Era manhã do dia 25 de outubro do ano passado, quando moradores do bairro da Penha tentaram fechar a Avenida Leitão da Silva, em Vitória. O motivo do protesto era a morte de Wederson de Souza Pereira, de 17 anos, que havia sido baleado e morto horas antes por policiais militares. Segundo eles, o jovem estava traficando drogas e chegou a agredir um dos policiais. Duas semanas antes, o auxiliar de refrigeração Rafael Moraes da Silva, de 21 anos, já havia sido morto com dois tiros nas costas por PMs que faziam o patrulhamento em Andorinhas, também em Vitória.
Os casos de Wederson e de Rafael estão entre as 50 mortes resultantes de intervenções policiais registradas no Espírito Santo em 2016. De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado esta semana, os registros dobraram em relação a 2015, quando 25 homicídios desse tipo foram notificados.
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Por meio de nota, a PM garante que incentiva seus integrantes a usarem a força de forma gradual. A instituição também informa que tem intensificado sua atuação em abordagens e operações em todo o Estado, além de apurar denúncias e informações do serviço de inteligência. As medidas levam ao cumprimento de mandados judiciais e à prisão de criminosos de alta periculosidade.
“A ação policial, em consequência de suas características e embora norteada pelo planejamento e pela técnica, nem sempre consegue evitar o conflito, que ocorre sempre em resposta à injusta agressão impelida por criminosos armados”, justifica.
A Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) informou que o aumento também pode ter sido motivado pela intensificação das operações e afirma que a polícia tem sido confrontada em alguns territórios. Segundo a Sesp, das 50 ocorrências, 34 referem-se à intervenções policiais. As demais são de crimes comuns.
A Sesp ressalta que acompanha os casos e que as ações promovidas pela polícia têm tido a aprovação da população. “Nossa polícia só usa esse recurso quando é confrontada injustamente”, diz a pasta, que a taxa de mortes decorrentes de intenções da polícia no Estado, que em 2016 foi de 1 para cada 100 mil habitantes, segue abaixo das taxa nacional, que é de 2.
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