A segunda etapa do julgamento iniciou nesta terça-feira (29), quando oito policiais envolvidos nas mortes são julgados.
Por g1 CE
Julgamento da Chacina do Curió, em Fortaleza. — Foto: J.Paulo Oliveira / TJCE
O segundo dia de julgamento da Chacina do Curió, nesta
quarta-feira (30), precisou ser interrompido porque fotos dos jurados vazaram
em redes sociais. A segunda etapa do julgamento iniciou nesta terça-feira (29),
quando oito policiais envolvidos nas mortes são julgados.
O colegiado de juízes, a defesa e a acusação se reuniram
para discutir as providências a serem tomadas, mas logo depois a sessão foi
retomada. O Tribunal de Justiça disse que o colegiado de juízes realizou breve
pausa e se reuniu com os representantes do Ministério Público, assistentes de
acusação e todos os advogados de defesa para a avaliação do fato.
A Chacina do Curió aconteceu em novembro de 2015, na
periferia de Fortaleza, quando 11 pessoas foram assassinadas. Na primeira etapa
do julgamento, em junho deste ano, quatro policiais tiveram penas que somam
mais de mil anos de prisão.
Conforme o Tribunal de Justiça do Ceará, depois da
interrupção, o colegiado de juízes reforçou o aviso de que é proibido ao
público o uso de celular e equipamentos eletrônicos, bem como o registro por
foto, áudio ou vídeo do julgamento.
O corpo de jurados é formado por sete pessoas — todos
homens. A identidade deles deve permanecer em sigilo. Após a reunião, o
julgamento foi retomado com as providências administrativas cabíveis, inclusive
restrição de acesso. O julgamento é realizado no Fórum Clóvis Beviláqua. Os
oito policiais acusados nesta segunda etapa são:
Francinildo José da Silva Nascimento
Gaudioso Menezes de Mattos Brito Goes
Gerson Vitoriano Carvalho
José Haroldo Uchoa Gomes
Josiel Silveira Gomes
Ronaldo da Silva Lima
Thiago Aurélio de Souza Augusto
Thiago Veríssimo Andrade Batista de Moraes
Segunda etapa do julgamento por 11 homicídios na Chacina do Curió, em Fortaleza, começa nesta terça (29). — Foto: Fabiane de Paula/Sistema Verdes Mares
A terceira etapa do julgamento está marcada para o dia 12 de
setembro, com mais oito policiais acusados de participar da chacina. O caso tem
o total de 30 réus.
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do Curió anos após os crimes; julgamento pelas 11 mortes inicia nesta terça, em
Fortaleza
De acordo com a Justiça cearense, na medida em que o
restante dos acusados se tornarem aptos a irem a julgamento, novas datas serão
designadas para que o corpo de jurados decida se eles são culpados ou inocentes
pelos crimes.
Ao todo, 11 pessoas foram assassinadas entre a noite do dia
11 de novembro e a madrugada do dia 12 de novembro de 2015, com ações em
diversos pontos na região do Curió e da Grande Messejana. A maioria das vítimas
tinha idades entre 16 e 19 anos.
De acordo com o Ministério Público do Ceará, os crimes foram
motivados por vingança pela morte do soldado Valtemberg Chaves Serpa,
assassinado horas antes ao proteger a esposa em uma tentativa de assalto, no
bairro Lagoa Redonda.
Ainda segundo a Justiça, o caso é de alta complexidade pela
quantidade de réus envolvidos (que no início somavam 44). A Justiça então
proferiu decisão de pronúncia para 34 réus e impronunciou os outros 10 por
ausência nos autos de indícios suficientes de autoria ou de participação.
Familiares das vítimas da chacina afirmam que condenação dos
quatro primeiros réus foi uma vitória para a juventude da periferia — Foto:
Fabiane de Paula/Sistema Verdes Mares
Após seis dias de julgamento, os primeiro quatro réus foram
condenados a 275 anos de prisão cada. Com a sentença, os quatro réus perderam o
cargo de policial militar e tiveram negado o direito de responder pelas penas
em liberdade.
Familiares das vítimas consideraram a pena justa e
classificaram a condenação como uma “vitória da periferia”.
“Essa noite eu fiz valer o que eu prometi pro meu filho
quando eu enterrei ele. Eu jurei pra ele que eu ia procurar justiça, e eu vi a
justiça acontecer”. As frases foram ditas logo após o resultado por Maria de
Jesus, mãe de Renayson Girão da Silva, que tinha 17 anos quando foi
assassinado.
Confira as penas dos policiais militares:
Marcus Vinícius Sousa da Costa: 275 anos e 11 meses de
prisão. As penas correspondem a 11 homicídios, 3 tentativas de homicídio, 4
crimes de tortura física e mental. Prisão em regime fechado de imediato sem
direito de responder em liberdade e perda do cargo de policial militar.
Antônio José de Abreu Vidal Filho: 275 anos e 11 meses de
prisão por 11 homicídios, 3 tentativas de homicídio, 4 crimes de tortura física
e mental. Prisão em regime fechado de imediato sem direito de responder em
liberdade e perda do cargo de policial militar.
Wellington Veras Chagas: 275 anos e 11 meses de prisão por
11 homicídios, 3 tentativas de homicídio, 4 crimes de tortura física e mental.
Prisão em regime fechado de imediato sem direito de responder em liberdade e
perda do cargo de policial militar.
Ideraldo Amâncio: 275 anos e 11 meses de prisão por 11
homicídios, 3 tentativas de homicídio, 4 crimes de tortura física e mental.
Prisão em regime fechado de imediato sem direito de responder em liberdade e
perda do cargo de policial militar.
Um dos policiais condenados, Antônio José de Abreu Vidal
Filho, estava morando nos Estados Unidos desde 2019 e foi preso pela
Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol) no dia 14 de agosto.
Ele havia sido interrogado por videochamada no julgamento.
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