SÃO PAULO - (Atualizada às 11h44) O governador do Espírito Santo, Paulo Hartung, classificou como chantagem a greve dos policiais militares do Estado. Em entrevista a veículos de imprensa locais, ele relacionou o movimento grevista a uma espécie de sequestro e confirmou o que já havia sido dito pelo governador em exercício, César Colnago, de que o governo estadual não tem como elevar os salários da categoria.
O aumento pedido, de 43%, disse, implicaria gasto adicional de R$ 500 milhões. “De onde vamos tirar esse dinheiro?”, perguntou.
“É como sequestrar o direito do povo e cobrar resgate. Não vamos pagar”, afirmou. Segundo Hartung - que voltou à capital, Vitória, após se submeter a uma cirurgia em São Paulo -, o aumento aos policiais implicaria desrespeito à Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) uma vez que o governo estadual já está no limite de gastos com pessoal estabelecido pela legislação.
Outro caminho, disse, seria a elevação de impostos, também descartado. “Onde vamos arranjar meio bilhão para isso? Vamos aumentar o ICMS? Alguém é a favor de aumentar a carga tributária? O que peço é bom senso. A população, que paga os salários dos PMs, está pedindo que eles voltem”, disse.
Por mais de uma vez, o governador apelou ao bom senso dos policiais e pediu que voltem ao trabalho. Ele também reprovou o “método” pelo qual a greve estaria sendo feita. Segundo ele, a PM, uma instituição secular “está sendo manchada por atitudes grotescas”. “Esse movimento é ilegal, inconstutucional. É um método da vergonha, da chantagem”, afirmou.
Questionado, Hartung negou que o governo do Estado tenha demorado a agir. “É fácil colocar na conta do governo. Vamos parar de botar a culpa no vizinho. O governo somos nós. Se chantegeia o governo, a população é que vai acabar pagando a conta”, disse o governador, que deve retomar suas atividades na próxima segunda-feira (13).
Desde o dia 4 de fevereiro, a onda de violência já deixou 85 pessoas mortas no Estado, segundo o Sindicato dos Policiais Civis do Espírito Santo. O governo não confirma o número. A violência começou no dia 3 de fevereiro após a greve de policiais militares. Os sindicatos organizam reuniões com a categoria nesta quarta e quinta-feira (9) para decidir sobre a paralisação.
Secretário não será demitido
Na manhã desta quarta-feira, Colnago afirmou, em entrevista à rádio CBN Vitória, que não há condições de o Estado conceder o aumento exigido pelos policiais militares capixabas, de 43%.
Segundo ele, também não está em questão demitir o secretário de Segurança, André Garcia, outra demanda dos grevistas.
Desde sábado (4), familiares dos militares impedem a saída dos carros de polícia dos batalhões da corporação. O protesto resultou em caos na segurança pública, com 75 mortes registradas nos últimos dias.
Segundo Colnago, não são sete anos de falta de reajuste, mas sim três. A despeito disso, afirmou, o Estado não tem condições de conceder reajustes. “É preciso bom senso. Não há condições de dar o aumento de mais de 40%. Não é um ato responsável. É dar esse aumento e não conseguir pagar em dia”, afirmou. “Nossa prioridade é manter o pagamento em dia”, disse.
A respeito do secretário de Segurança, Colnago afirmou que André Garcia é “leal e de confiança”. “Não está em discussão nenhuma tipo de mexida na Secretaria de Segurança”, disse.
COMENTÁRIOS (51)
09/02/2017 às 12h13
São trabalhadores que possuem famílias. Sete anos com o poder de compra sendo deteriorado pela inflação? Isso sim que é sequestrar a liberdade alheia. O Brasil tem uma ojeriza de greve, mas lembrem que esse é um valioso instrumento de luta. Sem as greves que ocorreram no mundo durante todo o século XX estaríamos trabalhando 14 horas por dia e recebendo 10 centavos por hora trabalhada.
09/02/2017 às 12h26
Devolvam as armas e vão cuidar da vida em outro lugar. Não precisamos de indisciplinados que usam armas para obter proveito próprio.
09/02/2017 às 12h27
Existe uma diferença entre proveito e sustento. Tu acha mesmo que o PM vai se arriscar de verdade nas ruas, proteger qualquer cidadão que seja pela miséria que ganha?
Profissão de fé. É quase como ser seminarista celibatário.
Profissão de fé. É quase como ser seminarista celibatário.
09/02/2017 às 12h45
Muitos escolhem a profissão de policial para exercer abusos sobre outros, para poderem andar com arma na cintura, com sentimento de superioridade. São a banda podre. Os bons policiais não estão na profissão por dinheiro - embora, é óbvio que isto pese. Mas não a ponto de justificar se rebelarem e chantagearem a população.
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