Sargento reformado é acusado de dois homicídios. Ele acreditava que vítimas tinham caso, mas ex-vizinho mantinha relação homoafetiva.
Por Afonso Ferreira e Isabella Melo, G1 DF e TV Globo
Militar da reserva da Aeronáutica, Juenil Bonfim de Queiroz, de 56 anos, foi preso em flagrante após matar mulher e ex-morador de prédio onde mora — Foto: Arquivo pessoal
O Ministério Público do Distrito Federal (MPDFT) denunciou, nesta quinta-feira (27), o militar da reserva da Aeronáutica Juenil Bonfim de Queiroz. No dia 12 de junho, ele matou a esposa, Francisca Naíde de Oliveira Queiroz e Francisco de Assis Pereira da Silva, por ciúmes. O acusado acreditava que a mulher tinha um caso com o ex-vizinho – que há 5 anos mantinha uma relação homoafetiva.
O sargento reformado foi denunciado por homicídio e feminicídio, ambos com qualificadoras que pedem aumento da pena. Segundo o MP, o acusado agiu por motivo torpe, pois suspeitava levianamente que ambos mantivessem um relacionamento amoroso.
O Ministério Público afirma ainda que o homem dificultou a defesa das vítimas, já que elas se encontravam fechadas em um apartamento, de onde não poderiam sair facilmente. A denúncia será analisada pelo juiz do Tribunal do Júri de Brasília, que vai decidir se o acusado vira réu.
Depois de cometer o crime, o militar foi preso em flagrante. Na delegacia, ele confessou os assassinatos. Até a publicação desta reportagem, Juenil Queiroz permanecia preso na Ala 1 do Comando da Aeronáutica, em Brasília.
Crime filmado
O crime ocorreu em 12 de junho. Ao chegarem no prédio onde moravam, Juenil Queiroz e Francisca Naíde encontraram Francisco de Assis Pereira da Silva, o ex-vizinho de quem o militar tinha ciúmes. Francisco estava com o companheiro, Marcelo Brito.
Durante 9 minutos, Marcelo filmou a discussão entre o militar e as vítimas até o instante em que o sargento atirou na esposa e em Francisco (veja vídeo abaixo).
Gravação mostra momento que militar mata mulher e ex-vizinho gay
Os dois tinham ido visitar amigas que moravam no mesmo prédio onde haviam residido por dois anos. Lá, o sargento da reserva da Aeronáutica chamou Francisco para conversar no apartamento onde morava com a mulher e a discussão teve início.
Após o assassinato das vítimas, o acusado pediu a Marcelo que chamasse a polícia. O companheiro de Francisco então saiu correndo do apartamento e conseguiu ajuda.
Vídeos
As vítimas
Francisca Naíde de Oliveira Queiroz, de 57 anos, foi atingida por pelo menos quatro disparos e, segundo a polícia, morreu na hora. Francisco de Assis Pereira da Silva, de 41 anos, foi atingido com um tiro na cabeça. Ele chegou a ser levado para o Hospital de Base, em Brasília, mas não resistiu.
Francisca Naíde de Oliveira Queiroz, de 57 anos, foi atingida por pelo menos quatro disparos, segundo a polícia, e morreu na hora — Foto: Arquivo pessoal
Um dia após o crime, a Justiça do Distrito Federal decidiu manter Juenil Queiroz preso, por tempo indeterminado. Segundo a juíza Maria Cecília Batista Campos, o militar "demonstra notória frieza". Na ata da audiência de custódia, a magistrada destacou que o crime “revela a elevada periculosidade do autuado”.
'O medo nos paralisou'
Após os homicídios, o companheiro de Francisco, Marcelo Brito, contou o que sentiu nos momentos sob a mira da arma do militar. "A gente não teve ação nenhuma para nos defendermos. O medo nos paralisou", disse.
Francisco de Assis Pereira da Silva, de 41 anos, foi atingido com um tiro na cabeça — Foto: Arquivo pessoal
O gerente de vendas afirma que o companheiro foi surpreendido pela acusação de ter um caso com a esposa do militar. Ele, Francisco e Francisca ficaram ouvindo as afirmações do ex-vizinho que dizia "ter provas do relacionamento dos dois".
"Eu jamais podia imaginar que seria esse o assunto. Francisco ficou pasmo ao ver que estava sendo acusado de ter um relacionamento com a mulher dele."
Medida protetiva
Francisca sabia que o marido era ciumento e agressivo. Em outubro de 2018 ela pediu proteção à Justiça e afirmou ter sido agredida por Juenil Queiroz. Segundo a Polícia Civil do Distrito Federal, uma ocorrência foi registrada na Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam).
O inquérito foi concluído em março deste ano e a Justiça tornou o militar réu pelos crimes de injúria, dano e vias de fato. Em abril, Francisca desistiu do processo contra o marido.
Veja quem foram as vítimas de feminicídio em 2019 no DF:
- 04/01 Patrícia Alice de Sousa, 23 anos*
- 05/01 Vanilma dos Santos, 30 anos
- 28/01 Diva Maria Maia da Silva, 69 anos
- 30/01 Veigma Martins, 56 anos
- 11/03 Cevilha Moreira dos Santos, 45 anos
- 17/03 Maria dos Santos Gaudêncio, 52 anos
- 29/03 Edileuza Gomes de Lima, 68 anos
- 31/03 Isabella Borges, 25 anos
- 14/04 Luana Bezerra da Silva, 28 anos
- 21/04 Elaine Maria Sousa, 49 anos
- 06/05 Jacqueline dos Santos Pereira, 39 anos
- 09/05 Maria de Jesus do Nascimento Lima, 29 anos
- 20/05 Débora Tereza Correa, 43 anos
- 12/06 Francisca Naíde de Oliveira Queiroz, 57 anos
*ATUALIZAÇÃO: Inicialmente, a morte de Patrícia Alice de Souza foi autuada como feminicídio. No entanto, em 1º de julho de 2019, a Polícia Civil informou que alterou a tipificação do crime para homicídio porque a relação entre vítima e assassino “não era intensa o suficiente”.
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- Antonio RochaHÁ 2 ANOS
Quem mata não ama. Quem ama, protege, cuida, deseja o melhor. Matar não é amor, é ódio!
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