Família de radialista assassinado comemora júri popular dos acusados
Valério Luiz foi morto a tiros em 2012, na porta da rádio onde trabalhava. Advogado de empresário tido como mandante do crime diz que vai recorrer.
14/08/2014 21h52 - Atualizado em 14/08/2014 21h52
A família do radialista Valério Luiz, assassinado aos 49 anos em julho de 2012, comemorou a decisão da Justiça em levar os cinco acusados do crime a júri popular. Entre os envolvidos, está o empresário e ex-diretor do Atlético-GO, Maurício Sampaio. O filho do cronista, o advogado Valério Luiz Filho disse que já esperava pela decisão.
"Essa já é uma certeza relativa que a Justiça dá para gente. Como se estivesse dizendo que no processo, naqueles autos, existem sim elementos suficientes para submeter todos eles a julgamento", afirmou.
Além de Sampaio, que era criticado por Valério e é tido como mandante do crime, o policial militar Ademá Figueredo Aguiar Filho também é acusado de homicídio qualificado, por conta do pagamento de recompensa, além dos agravantes de emboscada e impossibilitar a defesa da vítima.
Já o também PM Djalma Gomes da Silva, o motorista Urbano de Carvalho Malta e o açougueiro Marcus Vinícius Pereira Xavier são acusados de coautoria no homicídio. Se condenados, cada um pode pegar de 12 a 30 anos de prisão, segundo informou o Tribunal de Justiça de Goiás.
O advogado de Sampaio, Ney Moura Teles, disse ao G1 na noite de quinta-feira (14) que ainda não foi notificado da decisão. Mesmo assim, adiantou que vai recorrer da decisão por acreditar que ela está "equivocada".
O G1 tenta contato com a defesa dos demais acusados, mas ainda não obteve resposta até a publicação desta reportagem.
A decisão foi tomada na quarta-feira (13) pelo juiz Lourival Machado da Costa, da 14ª Vara Criminal de Goiânia. Ele afirmou que, analisando as provas, ficou comprovada a existência de "indícios suficientes" da autoria do crime. A data do julgamento ainda não foi marcada.
Na época em que estava foragido, Marcus estava
em Portugal (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)
em Portugal (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)
Extradição
Um dos acusados, Marcus Vinícius Pereira Xavier, conhecido como Marquinhos, está em Portugal, aguardando para ser extraditado ao Brasil. Ele estava foragido desde março, quando descumpriu determinação de se apresentar mensalmente à Justiça. A última vez que ele compareceu em juízo foi em setembro do ano passado, quando ainda respondia ao processo em liberdade.
Um dos acusados, Marcus Vinícius Pereira Xavier, conhecido como Marquinhos, está em Portugal, aguardando para ser extraditado ao Brasil. Ele estava foragido desde março, quando descumpriu determinação de se apresentar mensalmente à Justiça. A última vez que ele compareceu em juízo foi em setembro do ano passado, quando ainda respondia ao processo em liberdade.
Após postar fotos em rede sociais de passeios com a família pela Europa, o açougueiro começou a ser procurado pela Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol).
O pedido de extradição já foi encaminhado ao Ministério da Justiça. O órgão informou que o processo deve ser analisado em um prazo de até dez dias úteis.
Inquérito policial
O cronista esportivo Valério Luiz foi assassinado no dia 5 de julho de 2012, quando saía da rádio em que trabalhava, no Setor Serrinha, em Goiânia. O Tribunal de Justiça de Goiás recebeu a denúncia do Ministério Público de Goiás em 27 de março.
O cronista esportivo Valério Luiz foi assassinado no dia 5 de julho de 2012, quando saía da rádio em que trabalhava, no Setor Serrinha, em Goiânia. O Tribunal de Justiça de Goiás recebeu a denúncia do Ministério Público de Goiás em 27 de março.
No documento, cinco pessoas foram indiciadas, entre elas, o empresário Maurício Sampaio, que é considerado o mandante do crime. Ele nega as acusações.
Valério Luiz foi morto a tiros na porta da rádio onde
trabalhava (Foto: Reprodução/ TV Anhanguera)
trabalhava (Foto: Reprodução/ TV Anhanguera)
A denúncia aponta também que Urbano de Carvalho Malta contratou o cabo Ademá Figueiredo para matar o cronista. Ainda segundo o documento, Marcus Vinícius participou do planejamento do crime e Djalma da Silva foi indiciado por atrapalhar as investigações da polícia.
Foram quase oito meses de investigação. O inquérito policial foi entregue ao Poder Judiciário pelos delegados Adriana Ribeiro e Murilo Polatti, da Delegacia Estadual de Investigação de Homicídios, em 26 de fevereiro. O documento possui mais de 500 páginas e mais um volume com provas técnicas contra os suspeitos.
Conforme a denúncia, o crime foi motivado pelas críticas constantes do radialista à diretoria do Atlético Clube Goianiense, da qual Maurício Sampaio era vice-diretor. O desentendimento entre os dois já durava dois anos.
Segundo o inquérito, foram ouvidas 12 testemunhas oculares do crime, entre radialistas, funcionários da rádio onde Valério Luiz trabalhava, funcionários de escritórios e de escolas próximas, além de servidores de órgãos públicos. Elas contaram que o executor agiu sozinho na cena do crime.
Outra constatação apontada no documento é de que Urbano ficou na cena do crime por cerca de 40 minutos. Ele morava de favor em uma casa de Maurício Sampaio, que está localizada em frente à rádio onde Valério Luiz foi assassinado, a Rádio Jornal 820-AM, no Setor Serrinha, na capital. Foi a partir dos depoimentos de amigos e de familiares da vítima que a polícia começou a investigar os dirigentes do Atlético-GO.
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