DO JOGO TINHA INFORMAÇÕES SOBRE AÇÕES DA POLÍCIA
Inspetor preso em operação contra o jogo do bicho tinha informações privilegiadas sobre ações da polícia . Chefe de investigações da 4ª DP (Central) Weber Santos de Oliveira, está no Bangu 8 e será submetido a um processo disciplinar administrativo
Ana Cláudia Costa
O GLOBO 30/08/12 - 15h34
A polícia chegou até o grupo após 14 apontadores do jogo do bicho terem sido presos em uma operação no Centro e na Zona Sul Gabriel de Paiva / O Globo
RIO - O inspetor da Polícia Civil e chefe de investigações da 4ª DP (Central) Weber Santos de Oliveira, de 52 anos, preso na manhã desta quarta-feira por receber propinas do Jogo do Bicho, tinha informações privilegiadas sobre investigações da polícia. Durante os anos de 2008 e 2009 Weber trabalhou na Coordenadoria de Informações e Inteligência Policial (Cinpol) e nesse cargo tinha acesso inclusive sobre operações ligadas ao jogo do bicho.
Além do Cinpol, Weber, que entrou para a polícia em 1990 passou pela delegacia de São Gonçalo, pela 25ª DP (Rocha), Delegacia de Fiscalização de Armas e Explosivos (Dfae) e delegacia de Cabo Frio. Segundo o corregedor da Polícia Civil, delegado Gilson Emiliano, o inspetor está detido no presídio de segurança máxima Bangu 8 e teve sua carteira, distintivo e arma recolhidos. Weber será submetido a um processo disciplinar administrativo que poderá resultar de sua demissão da polícia.
— Nós não vamos tolerar qualquer desvio de policiais. Isso é inadmissível e sempre que a corregedoria tomar ciência desses atos ilícitos vai atuar. A sociedade não atura mais esses desvios de conduta — disse o corregedor Gilson Emiliano.
No início da madrugada desta quinta-feira, o comando da Polícia Militar informou, em nota, que foram exonerados os comandantes do 5º BPM (Praça da Harmonia), coronel Amaury Simões, e o comandante da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Morro da Providência, capitão Glauco Schorcht. O chefe do serviço reservado do batalhão, capitão Anderson Luiz de Souza, e os sargentos Marcos Aurélio das Chagas e Marcos André dos Santos, da UPP, são acusados de darem cobertura às ações da quadrilha do contraventor Evandro Machado dos Santos, conhecido como Bedeu.
A decisão foi tomada após reunião na noite desta quarta-feira no Quartel-General da PM, depois da análise das informações obtidas durante a Operação Catedral. O chefe do Serviço Reservado do 5º BPM (Praça da Harmonia) recebia R$ 9,4 mil para fazer a vista grossa às bancas de apostas. Lotados na Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Morro da Providência, os sargentos Marcos Aurélio das Chagas e Marcos André dos Santos recebiam por semana R$ 150 e R$ 75 respectivamente para não reprimir o jogo do bicho na área da UPP da Providência.
Para o comando do 5º BPM foi nomeado o tenente-coronel Sidney Camargo de Melo, que era subcomandante do 1º Comando de Policiamento de Área (1º CPA). Para a UPP da Providência foi designado o capitão Felipe Lopes Magalhães, que comandava a UPP Babilônia e Chapéu Mangueira desde junho de 2009.
O comando da PM determinou ainda a abertura de Inquérito Policial-Militar para apurar o envolvimento e participação de policiais com contraventores presos nesta quarta-feira.
Polícia Civil afastou delegado na quarta-feira
Após a notícia da prisão do chefe do Grupo de Investigações Criminais (GIC) da 4ª DP (Praça da República) durante uma operação contra a quadrilha acusada de controlar o Jogo do Bicho no Centro do Rio, a chefe da Polícia Civil, delegada Martha Rocha, anunciou o afastamento do delegado titular da unidade. Em nota, ela afirma que o afastamento é imediato:
"A chefe da Polícia Civil, Martha Rocha, após ter tomado ciência da prisão do chefe do Grupo de Investigações Criminais (GIC) da 4ª DP (Praça da República), adotou como critério administrativo o imediato afastamento do respectivo delegado titular, Henrique Pessoa", diz a nota. José Secundino, delegado adjunto, vai ficar interinamente como titular na 4ª DP.
O chefe do serviço de investigações da 4ª DP (Central) Weber Santos de Oliveira recebia mensalmente R$ 16 mil para passar informações sobre investigações ao grupo que explorava o jogo do bicho. O dinheiro era entregue pelo policial civil aposentado Alan Cardeque Manoel Villela.
Pelo menos 18 pessoas foram presas nesta quarta-feira, em uma operação desencadeada pela Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Segurança e pela 1ª Central de Inquéritos do Ministério Público contra uma quadrilha de bicheiros que atua na região da Central do Brasil, em partes do Centro e em São Cristóvão, na Zona Norte. Policiais da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas e Inquéritos Especiais (Draco/IE) cumprem 24 mandados de prisão contra integrantes da cúpula da organização, entre eles policiais civis e militares da região e também agentes da reserva. Segundo as investigações, que começaram em janeiro deste ano, o lucro da quadrilha era de R$170 mil por mês. Os bicheiros pagavam mensalmente R$ 30 mil em propina para policiais envolvidos no esquema.
Postado por Jorge Bengochea às 17:06
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