O retorno à prisão atende a uma decisão do Superior Tribunal de Justiça. Delegado é acusado de participar de organização criminosa em Juiz de Fora
13/09/2023 17:10 - atualizado 13/09/2023 17:10
O Delegado da Polícia Civil Rafael Gomes de Oliveira teve a liberdade revogada por uma decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e reconhecida pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG). Gomes foi preso em outubro de 2022 no âmbito da Operação Transformers, que investiga a associação de policiais civis com pessoas ligadas ao tráfico de drogas e outros crimes em Juiz de Fora, na Zona da Mata.
Segundo a investigação, Rafael Gomes e investigadores recebiam
dinheiro para libertar presos e liberar drogas apreendidas. O delegado estava
solto desde o dia 28 de junho, devido a uma decisão judicial. No entanto, essa
liberdade foi revogada nesta terça-feira (12/9).
Além de Gomes, outros cinco policiais civis também vão
retornar à prisão.
“O fato de que o grupo criminoso demonstrou grande poderio financeiro (...) propiciou-lhes obter informações privilegiadas de agentes públicos, bem como realizar pagamentos indevidos a tais agentes, o que demonstra, consequentemente, que suas liberdades geram risco para a instrução criminal, sobretudo diante de possibilidade de que tenham acesso a dados investigativos, bem como tentem alterar provas de seus favores. Vez que existem indícios de que suas liberdades comprometem a garantia da ordem pública, bem como a devida instrução criminal, pelas razões acima explicitadas, casso os efeitos da liberdade provisória concedida a Rafael Gomes de Oliveira”, escreveu o juiz Daniel Réche da Motta, da 1ª Vara Criminal de Juiz de Fora.
Veja os outros policiais que vão voltar à prisão:
- Rogério Marinho Júnior
- Gustavo de Souza Soarez
- Thiago Nazário Machado
- Raphael Pereira Neto Luz
- Leonardo Gomes Leal
- A Secretaria de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais (Sejusp-MG) informou que, até a publicação desta reportagem, o delegado Rafael Gomes não tinha dado entrada em um presídio controlado pelo Estado.
A reportagem do jornal Estado de Minas tentou contato com a defesa do delegado mas, até agora, não houve retorno.
Operação Transformers
A Operação Transformers foi iniciada no final de outubro de 2022. Em coletiva de imprensa, o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) disse que a investigação começou analisando um grupo que roubava carros, retirava as peças e montava novos veículos, que abasteciam o tráfico de drogas.
“Inicialmente sabia-se que esses veículos eram usados para o tráfico de drogas. De carros roubados eram retiradas peças. Montava-se um carro novo, requentado, e esse carro iria abastecer outras atividades ilícitas. Ou se fazia o transporte [das drogas] ou era utilizado para pagamento”, explicou o promotor Thiago Fernandes de Carvalho.
De acordo com o promotor, o grupo abastecia o mercado de tráfico de drogas. “Não estamos falando de um tráfico de drogas de pontos de drogas. Estamos tratando de um tráfico mais volumoso, que abastece mercado, que tem ramificação em todo território nacional”, explicou.
Com o dinheiro obtido do tráfico, o grupo fazia lavagem de dinheiro em Juiz de Fora. “A investigação mostra como é sofisticada [a organização criminosa]. Vai do furto, do roubo do carro, da receptação, da modificação, até a lavagem de dinheiro com muitos shows artísticos em Juiz de Fora, comércio de roupas, varejo, alimentos, e outros”, destacou o promotor.
A princípio, o delegado e os agentes da Polícia Civil atuavam divulgando informações privilegiadas para outros membros da organização criminosa.
A suspeita do Ministério Público é que nos últimos cinco anos o grupo possa ter movimentado uma quantia próxima a R$ 1 bilhão.
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