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domingo, 21 de fevereiro de 2021

Júri de ex-policial militar suspeito de matar travesti em Mogi é adiado

 SAP informou que requisição enviada pelo Fórum solicitando presença do réu preso foi enviada para o e-mail do antigo dirigente da unidade prisional que está inoperante por longa data. Desta forma, a unidade não teve conhecimento, em tempo hábil, da apresentação judicial. O Tribunal de Justiça disse que o processo tramita em segredo de justiça e que não tem informações disponíveis.

Por G1 Mogi das Cruzes e Suzano

 

Danielly Barby foi assassinada em junho de 2016 depois de sair de um hotel no Centro de Mogi  — Foto: Reprodução/TV Diário

Danielly Barby foi assassinada em junho de 2016 depois de sair de um hotel no Centro de Mogi — Foto: Reprodução/TV Diário

O motivo, segundo o Tribunal de Justiça, foi a inclusão de novos documentos ao processo, que ainda serão apreciados.


Já a Secretaria da Administração Penitenciária informou que a requisição enviada pelo Fórum, solicitando a presença do preso George Silva para audiência, foi enviada para o e-mail do antigo dirigente da unidade prisional que está inoperante por longa data. Desta forma, a unidade não teve conhecimento, em tempo hábil, da apresentação judicial. Informou ainda que quando for marcada nova audiência o detento será devidamente transportado até o local.

Sobre a questão do e-mail, o Tribunal de Justiça enviou nota dizendo apenas que o processo tramita em segredo de justiça e que não tem informações disponíveis.

Silva responde por homicídio duplamente qualificado por motivo fútil e que dificultou a defesa da vítima.


A travesti tinha 24 anos e foi assassinada a tiros depois de sair de um hotel no Centro de Mogi das Cruzes. Silva chegou a ser preso quatro meses após o crime, por causa de um mandado de busca e apreensão, mas foi liberado depois de uma audiência de custódia.


Em fevereiro de 2017, a polícia decretou a prisão preventiva do suspeito e ele foi encaminhado para o Presídio Militar Romão Gomes.


Na porta do Fórum Criminal nesta sexta, familiares de Danielly e membros do Fórum Mogiano LGBT carregavam cartazes e aguardavam pelo júri, marcado para 13h.

A mãe de Danielly, Valéria Alves, foi ao fórum junto da filha Dayane Orosco. A irmã da vítima disse que foi informada na fila para a entrada no fórum que o júri tinha sido cancelado.


“Disseram que não teria audiência hoje porque o réu não foi apresentado. Ficamos frustrados porque achamos que a Justiça seria feita. Na verdade estão querendo ganhar tempo, mas esperamos que a justiça será feita”, explica Dayane.

Familiares e amigos de Danielly Barby se concentram na frente do fórum de Mogi das Cruzes — Foto: Débora Carvalho/TV Diário

Familiares e amigos de Danielly Barby se concentram na frente do fórum de Mogi das Cruzes — Foto: Débora Carvalho/TV Diário

A vice-presidente do Fórum Mogiano LGBT, Regina Maria Tavares, afirma que quando houver uma nova data, a entidade estará presente.


“Cria uma expectativa ruim. A gente queria resolver isso hoje. A gente sabe como é júri, o réu vai ganhando tempo com isso. A gente sabe que o réu tem os direitos dele, mas o crime dele foi muito bárbaro. Foi um crime de transfobia. O Brasil é um dos países que mais mata travestis e transexuais.”

Valéria Alves (à dir.) é mãe de Danielly Barbi,  chegou ao fórum de Mogi na expectativa de acompanhar júri com a filha Dayane Orosco — Foto: Débora Carvalho/ TV Diário

Valéria Alves (à dir.) é mãe de Danielly Barbi, chegou ao fórum de Mogi na expectativa de acompanhar júri com a filha Dayane Orosco — Foto: Débora Carvalho/ TV Diário

De acordo com o Tribunal de Justiça de São Paulo, a sentença seria lida ainda nesta sexta-feira e sete testemunhas, sendo três de defesa e outras quatro em comum, seriam ouvidas.

A Polícia Militar informou em nota que George Silva é foi transferido para o Centro de Detenção Provisório 3 - Pinheiros em janeiro de 2019, mas não deu detalhes sobre a expulsão da corporação.

G1 está tentando contato com o advogado de defesa de George Silva.


O caso

Danielly Barby foi morta no dia 25 de junho de 2016. Segundo as investigações da Delegacia de Homicídios, George Silva teria entrado em um hotel no Centro de Mogi das Cruzes com a travesti para um programa.


O crime aconteceu na esquina das ruas Princesa Isabel de Bragança e Coronel Souza Franco e foi registrado por câmeras de segurança.


As imagens mostram que Silva deixa o hotel, onde teria encontrado Danielly, por volta das 5h30. Na sequência, a vítima também deixa o local.


Por outra câmera instalada na rua é possível ver o suspeito andando até a esquina onde fica parado. Logo em seguida, Danielly, que caminha na mesma direção, é surpreendida com um tiro na cabeça. Ela morreu na hora. O autor do crime então corre na direção da estação central de trem.


Ainda pela câmera do hotel é possível ouvir o barulho do disparo. “Diversas diligências foram empreendidas e executadas, tais como oitivas de testemunhas, coleta de dados, análise de laudos periciais, requisições de perícias, coletas de imagens. Todo um conjunto probatório que indica que o suspeito praticou o crime de homicídio contra a vítima”, afirmou na época Rubens José Ângelo, delegado responsável pelo setor de Homicídios de Mogi das Cruzes.

MOGI DAS CRUZES

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