O ex-policial militar Sérgio Roberto de Carvalho, 62, conhecido como Major CarvalhoImagem: Reprodução/Ministério da Segurança Pública
O ex-policial militar Sérgio Roberto de Carvalho, 62, conhecido como Major Carvalho, chefe do bilionário esquema de exportação de cocaína do Brasil para a Europa revelado esta semana por operação da PF (Polícia Federal), levava uma doce vida em Marbella, província de Málaga, o mais belo e famoso balneário da Andaluzia, Espanha.
Conforme antecipou com exclusividade a coluna, Major Carvalho é o principal alvo da Operação Enterprise, que teve alvos em dez estados brasileiros e em Espanha, Portugal, Colômbia e Emirados Árabes Unidos.
Carvalho morava em uma casa avaliada em 2,2 milhões de euros. Ele também tinha dois apartamentos em Lisboa, capital de Portugal, e uma empresa em Dubai, nos Emirados Árabes.
O major chefiava seis núcleos do esquema criminoso. O mais importante era o da região de São José do Rio Preto (SP), responsável pelas aeronaves e transportes aéreos da droga. Sílvio Berri Júnior, o chefe dos pilotos de Carvalho, é um dos presos na operação Enterprise.
Até ao final da tarde desta terça-feira (24), Carvalho continuava foragido e procurado pela Interpol. Agentes federais cumpriram mandados de busca em 13 endereços dele no Brasil, Espanha, Portugal e Emirados Árabes.
O gerente do tráfico possuía vários passaportes falsificados e enganou as autoridades espanholas quando foi preso em agosto de 2018 por policiais da Galícia (região espanhola) sob a acusação de tráfico internacional de drogas.
Quase duas toneladas de cocaína em navio
O narcotraficante brasileiro foi acusado de ser o dono de 1.700 kg de cocaína apreendidos no navio Titan III. Carvalho, natural de Ibiporã, no Paraná, e radicado no Mato Grosso do Sul, deu nome falso de Paul Wouter, nascido no Suriname, e acabou solto poucos meses depois.
Dono de um jatinho, o Major Carvalho viajava com frequência da Espanha para Portugal. Segundo a Polícia Federal, o criminoso é proprietário de uma empresa na avenida da República, em Lisboa.
Foi na capital portuguesa, em uma operação conjunta entre policiais federais brasileiros e lusitanos, que agentes apreenderam na segunda-feira (23), 11 milhões de euros escondidos em uma van. O dinheiro, segundo as investigações, era da quadrilha do major.
O criminoso tinha também o hábito de usar a aeronave particular para viajar até Dubai. A PF apurou que Carvalho tem uma empresa naquele país, denominada PWT General Trading. As três primeiras letras podem ser referência ao nome falso Paul Wouter, usado por ele.
Exportação para seis países da Europa
A Operação Enterprise apontou que a organização criminosa liderada pelo Major Carvalho enviou 45 toneladas de cocaína para a Europa a partir de 2017. As remessas de drogas foram avaliadas em R$ 2,25 bilhões.
A cocaína era enviada pelos portos de Paranaguá (PR), Santos (SP) e outras cidades do Sul e Nordeste. O destino dos entorpecentes eram oito portos em seis países europeus: Antuérpia, na Bélgica; Gióia Tauro e Livorno, na Itália; Hamburgo, Alemanha; Barcelona e Algeciras, na Espanha; Lisboa, Portugal; e Le Havre, na França.
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