÇU Trinta e oito policiais rodoviários federais foram presos ontem em Foz do Iguaçu, na região da Tríplice Fronteira do Brasil com Paraguai e Argentina, em uma nova operação da Polícia Federal -a "Trânsito Livre". Além dos 38 policiais rodoviários, a operação prendeu um policial civil e 11 pessoas que sobrevivem do mercado de compras no Paraguai, acusadas de aliciar os policiais para amenizar a fiscalização na BR-277, rodovia que liga Foz ao restante do Brasil. A ação mobilizou 200 policiais, 170 da Polícia Federal e 30 da Polícia Rodoviária Federal, de vários Estados. A "Operação Trânsito Livre" foi deflagrada para cumprir 55 mandados de prisão preventiva e 56 mandados de busca e apreensão de material, emitidos pela Justiça Federal, a pedido da Procuradoria da República. "Estamos tratando de deixar a BR-277 livre da corrupção", disse o delegado-chefe da PF em Foz, Geraldo da Silva Pereira. Segundo ele, as investigações começaram há sete meses e não há ligação direta com a "Operação Sucuri", que prendeu 22 policiais federais acusados de corrupção, em fevereiro deste ano. A ação de ontem levou a Foz três superintendentes e a corregedora-geral da PF, Neide Alvarenga, e o corregedor da Polícia Rodoviária Federal, João Carlos Alcalde. Um avião Hércules da FAB (Força Aérea Brasileira) transportou 70 policiais federais e 30 patrulheiros rodoviários reunidos em Estados do Nordeste. Os demais policiais viajaram de carro, deslocando-se de MS, SP, MG, GO, SC, RS e do Distrito Federal. No posto rodoviário de Santa Terezinha do Iguaçu, a 25 km de Foz, foram presos três patrulheiros e apreendido quase R$ 8.000, dinheiro que teria sido "arrecadado" na madrugada, resultado de propina que teria sido cobrada de guias de ônibus de sacoleiros que viajam a Ciudad del Este. No posto de Céu Azul, próximo de Cascavel, outra equipe apreendeu cerca de R$ 3.000, que também seria resultado de propina. O delegado Pereira disse que os patrulheiros presos serão indiciados por tráfico de drogas, entre outros crimes. "Ao liberar um ônibus mediante suborno, eles tinham ciência de que poderiam estar liberando drogas e armas, além de outras mercadorias com importação proibida", disse. A investigação que precedeu a operação conseguiu provar que ônibus que pagaram "pedágio" a policiais levaram maconha a Maringá, São Paulo e Goiás. Segundo o procurador Vladimir dos Santos Aras, o Ministério Público Federal vai esperar por um relatório da PF para apresentar denúncias (acusação formal) contra os policiais e aliciadores -conhecidos no esquema como "batedores"- e iniciar um processo. Segundo ele, pode ser que o número de processados cresça ou que alguns sejam inocentados. A investigação apurou que os patrulheiros cobravam de R$ 250 a R$ 400 para não fiscalizar os ônibus. As listas eram distribuídas nos postos rodoviários. Não há um número exato, mas estima-se que a "Operação Trânsito Livre" tirou de circulação 50% dos policiais rodoviários da região de Foz. O corregedor da corporação disse que o comando da Polícia Rodoviária Federal deu todo o aval à operação. Os 30 patrulheiros deslocados para a operação vão substituir os detidos por tempo indeterminado. Diárias Parte dos 170 delegados e agentes que a PF deslocou para a operação está pagando as contas de hotel com dinheiro do bolso. Numa crise de orçamento sem precedentes, a PF está amarrando uma operação na outra, pelo país, mas não paga diárias há seis meses. A assessoria da PF confirmou que o repasse de diárias está suspenso e que não há previsão de quando elas voltarão a ser pagas. As coberturas de despesas devidas são anotadas num banco de diárias, mas policiais só serão ressarcidos quando a verba for liberada pelo governo. Texto Anterior: Bahia: Parentes de detentos não deixam presídio Próximo Texto: Outro lado: Entidade vê "forças econômicas" Índice |
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sexta-feira, 29 de junho de 2018
A "Operação Trânsito Livre" mobilizou 200 policiais para investigar a acusação de recebimento de propina
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