1ª Vara Federal determinou que policiais não se aproximem do veículo da família e que usem tornozeleira eletrônica
Heloísa ficou nove dias internada no no Hospital Adão
Pereira Nunes, em Duque de Caxias
Reprodução/Acervo Pessoal
Cleber RodriguesDouglas Portoda CNN
Rio de Janeiro e São Paulo
18/09/2023 às 18:00 | Atualizado 18/09/2023 às 18:11
A Justiça Federal negou, nesta segunda-feira (18), a prisão
dos agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) envolvidos na morte da menina
Heloísa dos Santos Silva, de 3 anos, na Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro.
Heloísa estava internada desde o dia 7 de setembro, no Hospital Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias, após ser atingida na cabeça por um tiro de fuzil durante uma abordagem da PRF no Arco Metropolitano, em Seropédica, na Região Metropolitana do Rio. Ela passou nove dias internada no Centro de Terapia Intensiva (CTI).
A 1ª Vara Federal determinou o cumprimento de medidas cautelares, como:
- Comparecimento mensal em juízo, através do balcão virtual, para comprovar suas atividades;
- Recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de folga, autorizada a saída de suas residências tão somente para o trabalho.
- Proibição de se aproximar do veículo da família;
- Proibição de manter qualquer espécie de contato com as vítimas do fato e de seus parentes;
- Uso de tornozeleira eletrônica;
- Afastamento imediato das funções policiais com o recolhimento das armas.
Pai da menina, Willian Silva, criticou a decisão. “Nada trará a vida de minha filha de volta. Mas quem tirou a vida dela tem que pagar”.
“É o mínimo que se exige é a responsabilização dos policiais. Era para minha filha estar em casa comigo agora, brincando. Essa atitude covarde fez com que perdêssemos nossa filha. A prisão é o mínimo que se espera”, afirmou Willian.
Agentes vasculhando carro da família
De acordo com pedido de prisão formulado pelo Ministério
Público Federal (MPF), após a criança ser atingida, os agentes se dirigiram ao
hospital e “ficaram vasculhando e mexendo no carro durante certo tempo”,
segundo a testemunha, tia de Heloísa.
Ainda de acordo com o documento, a tia de Heloísa relatou que um dos policiais que não participou do ocorrido apontou-lhe um projétil, e disse que aquele projétil teria atingido o veículo deles.
O fato, segundo o procurador da República Eduardo Benones, representou uma “tentativa inequívoca de intimidar a testemunha e incutir nela a versão sustentada pelos policiais. Isto tudo ocorreu no ambiente hospitalar, quando a vítima Heloísa recebia atendimento médico cirúrgico”.
Relembre o caso
Quando Heloísa foi baleada, sua família voltava de carro para Petrópolis, na Região Serrana do Rio de Janeiro.
O pai da criança disse que percebeu estar sendo seguido por
uma viatura da PRF e, quando estava quase parando o carro de maneira
voluntária, os policiais teriam começado uma série de disparos que atingiram
Heloísa na cabeça.
Os tiros foram efetuados pelo policial Fabiano Menacho, que afirmou em depoimento ter disparado após ouvir um som similar ao de um tiro.
De acordo com a PRF, o carro em que a menina e a família se encontravam tinha um registro de roubo realizado em agosto do ano passado. O motorista, pai da criança, disse ter comprado o carro sem saber deste registro.
“É comum pessoas comprarem carros assim e não saberem, por motivos variados, até desconhecimento mesmo. Parece ter sido o caso”, afirmou o inspetor da PRF no Rio de Janeiro.
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