Thiago Veríssimo Andrade Batista de Moraes dirigia a viatura que teria deixado de socorrer vítimas do massacre
Escrito por Luana Severo e Emanoela Campelo ,
O policial Thiago Veríssimo Andrade Batista de Moraes, um dos oito militares acusados na segunda etapa do julgamento da Chacina do Curió, chorou ao ser chamado para depor, neste domingo (3), no Fórum Clóvis Beviláqua, e teve de ser encaminhado a uma sala separada para se restabelecer.
Thiago era soldado e dirigia a viatura RD1307 na noite do massacre que resultou em 11 pessoas mortas, três vítimas de tentativa de homicídio e quatro vítimas de tortura, em 2015, na Grande Messejana. Ele é acusado de "omissão dolosa a fim de facilitar o cometimento dos crimes contra vida que o grupo desejasse praticar".
De acordo com a acusação do Ministério Público do Ceará (MPCE), a viatura dirigida por Thiago foi flagrada trafegando pela Rua Lucimar de Oliveira com os faróis intermitentes desligados e deixando de socorrer as vítimas que estavam estendidas no chão após terem sido baleadas pelos outros PMs envolvidos no caso.
No interrogatório, Thiago argumentou que os intermitentes estavam desligados porque a patrulha da qual fazia parte estava em busca de um suspeito de homicídio.
O PM chorou ao ser questionado pelos advogados de defesa sobre como sua vida foi afetada após passar nove meses preso, em 2016. Ele lamentou não poder mais voltar a exercer a carreira e disse que estava enfrentando "problemas psicológicos". Foi aí que a sessão foi suspensa para que o réu se restabelecesse.
Pouco depois, os trabalhos tiveram de ser suspensos para o almoço. Às 14 horas, sessão será reaberta e o réu será novamente interrogado.
PRIMEIRO PM INTERROGADO
O PM Gerson Vitoriano Carvalho foi o primeiro réu interrogado ainda nesse sábado. Concluídas as perguntas a ele, feitas por promotores e assistentes de acusação, o colegiado de juízes suspendeu a sessão por uma hora e retomou por volta de 20h55, quando foi dada oportunidade para os advogados de defesa questionarem o réu.
O advogado Carlos Bezerra Neto, que atua na defesa dos PMs, declarou ao Diário do Nordeste que os defensores optaram "por testemunhas eminentemente técnicas" para sustentar que, na época do crime, os policiais "não deixaram de cumprir as determinações que vieram de cima, da Ciops [Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança]".
PRIMEIRO JULGAMENTO
Na madrugada do último dia 25 de junho, após seis dias de julgamento, o Tribunal do Júri condenou os primeiros quatro PMs réus pelas mortes da Chacina do Curió. As penas somaram 1,1 mil anos no total. Foram condenados: Wellington Veras; Ideraldo Amâncio; Marcus Vinícius Costa e Antônio Abreu.
Os três primeiros foram levados para o quartel da Polícia Militar no Centro da Capital após o júri. Já Abreu foi preso nos Estados Unidos, somente neste mês de agosto.
QUANDO SERÁ O TERCEIRO JÚRI
Uma terceira sessão do julgamento já está agendada para este ano. No próximo dia 12 de setembro, será a vez de julgar todos os oito réus que compõem o processo 3 da Chacina do Curió.
Nesta ocasião, estão previstos 21 depoimentos, sendo seis de vítimas sobreviventes, sete de testemunhas e oito interrogatórios.
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