Décadas IV: 80. Grupos de Extermínio.
OS ANOS 80
1983. Zé Resende, subsecretário de segurança e Washington Flores, secretário. Mesmo período, reunião de "Zé da Fita" e diretoria da Associação do servidores da segurança, com o mesmo secretário da pasta.
“Este é o momento crucial, mais sombrio, mais ameaçador, mais degradante, mais corrupto de toda a história da Polícia Civil. O único critério existente hoje na secretaria para as promoções de policiais é o da bajulação. Bajulados e bajulador, empreiteiros da indignidade, são os proxenetas do cabaré administrativo." Davidson Pimenta da Rocha.
Retrospectiva anos 80-Globo Repórter-Celso Freitas
Retrospectiva anos 80-Globo Repórter-Celso Freitas
Retrospectiva da Década de 80 - Parte 3
A década de 80 tem como característica principal o acirramento da criminalidade após a abertura política do governo João Figueiredo. O enfrentamento entre a polícia e os marginais começa a ter uma freqüência perigosa e os crimes violentos estampam as páginas dos jornais rotineiramente. A polícia (e não os velhos políticos e aliados do regime militar) começa a perder sua credibilidade e a ela são atribuídos todos os males causados pelo regime de exceção, sendo iniciadas diversas campanhas que culminaria com o seu enfraquecimento e a perda de diversos instrumentos legais com a constituição de 1988 e conseqüente fortalecimento do Ministério Público. Esta década foi também marcada pela extinção da antiga Delegacia de Furtos e Roubos, na Rua Pouso Alegre 417, sendo criada a Divisão de Crimes Contra o Patrimônio para substituí-la, na Rua Uberaba 175, Barro Preto.
OS GRUPOS DE EXTERMÍNIO
Como resquício da ditadura, os grupos de extermínio surgem fortes no final dos anos 70 e na década de 80, dentre eles o “CRAVO VERMELHO”, “BOMBRIL” E “MÃO BRANCA” destacam-se na mídia pelo número de criminosos mortos e pelos recados deixados junto aos corpos. Os grupos se distinguiam pela forma de registrar as mortes: ou deixavam um cravo vermelho, uma esponja de Bombril ou recados com recortes de jornais que sempre caracterizavam e diferenciavam um grupo do outro. Centenas de criminosos foram condenados sumariamente à pena de morte. Alguns participantes desses grupos chegaram a ser presos, como os policias militares, na virada de 70/80, no famoso “Caso Angueretá”, os policias civis e federal no “Caso da Braquiara” e posteriormente policiais civis e outros criminosos no “Caso Torniquete”.
1980. As Gangs de Edson “Borracha e “Mandú”
Nesse período, a região do Alto dos Minérios, na capital mineira, ganhava importância criminal pelo número de assaltantes que produzia e infernizavam a vida dos cidadãos. “Cabelinho de Fogo”, um dos primatas do crime no “Pé Vermelho”, como o Alto era conhecido, estava preso, mas deixou sua influencia e saga criminosa dos anos 70 para os jovens da favela. E ali surgiram dois grandes líderes do mal que formaram seus grupos: Edson “Borracha” e “Mandú”. Os membros da quadrilha eram menores, rapazes e moças, arregimentados nos becos da favela, ansiosos por ganhar notoriedade e fama. Diferentemente dos criminosos anos 90 e 2000, que migraram para a visibilidade criminosa do tráfico de drogas. Na Gang dos menores estavam quatro meninas. Jornal Estado de Minas. Neste ano, o Delegado Jaci de Abreu passou para a equipe do detetive Faria, “Zé Flávio” e Swami, uma ocorrência com quatro meninas menores e dois maiores, responsáveis por uma série de assaltos. Para o delegado, uma das menores lançou um desafio arrogante: “Doutor, não me encosta a mão. Sabia que sou menor”. Jaci de Abreu, incrédulo com a prepotência da menor, brincou, que deveria mudar de profissão, chamando a equipe para investigar e interrogar os maiores, determinando o encaminhamento das quatro menores para a delegacia responsável. Dentre os menores, uma era foragida da FEBEM, outra tinha desferido tiros naquele dia, contra uma mulher com duas crianças, a terceira foi a que desafiou o delegado Jaci de Abreu. A quarta menor participara dos crimes, mas ainda não tinha antecedentes policiais e tinha uma história de amor bandido, do gênero “Bonnie e Clyde”, tupiniquim. Entrou para a gang por estar apaixonada por outro menor, que fazia parte da quadrilha. A maioria dos crimes praticados pelos menores eram arrombamentos para conseguir armas ou bens que pudessem ser torçados por elas. Com essas armas, os maiores estavam equipados para os assaltos.
Os marginais que ficaram na Delegacia de Furtos e Roubos, era o Chefe da quadrilha, Edson Conceição Campos, o “Edson “Borracha” e Honorato José Custódio Filho, ambos com 18 anos de idade. (Mais adiante, no título: “1983. O Caso do Desembargador”, veremos que o detetive Faria se encontraria novamente com esse marginal, no entanto, em situação de grande perigo). Os policiais verificaram que “Borracha” estava “premiado”, apesar de sua idade, com uma condenação de sete anos de reclusão por roubo. Interrogados confessaram: “metemos a máquina no dono de uma mercearia e levamos alguma grana e bebida. Também metemos a draga no dono da Brasília e levamos o carro para meter as broncas. Fizemos também umas paradas no Santa Inês, Savassi, Boa Vista, Saudade e Alto Paraíso”.
Edson “Borracha, ainda confessou com detalhes o assassinato de seu parceiro de crime, o ladrão Darci Gomes de Araújo, o Lobinho”, por desentendimento na divisão de bens roubados. Pouco tempo depois, Edson “Borracha” era assassinado no interior do presídio e Honorato José Custódio, o “Dragão Lila” fugia do cárcere. A quadrilha agora era chefiada por “Mandú” e os assaltos ganhavam novas proporções e se tornara mais violenta.
1982- O ASSALTO AO DELEGADO FEDERAL
Um caso inusitado e também interessante que merece seu registro na crônica policial. Em 1982, ocorreu um assalto em vitória, no Espírito Santo, contra um delegado da Polícia Federal, Vinicius Klein, quando bandidos armados levaram sua bolsa tira-colo, pistola da PF, carteira, dinheiro e o brasão de sua instituição que lhe identificava como policial federal. Os criminosos colocaram o delegado no porta malas de seu próprio carro, um Maverick e circularam pelas ruas de Vitória. As notícias que circularam nos jornais capixabas, davam conta de que o delegado federal, o delegado da Polícia Civil daquele estado, Cláudio Guerra e agentes de polícia teriam interrogado um pedreiro, reconhecido pela vítima como sendo um dos autores. Apesar de negar a participação pedreiro foi torturado e morto. Foi o maior escândalo policial envolvendo duas corporações policiais, que se juntaram para a tortura e morte de um inocente. Aparentemente, a Polícia Civil de Minas não tinha nada a ver com o caso ocorrido em outro estado, mas apenas aparentemente. Naquele período, tinha assaltantes mineiros que insistiam em seus crimes na capital, e outros, diante da repressão da “Furtos e Roubos”, migravam para o Rio de Janeiro onde se sentiam seguros e impunes. Assim ocorreu com Carlos Antonio Marques, o “Fisico”, Carlos Rodrigues de Jesus, o “Carlinhos Branco”, Antonio Eustáquio Gonçalves, o “Reza” e Antonio Carlos Braga, o “Toninho”. Eles eram responsáveis por uma série de crimes em Belo horizonte, como roubos e latrocínios e mais de 50 anos de cadeia para cumprir. Foram para o Rio de Janeiro onde continuaram com seus crimes. No Rio, “Carlinhos Branco, ou Carlinhos cicatriz”, enfrentou dois criminosos daquele estado, “Bira 14 e Moreninho” e levou a pior. Foi baleado no Morro da Providencia, próximo à Central do Brasil e em seguida jogado do alto da Pedra Lisa, em cima de um ônibus que se encontrava cerca de 80 metros abaixo. Com medo, o restante do bando veio se refugiar em Belo Horizonte, mas logo que chegaram “Reza e Toninho” foram presos pela equipe de Darci “Burro Branco”, Geraldinho, Faria e Antonio “Pangaré, do setor 2 do inspetor Romeu Rocha, na “Furtos e Roubos. Falantes, os dois criminosos não exitaram em confessar alguns assaltos na capital, vários no Rio de Janeiro e Espírito Santo. Um dos crimes se destacava: a confissão do assalto e sequestro do delegado da Polícia Federal na companhia de “Fizico” e “Carlinhos Cicatriz”. “Vimos logo uma carteira de delegado da Polícia Federal. Uma fria. Carlinhos deu logo a ideia de eliminar o homem, dizendo que a polícia nunca deu chance para ele. “Fizico” também queria matá-lo, mas eu e o “Toninho” fizemos ver que era pior, depois a gente ia se dar mal.”(Reza).
Um caso inusitado e também interessante que merece seu registro na crônica policial. Em 1982, ocorreu um assalto em vitória, no Espírito Santo, contra um delegado da Polícia Federal, Vinicius Klein, quando bandidos armados levaram sua bolsa tira-colo, pistola da PF, carteira, dinheiro e o brasão de sua instituição que lhe identificava como policial federal. Os criminosos colocaram o delegado no porta malas de seu próprio carro, um Maverick e circularam pelas ruas de Vitória. As notícias que circularam nos jornais capixabas, davam conta de que o delegado federal, o delegado da Polícia Civil daquele estado, Cláudio Guerra e agentes de polícia teriam interrogado um pedreiro, reconhecido pela vítima como sendo um dos autores. Apesar de negar a participação pedreiro foi torturado e morto. Foi o maior escândalo policial envolvendo duas corporações policiais, que se juntaram para a tortura e morte de um inocente. Aparentemente, a Polícia Civil de Minas não tinha nada a ver com o caso ocorrido em outro estado, mas apenas aparentemente. Naquele período, tinha assaltantes mineiros que insistiam em seus crimes na capital, e outros, diante da repressão da “Furtos e Roubos”, migravam para o Rio de Janeiro onde se sentiam seguros e impunes. Assim ocorreu com Carlos Antonio Marques, o “Fisico”, Carlos Rodrigues de Jesus, o “Carlinhos Branco”, Antonio Eustáquio Gonçalves, o “Reza” e Antonio Carlos Braga, o “Toninho”. Eles eram responsáveis por uma série de crimes em Belo horizonte, como roubos e latrocínios e mais de 50 anos de cadeia para cumprir. Foram para o Rio de Janeiro onde continuaram com seus crimes. No Rio, “Carlinhos Branco, ou Carlinhos cicatriz”, enfrentou dois criminosos daquele estado, “Bira 14 e Moreninho” e levou a pior. Foi baleado no Morro da Providencia, próximo à Central do Brasil e em seguida jogado do alto da Pedra Lisa, em cima de um ônibus que se encontrava cerca de 80 metros abaixo. Com medo, o restante do bando veio se refugiar em Belo Horizonte, mas logo que chegaram “Reza e Toninho” foram presos pela equipe de Darci “Burro Branco”, Geraldinho, Faria e Antonio “Pangaré, do setor 2 do inspetor Romeu Rocha, na “Furtos e Roubos. Falantes, os dois criminosos não exitaram em confessar alguns assaltos na capital, vários no Rio de Janeiro e Espírito Santo. Um dos crimes se destacava: a confissão do assalto e sequestro do delegado da Polícia Federal na companhia de “Fizico” e “Carlinhos Cicatriz”. “Vimos logo uma carteira de delegado da Polícia Federal. Uma fria. Carlinhos deu logo a ideia de eliminar o homem, dizendo que a polícia nunca deu chance para ele. “Fizico” também queria matá-lo, mas eu e o “Toninho” fizemos ver que era pior, depois a gente ia se dar mal.”(Reza).
Os crimes de competência do estado de Minas foram devidamente apurados e as fotos dos quatro criminosos, já fichados na “Furtos”, foram enviadas ao Espírito Santo para fins de reconhecimento. Nesse ínterim, Faria, Nilton de Abreu, “Jorge Camarão” e Simin receberam uma informação dando conta do paradeiro de “Fizico”, no Bairro Maria Goreth e se deslocaram para o endereço. “Fisico” era por demais conhecido dos policiais pelos seus enfrentamentos à polícia no final da década de 70 e sua concreta periculosidade. Um psicopata. Ao adentrarem na casa onde estava homiziado, “Fisico”, aparente drogado, reagiu à prisão, sendo contido e colocado dentro de uma veraneio sem cômodo de presos. Quando sentiu que tinha oportunidade de fuga, “Fizico” jogou o banco do carro contra Nilton de Abreu, prendendo seu corpo contra o volante, enquanto tentava sacar a arma do policial. Faria, que estava próximo, desferiu um tiro em seu joelho, que caiu prostrado na parte traseira do veículo oficial, enquanto era socorrido.
Pouco tempo depois chegou a resposta de reconhecimento negativo, por parte do delegado federal. Não vamos entrar no mérito das razões de não terem sido reconhecidos, mas, certamente, com um processo de tortura e morte de um inocente, jamais iria reconhecer outra pessoa que não fosse o pedreiro morto. Questão de sobrevivência.
Para os policiais da “Furtos e Roubos”, não era questão de sobrevivência, mas de respeito profissional, provar que estavam certos e dentro dessa filosofia Darci “Burro Branco”, Geraldinho, Faria e Antonio “Pangaré foram designados para diligencia no Rio de Janeiro. Ao chegarem, receberam o apoio do detetive Leão que os acompanhou nas investigações. No “pé do morro”da Providência, já deram cana em dois assaltantes de Minas, “Mazaropi” e um parceiro, reconhecidos pelos policiais mineiros e deixados á disposição da polícia carioca. Também um estafeta da marinha foi preso quando subiam o Morro de Santa Tereza, por receptação. Os policiais do Rio ficaram surpresos com a ação dos detetives de Minas e as três prisões em poucos minutos de permanência no local. Afinal estavam no Rio. Depois de várias diligências, estiveram em uma favela de São Gonçalo-RJ, onde estouraram o barraco de um traficante, receptador da arma do delegado federal. O marginal não foi encontrado, mas sua amásia se encontrava do local e recebeu uma advertência. Os policiais falaram que eram da polícia mineira e não dariam sossego para o traficante se a arma não fosse devolvida até as 11h00min horas do dia seguinte, no distrito próximo ao Maracanã, onde estavam sediados. Na gíria policial era apenas uma “sugesta”, pois não acreditavam que um traficante carioca poderia temer represália de policiais de Minas, além do que, no dia marcado, retornariam para Belo Horizonte por volta de meio-dia. Embora vários seguimentos de nossa sociedade não dão o crédito justo aos policiais mineiros, os bandidos cariocas o deram. No dia marcado, por volta das 11 horas, quando os policiais preparavam a viatura a bagagem para retornar à origem, eis que surge a mulher do traficante com uma bolsa de mão e a entregou aos detetives de Minas. Dentro, uma pistola com timbre da Policia Federal, a bolsa tira-colo e um distintivo com numeração, também da Polícia Federal. O traficante entregara mais do que fora pedido.
A partir daí, os policiais não dependiam mais de reconhecimentos, pois a numeração da arma e do distintivo correspondia aos bens patrimoniados fornecidos pela Polícia Federal ao seu policial. A diligência comprovou o respeito que os policiais operacionais de Minas merecem por parte de bandidos de Minas e de outros estados.
Pouco tempo depois chegou a resposta de reconhecimento negativo, por parte do delegado federal. Não vamos entrar no mérito das razões de não terem sido reconhecidos, mas, certamente, com um processo de tortura e morte de um inocente, jamais iria reconhecer outra pessoa que não fosse o pedreiro morto. Questão de sobrevivência.
Para os policiais da “Furtos e Roubos”, não era questão de sobrevivência, mas de respeito profissional, provar que estavam certos e dentro dessa filosofia Darci “Burro Branco”, Geraldinho, Faria e Antonio “Pangaré foram designados para diligencia no Rio de Janeiro. Ao chegarem, receberam o apoio do detetive Leão que os acompanhou nas investigações. No “pé do morro”da Providência, já deram cana em dois assaltantes de Minas, “Mazaropi” e um parceiro, reconhecidos pelos policiais mineiros e deixados á disposição da polícia carioca. Também um estafeta da marinha foi preso quando subiam o Morro de Santa Tereza, por receptação. Os policiais do Rio ficaram surpresos com a ação dos detetives de Minas e as três prisões em poucos minutos de permanência no local. Afinal estavam no Rio. Depois de várias diligências, estiveram em uma favela de São Gonçalo-RJ, onde estouraram o barraco de um traficante, receptador da arma do delegado federal. O marginal não foi encontrado, mas sua amásia se encontrava do local e recebeu uma advertência. Os policiais falaram que eram da polícia mineira e não dariam sossego para o traficante se a arma não fosse devolvida até as 11h00min horas do dia seguinte, no distrito próximo ao Maracanã, onde estavam sediados. Na gíria policial era apenas uma “sugesta”, pois não acreditavam que um traficante carioca poderia temer represália de policiais de Minas, além do que, no dia marcado, retornariam para Belo Horizonte por volta de meio-dia. Embora vários seguimentos de nossa sociedade não dão o crédito justo aos policiais mineiros, os bandidos cariocas o deram. No dia marcado, por volta das 11 horas, quando os policiais preparavam a viatura a bagagem para retornar à origem, eis que surge a mulher do traficante com uma bolsa de mão e a entregou aos detetives de Minas. Dentro, uma pistola com timbre da Policia Federal, a bolsa tira-colo e um distintivo com numeração, também da Polícia Federal. O traficante entregara mais do que fora pedido.
A partir daí, os policiais não dependiam mais de reconhecimentos, pois a numeração da arma e do distintivo correspondia aos bens patrimoniados fornecidos pela Polícia Federal ao seu policial. A diligência comprovou o respeito que os policiais operacionais de Minas merecem por parte de bandidos de Minas e de outros estados.
“COMETERAM O AZAR DE ASSALTAR UM DELEGADO”.
“DELEGADO É ACUSADO DE MATAR”.
JORNAL ESTADO DE MINAS-13/2/82
“DELEGADO É ACUSADO DE MATAR”.
JORNAL ESTADO DE MINAS-13/2/82
1983- OS ROUBOS À RESIDENCIAS
Uma das características de crimes violentos no princípio dos anos 80 foram as invasões de residências, preferencialmente em locais nobres de belo Horizonte, como a região da Pampulha e zona sul de Belo Horizonte. Os principais membros da quadrilha eram Carlos Alberto de Carvalho, o “MANDÚ”, Honorato José Custódio, o “DRAGÃO LILA”, Manoel de Paula, o “CHOCOLATE”, Nazareno Caldeira de Faria, o“BOCÃO”,“DANIEL”, “BORRACHA” e outros. O “Modus Operandis” da quadrilha era esperar a oportunidade para dominar as pessoas que chegavam às suas residências, sempre fortemente armados. Entravam, amarravam e “limpavam” as casas. Em alguns casos estupraram mulheres nos locais de roubos. A quadrilha sofreu o primeiro revés quando o corpo de “Edson Borracha” foi encontrado executado por um dos grupos de extermínio que atuava na capital.
As fotos acima registram prisões de "BORRACHA", "DRAGÃO LILA", GERALDO, "MANDÚ" e CARLOS TORRES, antes do roubo e tiroteio na residencia do desembargador.
O desmantelamento definitivo da quadrilha aconteceu no dia 2 de março 1983, quando a ronda da Delegacia de Furtos e Roubos (Faria, Jorge Camarão e Antonio Pereira, o Pangaré) foi acionada durante um roubo da quadrilha contra a residência do Desembargador João Brás da costa Val, quando quatro assaltantes a invadiram. Os três detetives estavam na Delegacia de Furtos e em cinco minutos já paravam a viatura na porta do desembargador. Os policiais se separaram, tendo Antonio se deslocado pelos fundos do quarteirão enquanto os outros dois adentravam pela lateral da casa (Camarão) e pela frente (Faria). Após violento tiroteio entre os dois policiais e os quatro bandidos, o detetive Jorge Luis Ferreira, o “Camarão” foi baleado no peito, os bandidos “Chocolate” e “Dragão Lila” foram presos, Daniel e Nazareno foram baleados e não resistiram aos ferimentos, morrendo em seguida. Aquela onda de assaltos e estupros que assolavam a cidade cessou.
• POLÍCIA CHEGA E DOMINA ASSALTO NA RESIDENCIA DO DESEMBARGADOR
• ADVOGADO CONTA SEU DRAMA NO SÃO LUCAS
• NO HOSPITAL, DETETIVE FERIDO RECORDA O TIROTEIO
JORNAL ESTADO DE MINAS E DIÁRIO DA TARDE-2 E 4/3/83.
• ADVOGADO CONTA SEU DRAMA NO SÃO LUCAS
• NO HOSPITAL, DETETIVE FERIDO RECORDA O TIROTEIO
JORNAL ESTADO DE MINAS E DIÁRIO DA TARDE-2 E 4/3/83.
HONORATO DANIELZINHO CHOCOLATE DRAGÃO LILA. ADVOGADO AFONSO FRANCO
“No plantão da “Furtos” o telefone tocou: do outro lado da linha um homem (o advogado Afonso Franco) dava um recado dizendo que a casa do seu vizinho, na rua engenheiro Carlos Antonini, 162, fora invadida por ladrões que tomaram todos como reféns. A partir daí começou o corre corre. Faria pegou uma metralhadora e os outros dois, Jorge e Antonio só com seus revólveres. Faria avançou sinal, cortou pela esquerda, cantou pneus, e, em poucos minutos, estava em frente a casa. Saíram os três juntos da viatura, deixando até as portas abertas. Enquanto Jorge e Antonio entravam na casa pelas laterais, faria tentava abrir a porta da frente com os pés. Não conseguindo estourou uma janela e entrou na casa. Aos gritos de “todo mundo com as mãos para cima que a casa está cercada”, os policiais não deram tempo aos ladrões pensarem no que fazer, provocando desta forma, a fuga precipitada dos mesmos, que abandonaram suas vítimas e foram para um quartinho dos fundos, onde se entrincheiraram, todos de armas nas mãos. “faria, corre que me acertaram’ com a metralhadora empunhada na mão direita, o policial foi até onde estava seu colega e vendo-o sangrando no chão, ficou ainda mais feroz, passando a metralhar os bandidos para depois então, providenciar socorro para o colega. Houve uma trégua. Dois bandidos ficaram feridos e os outros dois, naturalmente vendo que a polícia não estava para brincadeira, se entregaram, colocando as mãos para cima, pedindo até pelo amor de deus para não serem alvejados. Mas outros tiros aconteceram”. Texto da reportagem do diário da tarde-2/3/83.
Durante os processos contra os assaltantes, dois juízes manifestaram de forma diferenciada através do Jornal Estado de Minas que registro suas sentenças:
1985-JUIZ DIZ EM SENTENÇA QUE POLÍCIA NÃO DEVE MATAR-EM
Juiz da 4ª Vara Criminal, Francisco José de Brito: “A polícia matou dois e talvez essas mortes pudessem ter sido evitadas. Não é com violência que se combate a violência, e se matar assaltantes resolvesse, o problema já era pra ter sido resolvido, porque a polícia tem matado muita gente.”
1991-POLÍCIA MATA ASSALTANTES E JUIZ ACHA BOM-EM
Juiz da 10ª Vara Criminal, Carlos Batista Franco: “elogiou a atuação da polícia que matou durante uma ação policial, os assaltantes Daniel Lopes de Souza e Nazareno Caldeira de Faria. Em sua sentença afirmou:”Dragão é um criminoso de alta periculosidade e por sua ficha criminal “elemento de gabarito para a pena de morte.”
O Cyber Polícia não pode afirmar qual das duas sentenças poderia expressar alguma realidade em relação aos fatos, mas acredita que o grande juiz criminal, Batista Franco, que conviveu por muitos anos frente à rotina da violência e criminalidade, tenha mais coerência em sua decisão. O certo, é que em nenhuma hipótese, o policial deve sucumbir diante da iminente ameaça de um bandido. Se alguém tem que morrer, que seja sempre o bandido.
1984- A MORTE DE ROGÉRIO ANTONIO DA SILVA E ROBERTO LUIZ LAGE.
ROGÉRIO ANTONIO DA SILVA
Princípio dos anos 80 é marcado por um perigo, até então de pouca incidência na rotina policial mineira, o enfrentamento de traficantes contra policiais. Em 1977 ocorreu um caso isolado, quando o detetive “Zé do Pão” foi assassinado pelo traficante Eli Bragança, agora outros dois policiais, seguidamente, são mortos covardemente pelo traficante Carlos Alberto Fontes Mendes, o “Japão” (Detalhes no MEMORIAL). Rogério era um policial da Furtos e Roubos que trabalhava no arquivo de fichas policiais e Roberto um carcereiro, que assim como seu companheiro, conhecera o traficante “Japão” quando de sua prisão e ambos sucumbiram na tentativa de prisão do marginal. Naquela ocasião, o pai do traficante foi morto, segundo a mídia, por policiais da Delegacia de Furtos (fato nunca comprovado) porque teria dado fuga para o filho e escondido dois quilos de cocaína quando a polícia tentara prende-lo.
A droga entra nas favelas, nos apartamentos de luxo, nas discotecas e festas de embalo. Dissemina sua violência e outro grave problema para a polícia: a ocupação de espaços deixados pelo estado, em relação aos graves problemas sociais. O tráfico oferece empregos aos desempregados, proteção aos desprotegidos. Alicia crianças e jovens com o dinheiro fácil que lhes possibilita ter um status de vida que nunca tiveram. É a explosão do tráfico dos morros, o que torna difícil a desvinculação geográfica desses jovens do crime. Outro fator, que era praticamente imperceptível na década de 70 se transforma em mais um fator de preocupação: a participação de mulheres no tráfico, em sua maioria pelas facilidades oferecidas, e, como conseqüência a superlotação carcerária feminina.
E, se antes a polícia enfrentava o tráfico de menor potencial ofensivo; naquele momento, todos os criminosos envolvidos na mercancia de drogas se armavam e reagiam violentamente contra os policiais.
1985-O CASO DAS SEMENTES BRAQUIARA
Fato de grande repercussão em meados dos anos 80, o crime teve seu início com o roubo de uma carga de sementes braquiara e desdobrou-se com o desaparecimento de dois policiais civis e dois criminosos, todos pertencentes à mesma quadrilha que teve participação no roubo. Teriam sido assassinados como queima de arquivo. Para apuração do caso foi designado o delegado João Reis, o detetive Carlos Augusto, o Carlinhos e sua equipe. As investigações chegaram a termo com a prisão de outros policiais civis, um federal e outros criminosos, que tiveram suas condenações dentro do processo legal. Foi uma grande vitória da Polícia Civil ao demonstrar para a sociedade que o criminoso, para o bom profissional de polícia, é sempre um criminoso, indiferente de ter uma carteira policial.
1988. A QUADRILHA DE RENATO CAETANO.
O ano de 1988 foi marcado por uma série de assaltos a agencias bancárias em Minas Gerais, praticados por uma quadrilha de bandidos mineiros que estavam homiziados em São Paulo. A DCCP era chefiada à época, pelo delegado Paulo Porto e seus delegados José dos Santos, Faria, Pascoal, Marco Antonio Teixeira e Renato Queirós com suas respectivas equipes. Todos empenhados em identificar e prender os membros da famigerada quadrilha. A equipe que chegou à identificação dos criminosos era comandada pelo delegado Waldomiro Pascoal, a partir da morte em um acidente de carro, de membro do bando. Tratava-se de Renato Caetano de Freitas, líder da quadrilha, considerado como um grande motorista e quem dirigia os carros na fuga após os roubos. Apesar de sua habilidade no volante, morreu nas proximidades de Conselheiro Lafaiete, quando capotou um carro roubado. Os policiais do delegado Pascoal fizeram uma campana no velório de Renato e conseguiram identificar Márcia Phelippe, advogada de São Paulo, como sendo sua amante e principal articuladora dos roubos da quadrilha. Era o cérebro e quem fazia os planejamentos para os bandidos consumarem seus crimes. Conduzida à Delegacia de Furtos e Roubos, Márcia, diante das evidencias apresentadas, confessou sua participação e apontou os demais membros da quadrilha que se encontravam no Rio de Janeiro. Policiais coordenados pelo delegado Pascoal e Faria fizeram o deslocamento para a capital carioca. Os criminosos Carlinhos Alfaiate e Antonio Evangelista, o “Tonho”, não tiveram tempo de esboçar qualquer reação, diante dos tiros de advertência e foram rapidamente dominados. Diante daquela movimentação, os moradores entraram em pânico e ao descerem com os criminosos algemados, a PM do Rio já se encontrava postada na frente do prédio com suas armas direcionadas para a entrada. De Copacabana os policiais foram para Cabo Frio, onde, uma casa alugada de praia, seria o endereço provável do restante da quadrilha. De posse do possível local, “Lili Carabina” fingiu-se de turista e começou a conversar com pessoas sobre aluguel de casas, conseguindo adentrar na casa dos assaltantes, onde tomou café e conversou por longo período. Saiu do local e informou para a equipe a casa onde estavam os marginais. Rapidamente a equipe “estourou” o local prendendo mais dois assaltantes. Diante do sucesso da operação, os policiais saíram rápidos daquele local, tomando direção à Minas Gerais. Os bandidos confessaram inúmeros assaltos a bancos em Minas, Rio e São Paulo, sendo o delegado Pascoal, responsável pelo prosseguimento das investigações e instauração de inúmeros inquéritos policiais.
Outras informações detalhadas podem ser pesquisadas no artigo: http://www.cyberpolicia.com.br/index.php/historia/biografia/101-faria-3parte
1988-A EXONERAÇÃO DE EDIRALDO BRANDÃO
Já no final da década de 80, mais precisamente no ano de 1988, um fato movimentou os bastidores da então Secretaria de Segurança, a exoneração voluntária do cargo de Corregedor Geral de Polícia, pelo Dr. Ediraldo Brandão, por discordar dos critérios adotados pelo Conselho Superior de Polícia para a promoção por merecimento de um policial envolvido em diversos procedimentos desabonadores na corregedoria. Era uma prática viciosa as promoções por merecimento onde os critérios políticos de bajulação imperavam em detrimento dos verdadeiros policiais linha de frente que não tinham oportunidade de crescimento na carreira. Ser operacional era não ser promovido. A coragem de Ediraldo provocou diversas reações de apoio, dentre elas o documento extraído do jornal Estado de Minas, de 18 de outubro de 1988:
“EX-SECRETÁRIOS DE SEGURANÇA: EDIRALDO HONRA NOSSA POLÍCIA CIVIL”
A honra e a dignidade da Polícia Civil
Os signatários, representando o pensamento da maioria dos delegados, atendendo às razões que deram causa ao pedido de exoneração do Dr. Ediraldo J. Marques Bicalho Brandão do cargo de Corregedor Geral de Polícia, hipotecam-lhe irrestrita solidariedade, por seu nobre comportamento de significativa elevação moral, destemor e renúncia, resguardando assim, a honra da Polícia Civil.
Belo Horizonte, 14 de outubro de 1988.
Dr. Davidson Pimenta da Rocha, Delegado Geral
Ex-secretário de segurança pública
Dr. Helvécio Antonio Horta Arantes, Delegado Geral
Ex-secretário de segurança pública
Dr. José Resende Andrade, Delegado Geral
Ex-secretário de segurança pública
Dr. Zaluar de Campos Henriques, Delegado Geral
Ex-secretário adjunto de segurança pública
Dr. Thacir Omar Menezes Sia, Delegado Geral
Ex-Superintendente Geral de Polícia Civil”.
O gesto de Ediraldo Brandão provocou uma série de outros desdobramentos, como a exoneração do cargo do Dr. Benigno Alves da Costa, titular da Divisão de Crimes Contra o Patrimônio por ter sido solidário com a posição adotada. Abaixo-assinados eram encaminhados às chefias para colher assinaturas de apoio ao Secretário de Segurança, pivô dos acontecimentos, no entanto os documentos retornavam com pouquíssimos endossos. À época, um delegado geral, mostrando subserviência, reuniu cerca de cinco viaturas do órgão que dirigia e fez um “desfile” de sirenes ligadas na Avenida Afonso Pena, para demonstrar seu apoio ao Secretário de Segurança.
Em contrapartida, diversos artigos eram expressos em matérias jornalísticas.
Estado de Minas, de 21 de outubro destacava a OPINIÂO de José Fernandes Mota:
“É triste constatar que uma instituição de tamanhas responsabilidades e tantas tradições, cujo passado nos traz à lembrança de Amintas Vidal Gomes, Rogério Machado, Domingos Henriques, Almansor Doyle e Silva, Miguel Gentil, Zeferino Motta, Orlando Moretzsohn, Davidson Pimenta da Rocha, Jaci Vilela, Faustino Cardoso e tantos outros homens cultos e honrados, se veja nesta hora de imensas dificuldades, entregue a um incompetente comando, também comando incompetente, conduzida por interesses políticos pequenos, e os seus líderes autênticos tem suas “luzes apagadas”, cedendo lugar à distribuição de comandos ao bel-prazer dos áulicos do governo, que outra coisa não fazem, senão servir seu “senhor”.
Estado de Minas de 3 de novembro de 1988 registrava as palavras do ex-secretário de segurança pública de Juscelino Kubitscheck, Dr. Davidson Pimenta da Rocha :
“Este é o momento crucial, mais sombrio, mais ameaçador, mais degradante, mais corrupto de toda a história da Polícia Civil. O único critério existente hoje na secretaria para as promoções de policiais- diz o ex-secretário- é o da bajulação. Bajulados e bajulador, empreiteiros da indignidade, são os proxenetas do cabaré administrativo”.
“É triste constatar que uma instituição de tamanhas responsabilidades e tantas tradições, cujo passado nos traz à lembrança de Amintas Vidal Gomes, Rogério Machado, Domingos Henriques, Almansor Doyle e Silva, Miguel Gentil, Zeferino Motta, Orlando Moretzsohn, Davidson Pimenta da Rocha, Jaci Vilela, Faustino Cardoso e tantos outros homens cultos e honrados, se veja nesta hora de imensas dificuldades, entregue a um incompetente comando, também comando incompetente, conduzida por interesses políticos pequenos, e os seus líderes autênticos tem suas “luzes apagadas”, cedendo lugar à distribuição de comandos ao bel-prazer dos áulicos do governo, que outra coisa não fazem, senão servir seu “senhor”.
Estado de Minas de 3 de novembro de 1988 registrava as palavras do ex-secretário de segurança pública de Juscelino Kubitscheck, Dr. Davidson Pimenta da Rocha :
“Este é o momento crucial, mais sombrio, mais ameaçador, mais degradante, mais corrupto de toda a história da Polícia Civil. O único critério existente hoje na secretaria para as promoções de policiais- diz o ex-secretário- é o da bajulação. Bajulados e bajulador, empreiteiros da indignidade, são os proxenetas do cabaré administrativo”.
O fato serviu de alerta para os policiais em relação às promoções políticas por merecimento, que trouxeram um atraso de pelo menos duas décadas para a Polícia Civil, pela promoção de servidores sem comprometimento com a instituição, desprovidos de preparo ou perfil para assumir futuras chefias. Um ano após o incidente administrativo e a execração de dois grandes delegados, Ediraldo Brandão e Benigno Alves da Costa, eles retornariam em cargos estratégicos com a nova administração da polícia, conforme releasing da antiga COSEG, na montagem da reportagem abaixo. O novo secretário Orsi Pimenta, em 1989, escolheu Benigno como seu Chefe de Gabinete, Ediraldo Brandão, Coordenador Geral de Segurança, o chefe da COSEG. Nilton Ribeiro assumiu a chefia do DI. Wanderlei Vieira na Superintendência Geral, França Tavares na Corregedoria e Santos Moreira no Instituto de Criminologia.
REBELIÕES
Os anos 80 foram marcados por uma série de rebeliões em cadeias e presídios mineiros, devido à superlotação carcerária e o início de conscientização dos presos pelos gritos dos representantes dos direitos humanos contra a condição desumana de cumprimento de pena. No Depósito de Presos, o "Inferno da Lagoinha", como era chamado, ocorreu inúmeras rebeliões e a famigerada "Ciranda da Morte, quando presos eram sorteados para morrer, como meio de busca de melhores condições ou transferência para penitenciárias. Na Casa de Detenção Dutra Ladeira, em Ribeirão das Neves, no final dos anos 80, ocorreu uma das mais graves insurreições de detentos, com assassinatos e vários reféns. A rebelião foi sufocada com exito, graças à intervenção e estratégia de seis delegados: Jaime Guimarães, Décio Queirós, Nilton Ribeiro de Carvalho, José Dionê, Miguel Bechara e Cid Nelson Safe Silveira. A Delegacia de Furtos e Roubos, registrada na reportagem abaixo, foi a única carceragem sem problemas de rebeliões até seu fechamento em 1984.
http://www.cyberpolicia.com.br/index.php/orgaos-operacionais/176-delegacia-de-furtos-e-roubos
http://www.cyberpolicia.com.br/index.php/orgaos-operacionais/176-delegacia-de-furtos-e-roubos
O FIM DO DOPS E A CRIAÇÃO DO DEOESP
Com a constituição de 1988, encerrava-se uma fase da história política no Brasil e novos clamores de liberdade eram expressos na nova carta magna. Via de conseqüência, todos os órgãos que de qualquer forma fosse ligado ao período de repressão da polícia-política eram extintos. E, como era de se esperar, em Minas o símbolo da tortura e violência contra os opositores do regime militar era o DOPS. Dessa forma sucumbiu e em seu lugar nasce o DEOESP com uma nova filosofia de polícia, a polícia de operações especiais. No início tem sob sua subordinação o GAS (Grupo antisequestro), apuração de abigeato e outras operações no interior do estado. Com a incidência cada vez maior de sequestros em Minas Gerais e pouca eficiência nas apurações, o GAS é extinto e a Divisão de Operações Especiais assume com competência a apuração de extorsões mediante sequestro.
1989. OS LATROCÍNIOS DE TAXISTAS
Este foi um ano atípico em relação à violência contra taxistas em Belo Horizonte. Vários latrocínios causaram terror entre os profissionais do volante, trazendo cobranças e pressão para apuração dos crimes. O último caso caiu nas mãos do delegado Faria, responsável pelo recebimento da ocorrência que vitimou Luiz Fernandes Esteves, assassinado com um tiro na nuca na região do Bairro Gorduras, tendo os criminosos levado seu carro roubado. Este crime foi o ápice da covardia e revolta de seus companheiros taxistas que fizeram longas passeatas de protestos com seus veículos que passavam em frente ao Departamento de Investigações, Divisão de Crimes Contra o Patrimônio e Palácio da Liberdade, promovendo buzinaços. No mesmo período que Luiz foi morto, outro taxista, Geraldo de Souza, de Manhuaçú, também era assassinado com sete tiros e seu carro também roubado. Apesar da distancia entre os dois crimes, as características eram as mesmas. O primeiro passo para a apuração dos latrocínios foi dado pela delegada Eliete Maria de Carvalho, por coincidência, titular da comarca de Peçanha, a primeira do biografado (Biografia Parte II-Delegado do Interior). Ela ligou para Faria informando que estava com um indivíduo envolvido em ocorrência com o veículo de Luiz Fernandes Esteves. Faria informou que se tratava de latrocínio e as investigações apontavam para uma quadrilha, solicitando que fizesse o flagrante do receptador por formação de quadrilha. A delegada argumentou que não seria possível, pois estava com apenas um elemento preso. Faria lhe disse para fazer o flagrante para lhes dar tempo de capturar o restante dos criminosos. Com a prisão em flagrante de Darcy Perpétuo, Faria iniciou diligencias na região de Carangola, Manhuaçú e Peçanha, conseguindo localizar e prender os criminosos Daniel de Souza Filho, o "Galo Cego", Joel Sabino Pereira e Alaíde Sabino. Apenas Joel de Manhuaçú conseguiu fugir. Mas, por pouco tempo.
Os bandidos mataram os dois taxistas para roubar os veículos e vender para o receptador de Peçanha, onde tentaria legalizar a documentação dos mesmos. Com a quadrilha presa, Faria solicitou da justiça a transferência do flagrante para Belo Horizonte, onde foram anexadas as demais provas, declarações e depoimentos, representando pela prisão preventiva dos envolvidos. Faria fez a reconstituição do latrocínio do Bairro Bom Destino, quando Joel deu detalhes da morte de Luiz Fernandes. A vítima acreditou nos bandidos em razão de Alaíde, mulher de Joel, estar grávida à época. Quando retiraram a vítima do carro, em um local ermo de uma estrada rural, o colocaram de joelhos e, mesmo diante de suas súplicas para não morrer, recebeu um tiro fatal na nuca. desferido por Daniel, o "Galo Cego". Ele também foi um dos autores dos tiros na vítima de Manhuaçú. Esta reconstituição foi o maior aparato policial, da imprensa e de táxis, já visto na cronica policial. Em carreata mais de cem veículos acompanharam as viaturas policiais até o local de morte do taxista.
As fotos registram reportagem sobre os crimes, os policiais que participaram das investigações, os membros da quadrilha presos e a reconstituição de um dos latrocínios, sob forte segurança.
Naquele mesmo ano, às véspera do natal, Daniel de Souza Filho, o "Galo Cego" foi encontrado enforcado no interior da cela da "Furtos e Roubos", com a utilização da própria calça para seu auto-extermínio. (Texto do Artigo http://www.cyberpolicia.com.br/index.php/historia/biografia/Parte III).
MEMÓRIA
1980. Delegados: João Fonseca Perfeito e Antonio Alves, o "Toninho". 1985. Inspetor Bruno e "Joãozinho Metropol". 1980. Delegados. 1980. Repórter Dirceu Pereira e Chefe dos escrivães Estadeu.
1985. Simin, Romeu Rocha e Jorge Simin. 1982. Wellington Sprovieri e a turma de aspirantes detetives.
1985. Simin, Romeu Rocha e Jorge Simin. 1982. Wellington Sprovieri e a turma de aspirantes detetives.
1986. Inspetores Ithamar Tiago, Paraguassú e Patrocínio. 1986. Formatura na ACADEPOL com a presença do Secretário José Resende de Andrade, Diretor da academia, Santos Moreira e o Governador de Minas, Hélio Garcia. Delegados: 1988. Messias "Caruncho", Ithamar, Rômulo Coutinho e Benigno. 1980 Jane Maluf. 1988. França Tavares e Manoel Jacinto. 1989. Inspetor Saraiva e sua equipe.
1988. Secretário Sidney Safe com os delegados Manoel Jacinto, Marcos Péres, França Tavares, Dionê, Nilton Ribeiro e outros. 1980. Subinspetor Severino (KILO), Nilton Dias de Castro, "Niltinho" (Inspetor do KILO) e "Joãozinho Metropol" com amigos do RJ, dentre eles o policial "Sivuca", autor da célebre frase "Bandido bom é bandido morto.
Abaixo, alguns vídeos que retratam os anos 80.
http://www.cyberpolicia.com.br/index.php/historia/decadas/147-decada-80
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