Publicado em sábado, 6 de julho de 2013 às 07:00
O jovem Alex Fichler, 21 anos, que aparece sendo espancado em vídeo gravado a partir de câmeras de segurança de uma residência durante protesto na noite de segunda-feira, em São Bernardo, denunciou o que considerou “um ato de covardia” à Corregedoria da Polícia Militar. O ajudante-geral e morador da cidade foi agredido por homens com capacetes e cassetetes por quase um minuto enquanto participava da manifestação que terminou em vandalismo.
Segundo Fichler, o grupo de manifestantes estava no Paço quando parte dos protestantes começou a depredar o espaço. Para fugir do tumulto, Alex lembra que dirigiu-se até a Rua Báltico, no Jardim do Mar, onde ficou cercado pela Polícia. “Dois policiais me agarraram e deram vários golpes. Não consegui correr e permaneci no chão, até que me levaram para a viatura”, revela. O ajudante-geral destaca ter ficado duas horas na viatura até ser encaminhado ao 1º DP (Centro), onde foi feito boletim de ocorrência.
O documento, registrado na madrugada da terça-feira, foi registrado como dano ao patrimônio e coloca Fichler como averiguado. Segundo o boletim, o jovem portava duas barras de ferro próximo a uma concessionária de veículos que estava com vidros quebrados, localizada na Avenida Getúlio Vargas, esquina com a Avenida Pereira Barreto. Em depoimento à Polícia Civil, o manifestante nega participação no dano. “Não tive fraturas, mas me machucaram bem. Sinto dores por todo o corpo”, destaca o rapaz.
Questionada sobre o andamento das investigações, a Polícia Militar respondeu apenas que está apurando rigorosamente os fatos e que foi aberto IPM (Inquérito Policial Militar) pelo CPAM-6 (Comando de Policiamento de Área do Grande ABC). Segundo a nota, os fatos são acompanhados pela corregedoria e, com as provas obtidas no IPM, os policiais militares envolvidos serão processados, podendo sofrer pena de demissão da corporação, além de arcar com as consequências penais de seus atos.
De acordo com o presidente da Comissão da Infância e Juventude da OAB de São Bernardo e integrante do Movimento Nacional de Direitos Humanos e do Grupo Tortura Nunca Mais, Ariel de Castro Alves, o crime ficou configurado como tortura, já que as vítimas foram submetidas a intenso sofrimento físico e psicológico, como forma de repressão. “Cabe a prisão imediata dos policiais que cometeram as agressões. Vamos cobrar apuração, identificação dos responsáveis e o afastamento imediato deles junto à Secretaria de Segurança Pública e a Ouvidoria de Polícia”, diz.
As cenas, com duração de quase três minutos, foram gravadas por volta das 21h40 e visualizadas por cerca de 91,7 mil pessoas no YouTube até a noite de ontem.
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